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Algas

Pesquisadores dos EUA produzem petróleo renovável a partir de algas


BiodieselBR.com - 06 nov 2012 - 11:24
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Pesquisadores do departamento de engenharia química da Universidade do Michigan anunciaram ter reproduzido em apenas um minuto um processo que a natureza demora vários milênios para completar: a síntese do petróleo. Os resultados foram apresentados dia 01 de novembro durante a reunião anual do Instituto Americano de Engenheiros Químicos.

Segundo os cientistas, usando um procedimento muito parecido com aquele de cozinhar algo numa panela de pressão, eles conseguiram converter até 65% da biomassa de microalgas numa versão renovável do petróleo-cru convencional. “Nós estávamos tentando imitar o processo natural que forma petróleo a partir de organismos marinhos”, conta o professor da Universidade do Michigan, Phil Savage.

A receita de Savage envolve o aquecimento quase instantâneo da biomassa. Os pesquisadores colocaram 1,5 mililitros de microalgas ainda úmidas num recipiente de aço e o expuseram a temperaturas próximas a 600ºC durante apenas um minuto – o bastante para que as algas atingissem quase 290ºC.

Em testes anteriores, a equipe testou o mesmo procedimento com uma ampla variedade de tempos e temperaturas, mas nunca tinham conseguido uma conversão tão boa quanto no processo de um minuto. Savage admite que ainda não está seguro do que torna o aquecimento rápido mais eficaz e que serão precisos mais testes. “Meu palpite é que as reações que produzem o petróleo acontecem, na verdade, muito mais rapidamente do que pensávamos”, comenta.

A doutoranda, Julia Faeth, que trabalhou com Savage nos experimentos, sugere que outras reações ocorriam durante aquecimentos mais prolongados e poderiam estar atrapalhando os resultados. “O biopetróleo poderia se decompor em outras substâncias e o aquecimento rápido pode ter desencorajado essas reações”, disse a pesquisadora.

Menor custo
Uma das vantagens em trabalhar com reações mais rápidas é que isso torna possível reduzir a infraestrutura necessária, trazendo menores custos de produção. “Ao reduzir o volume dos reatores, o custo de construir uma planta também diminui”, especulou acrescentando que ainda é muito cedo para julgar se o novo método seria comercialmente viável.

Os processos atuais de fabricação de biocombustíveis a partir de algas dependem de uma secagem meticulosa da biomassa antes que seus óleos possam ser extraídos e processados. Isso encarece o produto final e tem levado muitas empresas a repensarem suas estratégias.

A descoberta de processos que permitam a conversão de biomassa ainda molhada é uma das linhas de pesquisa que vem sendo perseguidas para baratear o processo produtivo. Era essa a linha de pesquisa de Savage e sua aluna. Outra vantagem é que o método permite o aproveitamento integral da biomassa e não apenas dos óleos, o que transfere cerca de 90% da energia contida na biomassa para o biocombustível. “Esse resultado está bem no topo do que é teoricamente possível”, comemora Savage.

O biopetróleo, contudo, tem uma desvantagem em relação à sua versão mineral. Ele apresenta teores muito elevados de oxigênio e nitrogênio e precisa ser purificado antes de poder ser refinado e gerar derivados. A equipe da Universidade de Michigan também está estudando o problema e dizem ter resultados promissores para apresentar num estudo que se encontra em processo de revisão.

A pesquisa foi financiada pelo programa de inovação da Fundação Nacional de Ciências do governo dos Estados Unidos e já teve sua patente depositada pela Universidade do Michigan. 

Fabio Rodrigues – BiodieselBR.com
Com informações: Assessoria Universidade do Michigan