Senai avança com projeto para a produção de SAF a partir da glicerina
Principal coproduto da indústria de biodiesel, a glicerina está para entrar na corrida como matéria-prima para a produção de combustível sustentável de aviação (SAF). A rota vem sendo desenvolvida como parte de um projeto realizado em parceria entre o Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) e a Sociedade Alemã para Cooperação Internacional (GIZ, na sigla original).
A parceria foi iniciada em 2021, quando a entidade alemã identificou o Senai como um possível parceiro por seu histórico de pesquisas relacionadas a biocombustíveis.
Em setembro de 2023, a colaboração atingiu um novo patamar com a inauguração do Laboratório de Hidrogênio e Combustíveis Avançados (H2CA). Localizado em Natal (RN), o equipamento — que inclui uma usina piloto — recebeu investimento de € 710 mil e está sob a coordenação da pesquisadora do ISI-ER, Fabíola Correia.
A tecnologia desenvolvida pelo Senai quebra a molécula de glicerina, extraindo dela o hidrogênio e o monóxido de carbono, que são rearranjados para formar compostos quimicamente idênticos aos encontrados no querosene de aviação de origem fóssil. O principal atrativo da glicerina é permitir o trabalho dentro do conceito de economia circular, agregando valor a um subproduto da indústria de biodiesel.
Segundo Fabíola, o trabalho no laboratório permitiu levar a rota de produção de SAF a partir da glicerina do nível 4 para algo entre 6 e 7 na escala TRL (Technology Readiness Level). A escala, que vai de 1 a 9, mede o grau de maturidade de uma tecnologia industrial — quanto maior o número, mais próxima ela está da aplicação comercial. “O intuito é chegar ao TRL 9. Nossa atuação não se resume apenas à busca de novas matérias-primas, mas abrange o processo como um todo. Estamos trabalhando em novos catalisadores de baixo custo para criar potencial à produção industrial, pensando na relação custo-benefício”, afirmou a pesquisadora em entrevista ao portal Tribuna do Norte.
Além da glicerina
Atualmente, o H2CA também vem testando a produção de SAF a partir de óleos vegetais, bio-óleo e gás carbônico capturado diretamente do ar.
Segundo Fabíola Correia, o trabalho com óleos vegetais deve durar de dois a três anos e está sendo realizado por encomenda de empresas da indústria da aviação. A expectativa é que as informações obtidas possam servir de base para a produção em escala industrial.
Fábio Rodrigues – BiodieselBR.com
Com informações da Tribuna do Norte e da Folha de S.Paulo