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Soja

Preço da soja volta a cair EUA mercado atento ao plantio nos EUA


Globo Rural - 27 mar 2024 - 09:12

A soja voltou a cair na bolsa de Chicago após ultrapassar a marca dos US$ 12 o bushel na última sessão. Diante do sentimento de que os EUA vão aumentar a área de plantio com a oleaginosa, o papel que vence em maio caiu 0,85% nesta terça-feira (26/3), com o preço de US$ 11,99 o bushel.

Agentes de mercado estão à espera de dados sobre a intenção de plantio nos EUA em 2024/25, que serão divulgados pelo Departamento de Agricultura americano (USDA) na próxima quinta-feira (28). E eles estão otimistas com as projeções. Analistas consultados pelo "The Wall Street Journal" preveem que o USDA traga uma área de 34,93 milhões de hectares para a soja no país. O número, se confirmado, ficaria acima dos 35,41 milhões projetados pelo USDA em fevereiro.

Ronaldo Fernandes, analista da Royal Rural, diz que as apostas superam as estimativas oficiais porque os investidores passaram a desacreditar nos números oficiais do departamento agrícola, especialmente após o órgão apontar uma produção na casa das 155 milhões de toneladas de soja para o Brasil nesta temporada, enquanto grande parte do mercado projeta uma colheita entre 145 milhões a 150 milhões de toneladas.

"Já sabemos que haverá esse aumento da área de soja nos EUA, não só pela questão do preço, mas também pela necessidade do produtor em fazer a rotação de culturas. Ele sabe que se plantar milho, não terá rendimento", destaca Fernandes.

Ele acredita que os dados do USDA terão pouco apelo sobre o rumo das cotações em Chicago, principalmente pelo lado das altas.

"Mesmo que o USDA confirme as apostas dos analistas sobre o tamanho da área plantada ou até mesmo aumente um pouco suas previsões, esses são números que estão dentro das análises de mercado. A soja agora só perde os US$ 12 se essa indicação de área vier acima de 35 milhões de hectares, o que acho pouco provável".

Milho

O milho também fechou a sessão em queda na bolsa americana. Os contratos com entrega para maio recuaram 1,20%, a US$ 4,3250 o bushel.

Essa tendência de preços menores para o cereal deve prevalecer, na avaliação de Ronaldo Fernandes, mesmo com a indicação de que os EUA deverão reduzir a área plantada na próxima temporada.

A aposta média de analistas de mercado é para a semeadura de 37,24 milhões de hectares, bem acima dos 36,83 milhões de hectares previstos pelo Departamento de Agricultura americano no último mês.

"A projeção dos analistas faz jus ao comportamento do produtor americano, que gosta de plantar milho, pois terá retorno com a demanda por etanol local, cujo prêmio hoje é melhor do que para quem exporta". pontua Fernandes. Nos EUA, a principal matéria-prima do etanol é o cereal, e o governo tem estimulado o uso do biocombustível, acrescenta o analista da Royal Rural.

Ainda segundo ele, os preços do milho em Chicago devem orbitar na casa dos US$ 4,30 o bushel, mas sem forças para ultrapassar os US$ 5, já que a oferta americana foi recorde nesta temporada, e o consumo em outros segmentos, como o de ração animal, está fraco.

Trigo

O preço do trigo caiu em Chicago, com investidores embolsando lucros após as altas recentes. Os lotes com entrega para maio terminaram a sessão cotados a US$ 5,4350 o bushel, queda de 2,07%.

Além de uma oferta confortável no curto prazo e demanda retraída, a TF Consultoria Agroeconômica disse que as projeções para os estoques de trigo dos EUA colocam ainda mais pressão de baixa no mercado.

Os dados com estoques de trigo americano neste primeiro trimestre, que serão divulgados pelo USDA na próxima quinta, devem trazer um volume de 28,66 milhões de toneladas, segundo aposta média de analistas de mercado. O número ficaria acima das 25,61 milhões de toneladas observadas em igual momento do ano. Para os analistas da TF Agroeconômica este deverá ser um fator baixista para os preços, porque os estoques estão 3,05 milhões de toneladas maiores do que na mesma época do ano passado.

Paulo Santos – Globo Rural