O plantio da safra de soja 2025/26 está avançando pelos estados brasileiros. Levantamento da AgRural aponta que, até a última semana, 0,9% da área estimada estava semeada, ante 0,1% uma semana antes. Até agora, o ritmo dos trabalhos está em linha com o mesmo período da safra anterior.
Entre os estados que chegaram ao fim do vazio sanitário — período de 90 dias ou mais em que é proibido manter plantas de soja no campo —, o destaque fica com o Paraná, que tem puxado o ritmo dos trabalhos. Na sequência, aparecem Rondônia, Mato Grosso e São Paulo. Conforme a consultoria, embora a baixa umidade ainda limite o avanço das máquinas, a previsão de bons volumes de chuva para diversas áreas do país deve dar fôlego aos trabalhos nesta semana que está começando.
Outro estado que deve aparecer nos próximos dias liderando a semeadura de soja, é Mato Grosso do Sul, onde o vazio sanitário se encerrou na última semana. Por lá, o plantio ainda é tímido, mas a Associação dos Produtores de Soja do Estado (Aprosoja-MS) estima uma produção de 15,2 milhões de toneladas. Se o clima ajudar, o volume vai superar o recorde do ciclo 22/23 que foi de 15 milhões de toneladas.
Nesta safra 2025/26, a Aprosoja-MS projeta uma área plantada de 4,79 milhões de hectares — alta de 5,9% frente aos 4,59 milhões da safra anterior. O crescimento projetado inclui produtividade média de 52,8 sacas por hectare, contra 51,79 na safra passada, o que representa um avanço de 2,0%.
MT: comercialização lenta
Em Mato Grosso, maior estado produtor de grãos do Brasil, as plantadeiras chegaram a 0,55% dos 13,01 milhões de hectares estimados para essa safra. O ritmo está mais acelerado em comparação com o mesmo período do ano passado (0,27%) e levemente à frente da média dos últimos cinco anos (0,48%). Ainda assim muitos produtores aguardam a regularização das chuvas para acelerar os trabalhos a campo. Os dados são do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Já em relação a comercialização antecipada da safra 2025/26 há um certo pessimismo no campo. Com base nos dados de agosto deste ano, o Imea aponta para 27,40% negociado, considerando o volume total de produção estimada. Segundo o instituto, configura-se o ritmo de comercialização mais lento das últimas duas safras e abaixo da média dos últimos cinco anos.
O cenário se mostra ainda mais desafiador quando observado o custo de produção. Estudo conduzido pelo Imea em conjunto com o Senar-MT, sinaliza que até julho deste ano, o custo total apresentou alta de 7,69%, alcançando R$ 7.657,89 por hectare. O resultado é reflexo da elevação nos gastos com fertilizantes e defensivos, que aumentaram 9,23% e 4,33%, respectivamente, em comparação ao que foi observado na safra passada. Soma-se ao cenário, o aumento de 24,28% no custo de oportunidade do capital, impulsionado pela elevação da taxa Selic — taxa básica de juros —, que em 2025 atingiu patamares históricos.
No lado da receita, considerando a produtividade média projetada em 60,45 sacas por hectare e o preço ponderado até julho de R$ 110,10 por saca de 60 quilos, estima-se que o sojicultor de Mato Grosso obtenha uma receita bruta de R$ 6.656,00 por hectare — retração de 8,23% ante à safra anterior.
Segundo os especialistas, esse valor é suficiente para cobrir o Custo Operacional Total (COT), garantindo a remuneração dos custos operacionais, das depreciações e do pró-labore, e ainda resultando em uma margem de R$ 256,12 por hectare. No entanto, a receita segue insuficiente para cobrir o Custo Total, restando uma lacuna de R$ 1.001,89 por hectare para remunerar integralmente o capital investido. “Um dos principais gargalos permanece sendo a despesa com fertilizantes e defensivos, que juntos representam 37,58% do custo total da oleaginosa para a safra 2025/26”, aponta o relatório.