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Negócio

Conflitos impulsionaram petróleo em janeiro


Fábio Rodrigues - 01 fev 2024 - 09:09

Os conflitos no Oriente Médio e no Leste Europeu levaram os preços do petróleo a fechar o mês de janeiro em alta, segundo especialistas e dados compilados pelo Valor Data. Os ataques a embarcações com carregamento de petróleo no Mar Vermelho e as investidas de drones ucranianos sobre regiões estratégicas do setor energético russo puxaram as cotações para cima com a maior percepção de risco. O Brent fechou janeiro aos US$ 80,55, com alta de 4,73% em relação a dezembro.

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Bruno Cordeiro, analista da StoneX, afirma que os desvios que as companhias têm feito para evitar o Mar Vermelho estão encarecendo o frete, o que pode levar a uma alta nos preços da commodity: “Os ataques a embarcações que levam petróleo e derivados continuam no Mar Vermelho. As empresas têm optado pela rota do Cabo da Boa Esperança, mas o caminho é mais longo e aumenta o custo de frete, além de levar a uma demora nas entregas. Esses fatores apertam o balanço entre oferta e demanda.”

O analista explica que novos episódios ligados ao conflito entre Rússia e Ucrânia também levaram a um aumento nos preços. Segundo ele, refinarias, gasodutos e portos de exportações russas sofreram ataques de drones ucranianos, elevando o risco na região do Leste Europeu.

Cordeiro afirma que fatores macroeconômicos também ajudaram a sustentar os preços da commodity em janeiro: “Os dados da economia americana vieram acima do esperado, mostrando que o programa de combate à inflação promovido pelo banco central dos Estados Unidos tem surtido efeito. Isso entrega otimismo ao mercado.”

Por outro lado, fatores baixistas impediram altas maiores nas cotações. Segundo Cordeiro, a economia chinesa tem crescido abaixo do esperado e as atividades industriais estão em desaceleração, o que pode reduzir a demanda por petróleo.

Para o mês que se inicia, a StoneX espera que o preço médio do barril fique em US$ 80,84. “Para fevereiro, a tendência é continuidade das tensões geopolíticas, incluindo os desvios no Cabo da Boa Esperança. Além disso, o mercado vai observar as decisões da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep), que podem confirmar uma redução voluntária de 2,2 milhões de barris por dia no primeiro trimestre.”

A Petrobras tem evitado o trânsito no Canal de Suez, no Mar Vermelho e na costa do Chifre da África de navios petroleiros contratados por ela. “Isso não está afetando os custos de exportação de petróleo”, diz a companhia em nota. E prossegue: “Existem várias regiões seguras que podem ser alternadas de acordo com as diretrizes de segurança da companhia, o que é feito mediante análise pontual e específica.” Quanto às importações, a Petrobras diz que possui fornecedores em locais diversos e que apresentam menor risco.

Pedro Rodrigues, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), afirma que os ataques na Rússia geraram preocupação por serem os primeiros a representar ameaça significativa ao setor de energia do país em meses: “Os ataques chamaram a atenção de analistas de volta para a região, cujos riscos geopolíticos já haviam sido indexados aos preços ao longo de 2023.” Para o especialista, o desenvolvimento dos conflitos em fevereiro deve influenciar a cotação. “Quaisquer novas ocorrências que ameaçam o suprimento global de petróleo, como os ataques de extremistas no Mar Vermelho, terão reflexo nos preços. Não há perspectiva de melhoria dessas agressões. Os acontecimentos de janeiro sugerem uma expansão da guerra.”

Kariny Leal – Valor Econômico