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Soja

Brasil perde cerca de 12% da soja produzida no país


CenárioMT - 30 out 2012 - 13:27 - Última atualização em: 29 nov -1 - 20:53
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Estimativas da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado do Mato Grosso (Aprosoja) apontam que o Brasil perde aproximadamente 12,5% da soja produzida no país durante os processos de pré-colheita, colheita, transporte curto, padronização, armazenagem e transporte longo. Considerando as previsões para a safra brasileira, isto representaria cerca de 10 milhões de toneladas.

Os dados foram apresentados durante o Workshop de Perdas Pós-Colheita, realizado nos dias 24 e 25 de outubro, na Embrapa Agrossilvipastoril, em Sinop (MT). O evento reuniu trabalhos de pesquisadores do Brasil e dos Estados Unidos que estudam os diversos tipos de perdas, tanto físicas quanto qualitativas e econômicas, ocorridas em todo o processo da cadeia da soja. O evento reuniu trabalhos realizados por pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa (UFV), da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), Embrapa, Universidade de Illinois, e Instituto ADM de Prevenção de Perdas Pós-Colheita (ambos sediados nos Estados Unidos).

Deste percentual que o país perde, cerca de 4% fica na própria lavoura, segundo informações coletadas pela empresa Agroconsult. O diretor executivo da Aprosoja, Marcelo Duarte Monteiro, considera a perda significativa. “Se usarmos uma média de 50 sacas de produtividade por hectare este percentual de 4% equivale a mais de duas sacas que o produtor perde no processo da colheita”, destacou.

As outras perdas são de 1% no processo de pré-colheita e mais 1% somando o transporte curto, a armazenagem e o transporte longo. Os outros 6% não são perdas físicas, mas econômicas, decorrentes do atual modelo de classificação de grãos e descontos praticados pelas empresas compradoras de soja.

Segundo o diretor da Aprosoja, o objetivo foi reunir os pesquisadores para que eles trocassem ideias e realizassem um intercâmbio de informações. “A partir desta sinergia, a Aprosoja espera que os pesquisadores atuem em conjunto, potencializando os trabalhos e auxiliando o produtor na prevenção das perdas na produção, armazenagem e transporte de soja e também do milho. Perda zero a gente sabe que é difícil, mas com certeza é possível minimizar estes números”, afirmou Duarte Monteiro.

O diretor do Instituto ADM de Prevenção de Perdas Pós-Colheita, Steve Sonka, alertou que um terço da produção agrícola do mundo não chega aos consumidores finais. Com o crescimento populacional, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) estima que em 2050 a demanda global por alimentos irá crescer cerca de 70% – teremos mais dois bilhões de pessoas no mundo consumindo alimentos. Além de trabalhar na prevenção das perdas, Sonka destacou ainda que é preciso baratear o preço para que esta população tenha acesso à alimentação de qualidade.

Neste sentido, os esforços para trabalhar a prevenção das perdas estão partindo de diversas instituições, como o trabalho da professora Zulema Figueiredo, do campus da Unemat de Cáceres, que apresentou durante o workshop os resultados um trabalho de mensuração de perdas na colheita, com ênfase na análise das máquinas que são utilizadas no campo. A pesquisa foi realizada em seis propriedades e foram observados diversos aspectos, entre eles regulagem das máquinas, idade da máquina, velocidade no deslocamento durante a colheita, as perdas que ocorrem na plataforma de corte, os sistemas internos da máquina. “A metodologia que nós usamos pode ser indicada para o fabricante no processo de regulagem das máquinas. Acreditamos que as ações de extensão realizadas por instituições como o Senar, por exemplo, com cursos de capacitação para operadores, poderão ajudar no sentido de prevenir as perdas ocorridas em decorrência da má utilização das máquinas”, explicou Zulema Figueiredo.

O professor Carlos Caneppele, da UFMT, pesquisou as perdas que ocorrem no transporte curto, que é aquele realizado da lavoura até a unidade armazenadora, que pode estar dentro da própria propriedade ou fora, no caso dos produtores que não possuem armazém. Foram pesquisadas sete propriedades na região de Sinop e Cláudia. “A má conservação das estradas e a situação dos caminhões que são usados para fazer este transporte influenciaram bastante nas perdas observadas. Além disto, a forma de descarregar o produto e a falta de limpeza dos caminhões no retorno para a propriedade também acarretam em perdas para o produtor. É preciso um investimento na melhoria dos caminhões utilizados e também na conservação destas estradas”, apresentou Caneppele.

Tanto o trabalho da professora Zulema Figueiredo quanto do professor Carlos Caneppele contaram com o apoio da Aprosoja.

Já no quesito armazenagem, o trabalho da professora Roberta Nogueira, do campus da UFMT em Sinop, que conta com a parceria de outras instituições, inclusive do Instituto ADM, avaliou a utilização de sensores para medir temperatura, umidade e fluxo de ar. Estes sensores poderão ser instalados dentro das unidades armazenadoras estáticas ou também nos caminhões que fazem o transporte de grãos ou de sementes, por exemplo.

“Nos sistemas atuais a gente só consegue obter dados de temperatura. E para fazer a predição de perdas e a qualidade do produto, no mínimo, umidade relativa e temperatura devem ser aferidos. O desenvolvimento destes sensores é um passo importante para que possamos saber como de fato ocorre o armazenamento de grãos no nosso estado”, destacou Roberta Nogueira.

O chefe de Pesquisa da Embrapa Agrossilvipastoril, Auster Faria, que conduziu todas as apresentações durante o Workshop, destacou que ao final os pesquisadores definiram grupos de trabalho, com coordenadores e propostas para a continuidade dos projetos, divididos em quatro grandes áreas de atuação: perdas na colheita, no transporte, na armazenagem e uma última que serão políticas públicas, a fim de se estudar alternativas e propostas de leis, comissões e outros aparatos que complementem os projetos de prevenção e mensuração de perdas na produção agrícola.

Com adaptações BiodieselBR.com