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Biodiesel na Argentina está em forte expansão


BiodieselBR.com - 20 abr 2011 - 06:37 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:16

Embora os altos custos tenham causado o fechamento de usinas de biodiesel em várias partes do mundo, a produção do combustível na Argentina está em franco crescimento, graças a incentivos estatais, à forte demanda externa e à pronta disponibilidade de soja no país, proveniente de seu vasto cinturão agrícola.

De acordo com a Bolsa de Grãos de Rosário, a previsão é que a produção de biodiesel na Argentina cresça 24%, chegando a 3,1 milhões de toneladas em 2011. A bolsa prevê vendas no valor de mais de US$ 2,8 bilhões para este ano, divididas igualmente entre exportações e mercado interno.

No ano passado, 1,3 milhões de toneladas foram vendidas para o exterior (virtualmente, todo este volume foi para a Europa), o que fez da Argentina o maior exportador de biodiesel do mundo, além de quarto maior produtor global. Os produtores argentinos de biodiesel apostam que a mistura obrigatória em vários países fortalecerá a demanda.

A produção global de biocombustíveis como etanol e biodiesel cresceu exponencialmente nos últimos anos graças a misturas obrigatórias e subsídios adotados nos Estados Unidos e na Europa. No entanto, os altos custos pressionaram a indústria em vários países, como na Espanha, onde os produtores reclamam que não conseguem competir com as importações baratas vindas da Argentina.

De acordo com a consultoria Hart Energy, a demanda global por biocombustíveis crescerá 133% até 2020, mas deve haver um déficit de produção de mais de 32 bilhões de litros no mesmo período.

Os 12 maiores produtores de biodiesel da Argentina, incluindo exportadores de grão como a Cargill e a Bunge, já investiram US$ 700 milhões na construção de usinas e destinaram outros US$ 200 milhões para a expansão da capacidade.

Mas a indústria parece estar perto de seu ponto de saturação, e a expectativa é que poucas novas empresas ingressem no elo produtivo, diz Fernando Pelaez, executivo-chefe de produção de biodiesel da Unitecbio e presidente da Carbio (Câmara Argentina de Biocombustíveis).

Isso não impediu os investidores de buscar oportunidades em outras etapas da cadeia. No mês passado, as alemãs Evonik e Basf, fabricantes de químicos, anunciaram a construção de uma planta cada, destinadas à produção de catalisadores usados no processo de produção de biodiesel.

“Com o mercado global crescendo a dois dígitos, é preciso mais capacidade”, e o foco, no futuro, serão Brasil e Argentina, afirmou Edda Schulze, porta-voz da Evonik, por e-mail.
O governo federal da Argentina criou uma série de incentivos para auxiliar o setor.

As exportações de biodiesel pagam imposto de 13,5%, enquanto sobre o óleo de soja, usado para fabricar o combustível, a alíquota de exportação é de 32%. O governo também determina um preço de referência para assegurar vendas lucrativas no mercado doméstico. O primeiro preço foi fixado em 3.276 pesos por tonelada (US$ 818), em fevereiro de 2010, mas ao fim do ano passado este valor já havia sido elevado em quase um terço. A demanda local é assegurada por uma norma que exige a presença de 7% de biodiesel no diesel comercializado no país, com planos de elevação para 10% e depois 20% dentro de quatro anos.

Os produtores de biodiesel argentinos também conseguiram enormes economias de escala ao construir suas usinas próximo às principais esmagadoras localizadas nas margens do Rio Paraná, perto da cidade de Rosário.

Também não falta óleo de soja, com a Argentina figurando como terceiro maior produtor de soja e maior exportador de óleo de soja do mundo.

“Estamos nadando em matéria-prima aqui”, diz Carlos St. James, membro da diretoria do Conselho Latino-Americano e Caribenho de Energias Renováveis (LAC-CORE, na sigla em inglês).

Mas a indústria tem enfrentado seus próprios desafios, como a exigência europeia de que todo biocombustível importado seja produzido de forma sustentável. A União Europeia exige que os biocombustíveis proporcionem reduções substanciais nas emissões de gases de efeito estufa e não sejam produzidos à custa de florestas, áreas de banhado (como o Pantanal, por exemplo) e reservas naturais. É possível que estas exigências passem a valer ainda este ano.

A certificação pode acabar acarretando custos entre US$ 15 e US$ 50 por tonelada, segundo Pelaez. A Carbio contratou a firma de consultoria Control Union Certifications para desenvolver suas próprias normas, em antecipação aos parâmetros da UE.

“Embora muitos critiquem os impactos sociais e ambientais do uso de óleos alimentícios na produção de combustível, o biodiesel feito com soja plantada nos Pampas provavelmente atende aos parâmetros europeus de sustentabilidade”, diz Frederik Vossenaar, conselheiro para assuntos agrícolas da embaixada da Holanda em Buenos Aires.

No entanto, há problemas no horizonte, já que ainda não existe forma de rastrear a origem da soja, e a produção vinda do norte do país pode enfrentar dificuldades para atender às normas europeias, segundo Vossenaar.

Nos últimos anos, tem havido muito desmatamento nas províncias do norte da Argentina para abrir espaço para plantações de soja e criação de gado. A Argentina terá de encontrar uma forma de certificar que os grãos provenientes dessas áreas não são usados na fabricação do biodiesel que é exportado para a Europa.

Fonte: MarketWatch
Tradução e adaptação BiodieselBR.com