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Biodiesel

Reciclar óleo de cozinha pode contribuir para diminuir aquecimento global


Agência Brasil - 04 mar 2007 - 21:27 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

A simples atitude de não jogar o óleo de cozinha usado direto no lixo ou no ralo da pia pode contribuir para diminuir o aquecimento global. O professor do Centro de Estudos Integrados sobre Meio Ambiente e Mudanças Climáticas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Alexandre D’Avignon, explica que a decomposição do óleo de cozinha emite metano na atmosfera. O metano é um dos principais gases que causam o efeito estufa, que contribui para o aquecimento da terra. Segundo ele, o óleo de cozinha que muitas vezes vai para o ralo pia acaba chegando no oceano pelas redes de esgoto.

Em contato com a água do mar, esse resíduo líquido passa por reações químicas que resultam em emissão de metano. “Você acaba tendo a decomposição e a geração de metano, através de uma ação anaeróbica [sem ar] de bactérias”.

Mas o que fazer com o óleo vegetal que não será mais usado? A maioria dos ambientalistas concorda que não existe um modelo de descarte ideal do produto. Uma das alternativas é reaproveitar o óleo de cozinha para fazer sabão. A receita é simples e está no final desta matéria.

D’Avignon defende que quanto mais o cidadão evitar o descarte do óleo no lixo comum, mais estará contribuindo para preservar o meio ambiente. Segundo ele, uma das soluções é entregar o óleo usado a um catador de material reciclável ou diretamente a associações que façam a reciclagem do produto.

“Se nós conseguirmos dar algum valor de compra desse óleo para o catador, para que ele seja usado na produção de biodiesel, a gente vai fazer com que haja um ciclo de vida desse produto, para que ele volte para o sistema produtivo e produza biodiesel e isso substitua o consumo de óleo diesel”, sugere o professor.

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Receita para fazer sabão a partir do óleo de cozinha

Material

5 litros de óleo de cozinha usado
2 litros de água
200 mililitros de amaciante
1 quilo de soda cáustica em escama

Preparo

Coloque a soda em escamas no fundo de um balde cuidadosamente
Coloque, com cuidado, a água fervendo
Mexa até diluir todas as escamas da soda
Adicione o óleo e mexa
Adicione o amaciante e mexa novamente
Jogue a mistura numa fôrma e espere secar
Corte o sabão em barras

ATENÇÃO: A soda cáustica pode causar queimaduras na pele. O ideal é usar luvas e utensílios de madeira ou plástico para preparar a mistura.

Cientistas criam projeto na USP que educa e incentiva reciclagem de óleo de cozinha


Os defensores da reciclagem acreditam que se houver estímulo para a fabricação de biodiesel a partir do óleo de cozinha usado, isso pode levar o óleo vegetal de volta ao sistema produtivo e até substitir o consumo de óleo diesel (um derivado de petróleo).
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É exatamente isso que um grupo de cientistas da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto decidiu fazer. Preocupados com o problema do descarte do óleo de cozinha, pesquisadores do Laboratório de Desenvolvimento de Tecnologias Limpas do Departamento de Química da USP criaram um projeto que ao mesmo tempo educa e recicla o óleo de cozinha.

O projeto “Biodiesel em casa e nas escolas” atua em escolas e restaurantes. O coordenador Daniel Armelim explica que os pesquisadores distribuem nas escolas públicas um material didático que explica os prejuízos que o óleo de cozinha pode causar à natureza e os convence a levar o óleo utilizado em casa para a escola. O grupo também recolhe o óleo comestível utilizado em restaurantes da cidade de Ribeirão Preto.

“Nós desenvolvemos um material didático para as escolas, entregamos para os docentes e educamos as crianças através desse material, explicando e incentivando que eles levem o óleo usado da casa deles para a escola, ao invés de jogar fora e poluir o meio ambiente”, explica Armelim.

Todo o óleo recolhido é transformado em biodiesel no laboratório de química da USP. O produto é misturado ao álcool etílico e usado como combustível num projeto que, segundo Daniel, é considerado o maior programa de testes veiculares com biodiesel etílico do mundo.

“Conseguimos transformar o óleo vegetal em biodiesel com o etanol, o álcool da cana-de-açúcar. Então o nosso biodiesel é o único do mundo 100% renovável”, comemora o pesquisado da USP.

A idéia agora, segundo Armelim, é convencer as grandes montadoras de automóveis a adotar o biodiesel etílico. “Desenvolvemos esse programa de testes para provar para essas empresas que o biodiesel etílico é tão bom ou até melhor que o metílico, que já existe na Europa e nos Estados Unidos”.

 Irene Lôbo