PUBLICIDADE
CREMER2025_novo CREMER2025_novo
Biodiesel

Moçambique: país quer exportar biodiesel


AngolaPress - 20 jun 2008 - 05:41 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:06

Moçambique tem "grandes potencialidades" para se tornar um importante exportador mundial de biocombustíveis, mas as autoridades devem ter em atenção a distribuição de terras destinadas à sua produção dado o "potencial conflito entre energia e alimentos".

A conclusão foi expressa por Edward Hoyt, chefe da equipe que elaborou o primeiro relatório sobre as possibilidades de desenvolvimento de uma indústria de biocombustíveis em Moçambique, hoje divulgado em Maputo.

"Encontramos, em termos gerais, que o país tem grandes possibilidades para a produção das matérias-primas que poderão ser aproveitadas para a produção de biocombustíveis e tem grandes potencialidades naturais para ter um papel relevante neste domínio no plano internacional", disse Edward Hoyt, da empresa norte-americana Econergy, à qual foi encomendado o estudo, intitulado "Avaliação dos Biocombustíveis em Moçambique".

Apresentado num seminário de dois dias sobre a "Estratégia Nacional de Biocombustíveis em Moçambique", a decorrer em Maputo, o documento indica que a produção no país "seria competitiva" tendo em conta "o padrão noutros países" e face às "excelentes condições naturais existentes", além do "crescimento contínuo da procura de etanol" e de biodiesel no mercado internacional.

De acordo com o estudo, Moçambique tem 27 milhões de hectares de terras férteis, cinco milhões dos quais já em produção, a maioria "concentradas nas zonas altas do centro e norte" do país (Inhambane, Zambézia e Niassa).

O documento estima, no entanto, que "as terras de facto disponíveis para o cultivo de biocombustíveis" variem "entre um valor mínimo de 6,5 milhões de hectares e um valor máximo de 15 milhões de hectares".

A este facto há que acrescentar a reduzida dimensão do mercado doméstico de combustíveis em Moçambique (80 porcento diesel, 20 por cento gasolina), que consome anualmente 500 milhões de litros (a vizinha África do Sul consome 20 mil milhões de litros por ano).

"A duplicação da área actualmente dedicada à produção de cana-de-açúcar, que é proximadamente de 35 mil hectares (...) renderia uma quantidade suficiente de etanol para substituir toda a gasolina consumida em Moçambique e geraria aproximadamente 7.500 empregos", segundo o estudo.

Noutro cenário, o levantamento feito pela Econergy indica que com o cultivo de 500 mil hectares de jatrofa e 2,5 milhões de hectares de girassol "seria possível substituir todo o consumo de biodiesel no país e gerar-se-ia 40 mil empregos".

Como vantagens, o estudo apresenta a redução da factura energética do país (apesar de exportar electricidade e gás natural, Moçambique importa todos os combustíveis que consome), o impulsionamento das "actividades de desenvolvimento rural", a "criação de emprego locais" e a oportunidade que os biocombustíveis representam para Moçambique "assegurar que o desenvolvimento não acarretará danos ambientais significativos".

Os autores do estudo recomendam ao Governo moçambicano que, numa primeira fase, fomente a criação de um mercado doméstico "gerando a procura de etanol e biodiesel para os transportes e fins industriais que actualmente utilizam a gasolina e o diesel", bem como explore "maneiras de vincular a produção de biocombustíveis e as exportações com o acesso à tecnologia e ao investimento no contexto dos acordos bilaterais de cooperação".

O executivo é ainda aconselhado a "promover vários culturas de matérias-primas" destinadas à produção de bio-combustíveis para "limitar impactos dramáticos de preços que afectariam especialmente os mais pobres".

"A única proibição refere-se ao uso do milho (...) as matérias-primas mais atraentes são a cana-de-açúcar, o sorgo doce, o girassol e a jatrofa; a produção de etanol em grande escala faz mais sentido em termos económicos, já no caso do biodiesel, ambas as produções em cana-de-açúcar em grande e pequena escala são competitivas", aponta o relatório, que aconselha o Governo a deixar às empresas a decisão quanto às matérias-primas a utilizar e à tecnologia.

Após a conclusão do levantamento sobre a capacidade do país para produzir biocombustíveis, segue-se o "desenho da proposta para o desenvolvimento" desta indústria, a ser apresentado "nos próximos meses ao Governo", adiantou o director nacional de Energias Novas e Renováveis, do Ministério da Energia moçambicano, António Osvaldo Saíde.

"Depois deste seminário teremos um período de cerca de dois meses em que todas as contribuições vão ser incorporadas e possamos ter uma proposta que possa ser apresentada ao governo", disse.

Tags: Moçambique