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Mamona

Mamona em recuperação


Diário de Natal - 16 jan 2012 - 08:05 - Última atualização em: 27 fev 2012 - 00:41

É até um contra-senso para os leigos no assunto pensar que uma planta rude, rústica, e adaptável a regiões secas, seja composta por um dos óleos mais nobres do mercado. Assim é a mamona. A cultura foi cercada de expectativa pela garantia de que a produção seria comprada para a produção de biodiesel. Tudo começou em 2004, e de lá para cá, frustração é a palavra que melhor se encaixou no projeto. Do plantio de mais de 3.000 hectares no primeiro ano, o número foi desabando até chegar a ínfimos 14 hectares de área colhida e apenas sete toneladas de grãos em 2010, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Motivada pelas boas condições climáticas, o ano de 2011 foi de recuperação. O supervisor de Pesquisas Agropecuárias do IBGE, Élder Costa, estima que o número feche em 151 hectares plantados e 103 toneladas produzidas. Entretanto, a representatividade da mamona no total de leguminosas, cereais e oleaginosas no RN é menor que 1%. Para efeitode comparação, a Bahia, maior produtor brasileiro, plantou 95,8 mil toneladas em 137,2 mil hectares no ano passado.

Ideal para ser plantada no semi-árido devido à sua resistência, e sem precisar de muita mecanização em seu trato, a cultura é uma oleaginosa altamente viável para os pequenos produtores rurais, que ainda podem cultivá-la de forma consorciada com feijão e milho. O problema é que entre essa constatação e a consolidação da cultura mamoneira está uma série de gargalos.

Com as promessas de compra por bons preços, os agricultores se sentiram traídos, e após a experiência negativa criaram descrença em relação à oleaginosa. Dentro do Programa de Biodiesel (PBIO) a Petrobras tenta reanimar o mercado, e com um investimento de R$ 2 milhões para 2012 espera a adesão de 1.200 agricultores potiguares com a meta de plantar em 2.400 hectares. "O objetivo é estruturar a cadeia produtiva a partir da agricultura familiar, não só garantindo um mercado cativo, como privilegiando as regiões onde há plantio", explicaSilvano Cavalcante, gerente de Suprimentos da Usina de Quixadá, no Ceará, que absorve a produção potiguar.

Os estímulos para fomentar a cadeia produtiva começam pelo garantia da compra de produção por um preço justo, o que está dentro do Programa do Biodiesel. Na análise dos especialistas, acompanhamento técnico adequado, distribuição de sementes com potencial de produtividade, e uma colheita/armazenagem ideal garantiriam segurança ao agricultor. A Petrobras busca firmar contratos de cinco anos com os produtores dando a contrapartida financeira, porém a estatal defende que o governo estadual participe mais ativamente do processo.

Hoje o Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do estado (Emater/RN) é uma das parceiras da Petrobras, trabalhando em 13 municípios no fomento da mamona. As cooperativas Terra Livre, que está em cinco cidades, e Coopagro (Cooperativa de Serviços Técnicos do Agronegócio), atuante em outros 12 municípios, também estão envolvidas. São 30 pontos de produção, e de acordo com o zoneamento agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), ainda há demanda. Foram zoneados 45 municípios localizados nas regiões Seridó, Trairi, Oeste e Alto Oeste.

Felipe Gibson - Diário de Natal