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Plantas

Óleo de fritura usado


BiodieselBR.com - 02 jan 2014 - 14:10 - Última atualização em: 16 mai 2014 - 13:20

O descarte do óleo de cozinha é um problema ambiental de grandes proporções. Cada litro desse material que é despejado no ralo polui 20 mil litros de água. As consequências desse poder destrutivo estão no sistema de tratamento de água de todas as grandes cidades do país: o descarte do óleo encarece e dificulta o tratamento, gerando ainda mais passivos ambientais.

Mas nem só de danos ao meio ambiente vive o óleo usado. Ao invés de ser jogado pelo ralo, ele pode servir como uma importante matéria-prima para a produção de biodiesel – afinal, trata-se de óleo vegetal. E com a vantagem de ser um resíduo, um material fadado a ser descartado, virtualmente sem valor.

O caminho do óleo usado até o biodiesel é longo. Sua captação depende de projetos de coleta voltados a residências, restaurantes, lanchonetes etc. Uma vez usado, o óleo é acomodado em embalagens próprias e recolhido. No mercado, o litro de óleo usado pode ser comercializado por até R$ 1,00, valor bastante atraente para a indústria de biocombustíveis.

Chegando à usina, o óleo é submetido a um pré-tratamento para separar o produto das impurezas. Esse cuidado é necessário uma vez que se trata de material descartado, que inexoravelmente contém todo tipo de material. Daí para frente, o processo de fabricação do combustível é semelhante ao dos demais óleos vegetais.

Estudos indicam que o Brasil tem uma produção nacional de óleos e gorduras residuais (OGRs) de cerca de 1,2 milhão de toneladas por ano. O número é baseado no resíduo do consumo interno do produto e seria suficiente para incrementar a adição de biodiesel no diesel em até 4%, sem a necessidade de recorrer a outras oleaginosas, como a soja e o algodão, e até mesmo sem precisar do sebo bovino.

A maior parte desses resíduos (60%) é de origem domiciliar, equivalente a 720 mil toneladas ou 818 milhões de litros. O restante vem de bares, restaurantes e lanchonetes, totalizando cerca de 530 milhões de litros ao ano.

O problema a ser resolvido é a logística do processo. Reunir uma quantidade suficiente de óleo para manter uma produção contínua de biodiesel é um verdadeiro pesadelo logístico. Tudo porque essa quantidade não está em um único lugar, e sim em centenas de casas, restaurantes e lanchonetes espalhados pelas cidades.

Além disso, é preciso convencer as pessoas a deixar de descartar o óleo para armazená-lo e entregá-lo, de graça, para a empresa produtora de biodiesel. Em troca, quem adere a esse processo pode se orgulhar de contribuir, mesmo que pouco, para reduzir os danos causados à limitada quantia de água potável que temos disponível.