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Regulação

MME coloca em dúvida a capacidade efetiva das usinas de biodiesel


BiodieselBR.com - 19 out 2012 - 09:21 - Última atualização em: 19 out 2012 - 15:40
mme capacidade_real_181012O Ministério de Minas e Energia (MME) não está muito seguro da real capacidade produtiva da indústria de biodiesel. A dúvida transpareceu na apresentação do diretor do Departamento de Energias Renováveis do ministério, Ricardo Dornelles, durante a 15ª Reunião Ordinária Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Oleaginosas e Biodiesel realizada ontem (17) em Brasília.

Durante sua palestra na Conferência BiodieselBR 2012, Dornelles já havia deixado claro que o ministério levou um susto com o baixo volume de biodiesel que as usinas ofereceram ao mercado no mais recente leilão da ANP. Em termos nominais, a indústria pode fabricar pouco mais de 1,7 bilhão de litros de biodiesel por trimestre. A despeito disso, o volume colocado à venda não chegou nem a metade desse número – com as ofertas somando 848,6 milhões de litros.

Foi por pouco, mas, no final, tudo deu certo. As distribuidoras compraram 773,3 milhões de litros de biodiesel para atender a demanda do último trimestres de 2012 e nada leva a crer que possa faltar biodiesel no mercado. Contudo, isso parece indicar que a indústria pode não ter tanta bala na agulha quanto alega e é muito suscetível aos problemas desencadeados pelo mercado de soja.

Transparência
Num dos slides da apresentação feita ontem por Dornelles, ficou claro que uma das missões do novo modelo de leilões introduzido em maiofoi desfazer um ponto cego do sistema.

No modelo antigo era relativamente fácil para uma usina aparentar possuir mais capacidade produtiva do que realmente tinha – bastava dar lances pouco competitivos em vários itens dos leilões sem, na prática, concorrer por eles. Uma vez que as empresas passaram a ter que fazer suas ofertas às claras, ficou bem mais difícil oferecer volumes acima da real capacidade.

A dúvida não é tanto se as usinas estariam superdimensionando sua própria capacidade. Segundo BiodieselBR pôde apurar, o governo tem razoável grau de confiança de que a capacidade autorizada pela ANP chega próximo a capacidade produtiva real. Os gargalos estariam relacionados com o que acontece antes e depois da produção em si.

A preocupação é que as empresas do setor tenham capacidade relativamente limitada de garantir seu suprimento de matéria-prima. Esse tem sido um ponto permanente de fricção entre governo e fabricantes. Durante a participação de Dornelles na Conferência BiodieselBR no início do mês, ele reclamou que o uso da soja estaria levando para o mercado energético uma série de variáveis. “Isso traz um risco agrícola para o mercado de energia que traz uma série de preocupações para o país”, disse o representante do MME na ocasião.

Outro gargalo – esse um pouco mais prosaico – diz respeito à capacidade de carregamento das usinas que estaria, em muitos casos, subdimensionado. Sem conseguir colocar seu biodiesel dentro de um caminhão e despachá-lo rumo aos mercados consumidores com a devida agilidade, a capacidade produtiva nominal de uma usina faz pouquíssima diferença.

BiodieselBR disponibiliza a apresentação do diretor do MME aqui.

Fábio Rodrigues - BiodieselBR.com