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Negócio

Equinor indica pico da demanda por petróleo e gás em 2030 e anuncia meta de zerar emissões até 2050


EPBR - 03 nov 2020 - 10:20

A Equinor anunciou nesta segunda (02) a meta de se tornar uma empresa com emissões zero de carbono em 2050. O compromisso marca o primeiro dia da gestão de Anders Opedal, que assumiu o comando da empresa no lugar de Eldar Sætre, que se aposenta depois seis anos como CEO e 40 anos trabalhando na estatal norueguesa.

A empresa está se preparando para o declínio gradual da demanda global por petróleo e gás a partir de 2030 e espera, com isso, produzir, no longo prazo, menos petróleo do que que produz atualmente. Mesmo assim, estima um crescimento de 3% por ano na produção até 2026 e entende que uma parcela cada vez maior de petróleo e gás será usada para produtos petroquímicos em 2050.

Em janeiro, a Equinor já havia anunciado a meta de produzir petróleo offshore na Noruega com emissões de gases de efeito estufa perto de zero a partir de 2050. Para chegar até lá, a empresa pretende reduzir em 40% as emissões até 2030 e em 70%, em 2040. As emissões da empresa ficaram em 13 milhões de toneladas em 2018, em linha com o nível de 2005.

A empresa vai investir – junto com parceiros – 50 bilhões de coroas norueguesas para atingir meta para o final da década, que deve cortar o equivalente a 5 milhões de toneladas, o que corresponde a 10% do total das emissões da Noruega.

“A Equinor está comprometida em ser uma líder na transição energética. É uma estratégia de negócios sólida para garantir a competitividade de longo prazo durante um período de profundas mudanças nos sistemas de energia à medida que a sociedade se move para a neutralidade do carbono. Nos próximos meses, atualizaremos nossa estratégia para continuar a criar valor para nossos acionistas e concretizar essa ambição”, afirma Opedal, que comandou a Equinor no Brasil entre 2017 e 2018.

A transformação da Equinor em uma empresa de energia passará pelo investimento em energias renováveis. A empresa espera atingir capacidade instalada de 4-6 GW em 2026 e 12-16 GW em 2035.

“A Equinor agora planeja expandir sua aquisição em energia eólica, com o objetivo de acelerar o crescimento lucrativo e continuará a alavancar sua posição de liderança em energia eólica offshore”, disse a empresa em comunicado.

Investimentos em renováveis

O Brasil possui o primeiro projeto em energia solar fotovoltaica desenvolvido pela Equinor. A usina solar fotovoltaica Apodi, de 162 MW, está instalada no município de Quixeré, no Ceará. O projeto é uma parceria entre as norueguesas Equinor e Scatec Solar e a brasileira Kroma Energia. Fornece energia para cerca de 160 mil residências.

A empresa também iniciou o licenciamento no Ibama dos parques eólicos offshore Aracatu I e Aracatu II, com 4 GW, sendo 2 GW em cada um e possibilidade de ampliação para 2,33 GW. O plano é instalar o primeiro parque eólico no litoral do Rio de Janeiro e o segundo, entre os estados do Rio e do Espírito Santo.

De acordo com o projeto, os parques serão instalados a cerca de 20 km da costa, em profundidades entre 15 e 35 metros. Serão ao todo 320 aerogeradores, 160 por parque eólico, cada um com capacidade nominal de 12 MW.

Captura e armazenamento de carbono

A Equinor informou ainda que entende que projetos como Northern Lights vão liderar investimentos na captura e armazenamento de carbono e utilização de hidrogênio, estabelecendo uma cadeia de valor para a economia de baixo carbono.

Northern Lights é um investimento conjunto entre Equinor, Shell e Total para captura e armazenamento de carbono (CCS, sigla em inglês). É o primeiro projeto do tipo a ser desenvolvido na Noruega e seu desenvolvimento e ampliação considerada fundamental para que as metas do Acordo de Paris sejam cumpridas.

O projeto será desenvolvido em fases. A Fase 1 inclui capacidade para transportar, injetar e armazenar até 1,5 milhão de toneladas de CO2 por ano. Assim que o CO2 for capturado em terra por emissores industriais de CO2, a Northern Lights será responsável pelo transporte em navios, injeção e armazenamento permanente a cerca de 2.500 metros abaixo do fundo do mar.

O terminal de recebimento de CO2 estará localizado nas instalações da área industrial Naturgassparken no município de Øygarden no oeste da Noruega. A planta será operada remotamente a partir das instalações da Equinor no terminal Sture em Øygarden e das instalações submarinas da plataforma Oseberg A no Mar do Norte.

A instalação permitirá outras fases para expandir a capacidade. Os investimentos nas fases subsequentes serão acionados pela demanda do mercado de grandes emissores de CO2 em toda a Europa.

Transporte de CO2

Nesta sexta-feira (30), na cidade norueguesa de Porsgrunn, foi inaugurada a maior instalação de transporte de CO² do mundo. Com uma linha de 200 metros e investimentos de aproximadamente US$ 733 mil, a instalação da Equinor será usada para aprender como o gás carbônico se comporta durante o transporte por dutos. A empresa fará estudos sobre o transporte do CO² tanto em forma líquida quanto gasosa.

O projeto foi resultado de modificação no duto multifásico que já transportava óleo, gás e água desde 1997. O uso para movimentação de gás carbônico está em fase de testes.

Em um momento em que se debate a descarbonização da economia mundial, a expectativa da empresa é que o conhecimento possa ser aplicado no futuro com o aumento do transporte de CO2.

“Isso mostra como a infraestrutura da indústria de óleo e gás pode ser usada para acelerar esforços na captura de dióxido de carbono e armazená-lo em reservatórios”, disse a diretora de tecnologia da Equinor, Sophie Hildebrand.

A instalação deve testar o transporte apenas do CO² em estado líquido e gasoso até a primeira metade do ano que vem. Depois, deve estudar também a possibilidade de levar o CO2 junto com outros componentes, como óleo e outros gases.

A Equinor já transporta CO2 atualmente em dois campos na Noruega, mas apenas em nível unifásico – ou seja, gás ou líquido.