Diferença de preço marca o maior leilão de biodiesel da história

A fase de lances do 22º Leilão de Biodiesel da ANP foi encerrada ontem e os números superlativos do pregão foram confirmados. Este foi o maior leilão de biodiesel já realizado, não apenas em termos de volume negociado, mas também em faturamento. Nos dois dias de disputa um total de 700 milhões de litros de biodiesel foram vendidos por 1,54 bilhão de reais.

Se olharmos apenas a superfície, dá para dizer que a disputa entre as usinas transcorreu de maneira razoavelmente pacífica. O preço médio por metro cúbico ficou em R$ 2.207,5 com um deságio de apenas 4,91%. Acontece que essa leitura não sobrevive a uma observação um pouco mais cuidadosa. A diferença entre o primeiro e o segundo dia do leilão foi tamanha que eles mal parecem terem sido disputados por um mesmo setor.

A disputa do primeiro lote de 560 milhões de litros, aberto apenas para detentoras do Selo Combustível Social, foi marcada pela falta de ofertas, com as usinas se arriscando pouquíssimo e oferecendo lances quase colados nos valores de referência. Considerando apenas o primeiro lote, o preço médio foi de R$ 2.252,60 por m3 com um deságio de 2,69%. E o deságio só chegou na casa dos dois por cento por que haviam dois preços máximo. Se considerado apenas o preço máximo menor (R$ 2,261) o deságio foi de apenas 0,37%

Diferença
A calmaria e falta de lances do primeiro lote contrastou com disputa intensa e o elevado deságio do lote dois. O preço médio dos últimos 140 milhões de litros alcançou R$ 2.027 por litro.

Historicamente, o segundo lote tem o preço pior para as usinas que o primeiro, mas a diferença neste leilão foi muito maior que o costume.

Ociosidade planejada
A principal explicação para a diferença talvez não esteja no baixo preço do lote 2, mas na falta de disputa e o alto preço do lote 1. As usinas de biodiesel terminaram a fase de lances da primeira etapa do pregão satisfeitas com uma ocupação média de apenas 47,81%. Esse desinteresse em elevar a ocupação das unidades garantiu o deságio pequeno.

Então veio o lote dois e a presença da ADM e da Bionasa fez as estratégias das usinas mudarem, inclusive das empresas que participaram do lote 1. A ADM é a dona da segunda maior usina de biodiesel do Brasil e nunca fez parte da Ubrabio. Já a Bionasa estava estreando no leilão. Se quisessem, as duas poderiam vender quase 116 milhões de litros dos 140 que seriam disputados.

Para agravar a concorrência pelo lote 2, muitas usinas que venderam no lote 1 e não deram lances de R$ 2,25 para o biodiesel no primeiro dia, resolveram ofertar abaixo de R$ 2,10 na etapa em que a ADM estava presente.

Ao final do certame 39 usinas arremataram o produto e garantiram uma ocupação média de 52,67%.

Destaques

- A ADM realmente entrou para valer na disputa. A empresa surpreendeu e foi a terceira maior vendedora do certame, arrematando 58,9 milhões de litros pela média de R$ 2.007,20 o m3. Dos 30 primeiros itens disputados no lote 2, a empresa levou 22.

- A ocupação média das empresas foi de 50,43%

- 34 empresas e 39 usinas venderam no leilão

- Das 31 usinas que venderam no lote 1, 17 também arremataram no lote 2

- A maior vendedora foi a Granol que levou para casa um contrato que soma 72,5 milhões de litros pelo preço médio de R$ 2.239,90 por m3.

- O item mais bem vendido foi o de número 63 de 5 milhões de litros arrematado pela BSBios por R$ 2.2900.

- Na média final, a Biopar do Mato Grosso foi a empresa que obteve o melhor preço no seu produto vendendo 5,2 milhões de litros por R$ 2.253,70.

- Já o pior preço médio foi da Biocar que vendeu dois milhões de litros por R$ 1.938,45

- A pior venda foi feita pela ADM que aceitou R$ 1.895,70 por m3 nos 500 mil litros do lote 146.

- R$ 2,2529, foi o número que mais apareceu nesse leilão, 33 itens fecharam nesse valor e seis empresas o tiveram como preço médio final.

O resultado completo do 22º Leilão de Biodiesel pode ser acessado no endereço abaixo:
http://www.biodieselbr.com/noticias/bio/resultado-completo-22-leilao-250511.htm

BiodieselBR.com