Situação da Agropalma causa estranheza

// 17 agosto 2010 // Biodiesel, Matéria-prima

Trabalhadores da Agropalma. Foto de Luiz Maximiano

Trabalhadores da Agropalma no Pará. Foto de Luiz Maximiano

A Agropalma, a maior produtora de óleo de dendê do Brasil, era única usina de biodiesel que utilizava um resíduo do refino do óleo de dendê como matéria-prima.

Sua produção de dendê ocorre em áreas próprias e em parceria com pequenos produtores rurais. Foi com base no sucesso de sua iniciativa que o governo federal lançou há poucos meses uma política pública de incentivo ao cultivo de dendê na região Norte do país, privilegiando os pequenos produtores rurais.

A produção de biodiesel foi comemorada pela empresa por ter encontrado a solução para um passivo ambiental, a borra do refino do dendê. Ela era um passivo ambiental, ou seja, custava para a empresa dar fim a esse rejeito.

Por todos esses motivos imaginava que ela era uma das empresas que tinha o menor custo de produção. Me enganei. O jornal Valor Econômico divulgou que a empresa suspendeu a produção de biodiesel por inviabilidade econômica.

É estranho que uma empresa com esse perfil se retire do mercado de biodiesel. O preço do biocombustível até aqui tem remunerado muito bem as indústrias que trabalham com óleo de soja, o que dizer então da Agropalma que trabalha com a borra do dendê, a paritr de plantios próprios ainda?

E apesar da empresa estar localizada no Pará, os leilões da ANP são todos FOB, ou seja, não importa a sua localização ela concorre de igual para igual com as usinas no grandes centros de consumo, como São Paulo, por exemplo.

Univaldo Vedana

Catálogo do biodiesel 2010



Um comentário em “Situação da Agropalma causa estranheza”

  1. Crown Iron Paulo Telles disse:

    Prezado Vedana, gostaria de esclarecer alguns pontos, já que estive bastante envolvido com refino e produção de biodiesel a partir de óleo de palma (dendê):
    -o biodiesel da Agropalma era feito a partir de destilado recuperado do refino físico do óleo de palma. O óleo de palma bruto que vem da extração pode conter entre 3 e 8% de Ácidos Graxos Livres (AGL ou FFA em inglês).
    -este destilado tem valor de mercado, pois é matéria prima para a indústria de óleo-química. Não deve ser chamado ou considerado “borra de dendê” e nem “passivo ambiental”.
    -imagino que devido a alta qualidade do óleo bruto de palma produzido pela Agropalma, o conteúdo de AGL deste óleo deva ser baixa, provavelmente menor que 3%, produzindo um volume pequeno de destilado para produção de biodiesel
    -o processo usado para produção de biodiesel a partir deste destilado é a esterificação, um processo caro e de baixo rendimento.
    Eu imagino que estes fatos somados devem ter resultado numa rentabilidade questionável para o produtor, que acaba procurando outras alternativas para esta matéria prima.

    Mais informações disponiveis no link a seguir
    http://www.aocs.org/Membership/FreeCover.cfm?ItemNumber=3504

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