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Lula defende biodiesel na ONU e oferece Brasil para nova reunião ambiental


G1 com agências - 25 set 2007 - 11:29 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, fez um discurso focado na questão ambiental na abertura da 62ª Assembléia Geral da ONU, na manhã desta terça-feira (25) em Nova York, nos Estados Unidos.

"O mundo não modificará sua relação irresponsável com a natureza sem modificar a relação com o desenvolvimento e a repartição das riquezas", afirmou Lula, relacionando o consumo (principalmente dos países ricos e industrializados) à produção de bens que geram poluição e gases que levam ao aquecimento global.

Lula defendeu a realização de uma nova conferência para o meio-ambiente em 2012, assim como ocorreu na Eco 92 (também conhecida como Rio 92) e na Rio+10, esta última realizada na África do Sul em 2002.

"O Brasil sediou a conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento e Meio-Ambiente, a Rio 92. Precisamos avaliar o caminho percorrido e estabelecer novas metas. Proponho em 2012 uma nova conferência que o Rio se propõe a sediar, a Rio+20", afirmou Lula.

A proposta de Lula de sugerir a Rio+20 se espelha num procedimento que tem se tornado comum -a condução de reuniões internacionais de "seqüência" à gigantesca cúpula ambiental que se deu no Rio de Janeiro em 1992.

Lula na ONU
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, discursa na ONU

A Rio+10 aconteceu em Johanesburgo, na África do Sul. A despeito dos muitos debates, nada de concreto saiu dela, exceto a conclusão de que pouco os países tinham avançado com relação às metas ambientais estabelecidas na Rio 92.

A cinco anos de um potencial novo encontro, que o presidente quer trazer de volta para o Brasil, não há no momento indícios de que os resultados da próxima reunião possam ser muito diferentes.

Biocombustível

Lula continuou seu discurso na abertura da 62ª Assembléia Geral da ONU falando sobre os combustíveis alternativos.

"Os biocombustíveis são uma opção. O etanol e o biodiesel podem oferecer muitas oportunidades a países emergentes, podem gerar emprego e renda e favorecer a agricultura familiar, além de equilibrar a balança comercial", afirmou o presidente brasileiro.

Lula disse que sua administração fez um estudo para definir em quais áreas é possível plantar cana. "O Brasil pretende organizar em 2008 uma conferência sobre biocombustíveis. Faço um convite a todos os países para que participem."

Selo Ambiental

O Brasil vai desenvolver um zoneamento definindo onde poderão ser cultivadas lavouras destinadas à produção de biocombustíveis, com o objetivo de preservar o meio ambiente, disse o presidente. Lula afirmou que o biocombustível brasileiro (álcool ou biodiesel) negociado no mercado internacional terá um selo garantindo qualidades social e ambiental.

Lula que abriu a Assembléia Geral da ONU diz ser plenamente possível combinar biocombustíveis, preservação ambiental e produção de alimentos. “Daremos à produção de biocombustíveis todas as garantias sociais e ambientais", afirmou. O presidente defendeu uma mudança no modelo de desenvolvimento global, para evitar "riscos de catástrofe ambiental e humana sem precedentes".

Catástrofe humana

Em seu discurso, o presidente brasileiro chegou até a falar em "catástrofe humana", caso o crescimento das economias continue nos níveis atuais. "Não nos iludamos: se o modelo de desenvolvimento global não for repensado, crescerá o nível de uma catástrofe humana", afirmou o presidente brasileiro.

Em sua apresentação de cerca de 15 minutos, minuciosamente discutida com assessores e diplomatas brasileiros na tarde de ontem, Lula disse que cada país deve assumir sua responsabilidade.  "Cada um de nós deve assumir nossa parte nessa tarefa. Os países mais industrializados devem dar o exemplo. Têm que fazer o que assumiram em Kyoto. Mas isso não basta. Precisamos de metas mais severas", afirmou Lula.

"Também os países em desenvolvimento devem participar do debate sobre mudanças climáticas. O Brasil lançará em breve seu plano nacional de mudanças climáticas. A floresta amazônica pode sofrer demais com as mudanças. O Brasil tem feito esforços notáveis para diminuir os impactos. Basta dizer que nos últimos anos reduzimos pela metade o desmatamento da Amazônia. E isso não é pouco", afirmou.

Foto: AFP