União Europeia

Gigantes do setor agroalimentício se uniram a organizações da sociedade civil para pressionar a União Europeia pela entrada em vigor de sua lei antidesmatamento (EUDR). O bloco adiou a vigência da nova legislação por um ano, para o fim de 2025. No mês passado propôs novo adiamento, para o fim de 2026, citando preocupações sobre a prontidão dos sistemas de tecnologia da informação necessários para dar suporte à lei.

Uma carta assinada por produtores de alimentos como Nestlé, Mars e Ferrero, grupos ambientalistas e empresas de certificação sustentável foi enviada à Comissão Europeia. No documento, eles contestam o argumento de que problemas de tecnologia da informação possam justificar um novo atraso ou mesmo a revisão das regras de desmatamento, informam Euractiv, Reuters, Capital Reset e World Economic Forum.

A coalizão afirma na carta que o adiamento da lei para dezembro de 2026 “coloca em risco a preservação das florestas em todo o mundo” e também “mina a confiança nos compromissos regulatórios da Europa”. Os signatários enfatizam que as empresas já estão “se preparando e investindo ativamente em conformidade”. “Esses esforços foram feitos de boa-fé, de que a estrutura legislativa europeia e o cronograma eram confiáveis”, diz o documento.

A lei antidesmatamento da UE exige que empresas que vendem produtos como soja, carne bovina e óleo de palma nos mercados do bloco forneçam provas de que seus produtos não causaram desmatamento. A legislação enfrenta forte oposição da indústria e de parceiros comerciais da UE, como os Estados Unidos e o Brasil.

Em tempo 1

Se de um lado a Nestlé pressiona a UE pela lei antidesmate, de outro decidiu abandonar a Dairy Methane Action Alliance, coalizão global de empresas do setor de alimentos para cortar emissões de metano e assim reduzir o impacto da pecuária leiteira no aquecimento global, informa a Reuters.

Integrada por Danone, Kraft Heinz e Starbucks, entre outras empresas, a aliança foi lançada em dezembro de 2023 com o compromisso de medir e divulgar publicamente as emissões de metano de suas cadeias de fornecimento de laticínios e publicar planos para reduzir essas emissões ao longo do tempo.

A Nestlé não informou o motivo pelo qual saiu da aliança, mas afirmou que continuaria trabalhando para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, incluindo metano, em todas as suas cadeias de suprimentos e que manteria seu compromisso de zero líquido até 2050.

Em tempo 2

Os EUA estão exigindo que a UE enfraqueça sua legislação “verde” meses após concordar com um pacto tarifário para evitar uma guerra comercial total.

Segundo um documento do governo estadunidense visto pelo Financial Times, Washington pediu a Bruxelas para eliminar requisitos que obrigam empresas não pertencentes à UE a fornecer "planos de transição climática". Também exigiu que o bloco altere a legislação ambiental sobre cadeias de suprimentos para excluir empresas dos EUA e outras de "países com devida diligência corporativa de alta qualidade", informa a Folha.

Com adaptação BiodieselBR.com

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