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Análise da semana 19 a 25.mai.07


BiodieselBR - 25 mai 2007 - 18:15 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

Análise Semanal 25.mai.07

Olá.

A assinatura do memorando de intenções entre o Brasil e o Paraguai nesta semana que contempla mais de sessenta ações que serão implementadas em conjunto nos próximos anos pelos dois países no setor de biocombustíveis, mostra a importância que o governo brasileiro dedica ao assunto.

Os futuros importadores de etanol e biodiesel, por razões de segurança não podem ficar a mercê de um único país exportador. Sabendo disto, o governo brasileiro busca incentivar a produção em outros países que possuem potencial e terras. Em março, Brasil e Estados Unidos assinaram um protocolo de intenções para desenvolver os biocombustíveis na região do Caribe. O documento assinado pelos dois presidentes nesta semana é uma prova concreta do interesse brasileiro em dar suporte no desenvolvimento e produção de biocombustíveis em outras regiões do mundo. O documento prevê, entre outras ações, a de troca de tecnologia, apoio logístico e de informações.

A importância que o governo do Paraguai deu ao seminário de biocombustíveis Paraguai-Brasil ficou demonstrada pela presença ativa durante os dois dias do ministro da indústria e comércio na mesa de debates.

Neste ano o Paraguai se tornará auto-suficiente na produção de álcool para a mistura na gasolina e em quatro anos terá um excedente exportável de 500 milhões de litros por ano. O Paraguai, assim como o Brasil, produz álcool de cana-de-açúcar.

O Paraguai também deverá ser o primeiro país a importar carros “flex” brasileiros, entendimentos neste sentido estão em andamento entre fabricantes brasileiros e distribuidores paraguaios.

No biodiesel o Paraguai prevê a utilização de B5 (cinco por cento de biodiesel misturado ao diesel) até 2010. O país consome 1.2 bilhões de litros de diesel por ano e todo ele é importado. O diesel é vendido nos postos a R$ 1,60 o litro. O problema paraguaio na produção de biodiesel é o mesmo do brasileiro, falta de matéria-prima com preço compatível. O Paraguai produz sete milhões de toneladas de soja, mas o óleo de soja para biodiesel tanto no Paraguai como aqui no Brasil não dá lucro sendo transformado em biodiesel.

Para atender a necessidade de mistura de B5, o Paraguai precisa produzir cerca de 60 milhões de litros de biodiesel por ano. Hoje há somente uma usina em produção, com capacidade de 12 milhões de litros/ano usando o sebo bovino, mas existem diversos projetos de novas usinas em andamento. O mais adiantado está na região de Itapúa, que está em fase de construção e usará a palmeira Macaúba como matéria-prima. A palmeira macaúba é uma planta nativa da região que começa a produzir com cinco anos. Existem grandes áreas com concentrações naturais desta planta e alguns produtores também iniciaram plantios da macaúba.

O pinhão-manso também está começando a ser plantado. A idéia é utilizar a região do “chaco" paraguaio (noroeste do país) para o plantio de pinhão-manso em função do clima e da estação chuvosa curta e definida. Outra planta que começa a despertar atenção é o tungue (o Paraguai é exportador de óleo de tungue). O sul do país é a região onde se concentra a maior produção desta planta. Nas últimas décadas as plantações de tungue no Paraguai foram substituídas por outras culturas em razão do baixo preço do óleo na época. A tendência agora é a retomada do seu plantio para biodiesel. O tungue é uma planta perene, resistente a geadas e em todo o seu cultivo exige mão de obra. A colheita é feita juntando os frutos no chão.

A maior área agricultável do Paraguai encontra-se na região sul do país, com terras férteis e boa topografia, solos idênticos ao da região oeste do Paraná como de Cascavel e Foz do Iguaçu.


Produção filantrópica de biodiesel
A produção de etanol por ter um custo inferior ao da gasolina está em franco aumento, já a produção de biodiesel, tanto no Brasil como em outros países está comprometida em razão do alto preço da matéria-prima. O óleo de soja nesta semana alcançou o maior preço dos últimos 23 anos, puxando o preço de outros óleos vegetais e gorduras animais. Na Alemanha, além do alto preço da matéria-prima, o início da cobrança de impostos e a concorrência do biodiesel americano subsidiado, estão provocando uma redução de consumo e produção. A empresa alemã Campa Biodiesel informou que paralisará a produção em sua usina de 150 milhões de litros ano.

O que está acontecendo na Alemanha deve servir de exemplo e alerta a nossas autoridades, se realmente querem o desenvolvimento do biodiesel no Brasil. O governo brasileiro já sabe que o biodiesel comercializado nos leilões do ano passado não será entregue em sua totalidade pelos vendedores e não está tomando nenhuma medida. O presidente Lula afirmou em discurso no mês de março que “medidas de correção econômica para o biodiesel precisam ser tomadas”, mas na realidade não se vislumbra nem um movimento neste sentido por parte dos ministérios envolvidos e já estamos na metade do ano de 2007. Daqui a sete meses a mistura de biodiesel (B2) em 2% no diesel será obrigatória, sendo necessários 70 milhões de litros por mês de biodiesel.

Usinas de biodiesel não são entidades sem fins lucrativos, elas visam lucros, e hoje com o preço da matéria-prima e o peso de todos os impostos, esse lucro acaba indo quase todo para o Estado.


Análises anteriores

18 maio

  • A iniciativa para as pequenas usinas de biodiesel
  • As exportações argentinas de biodiesel
  • Biodiesel no Chile
  • O preço do óleo de soja

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