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Biodiesel

PR pesquisa biodiesel à base de óleo de soja saturado


Paraná-Online - Diogo Dreyer - 29 nov 1999 - 22:00 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:22

Com o apregoado fim do petróleo em não mais do que algumas décadas por diversos cientistas e ambientalistas, despontam no Brasil pesquisas para combustíveis alternativos. No Paraná, que pode aparecer como grande produtor de biocombustíveis devido à cultura agrícola, o Instituto Tecnológico do Paraná (Tecpar) já prepara a instalação da primeira planta piloto para produção de biodiesel a partir de girassol. Mas uma equipe do curso de Engenharia Química da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) está apostando naquela gordura que sobra da fritura de alimentos e produzindo biodiesel à base de óleo de soja saturado.

Após cinco anos estudo, a equipe liderada pelo professor Nei Hansen de Almeida, diretor do curso, está conseguindo produzir o produto em quantidade suficiente para os primeiros testes, que, de acordo com Almeida, estão sendo muito promissores. “Trata-se de um combustível extremamente barato, que vem do óleo que muita gente faz sabão e outro tanto joga no ralo, e que está se mostrando tão eficiente quanto os biodieseis de óleos crus”, afirma. Por enquanto, a matéria-prima do produto feito na PUC vem de uma confeitaria na cidade, mas Almeida acredita que há resíduo suficiente para produção em larga escala. “O custo maior seria o da captação. Mas acredito que uma campanha de recolhimento, como o do lixo reciclável, seria eficiente caso alguém estivesse interessado em fazer em larga escala”, diz.

O novo biodiesel produzido pela equipe foi testado em veículos agrícolas da Fazenda Experimental Gralha Azul, da PUC, com a inclusão de 10% do produto misturado no diesel comum e com até 30% num motor estacionário do laboratório do curso de Engenharia Mecânica da PUCPR. “Todos os veículos funcionaram muito bem”, afirmou o professor. O governo autoriza a mistura de, até, 2% de biodiesel no diesel vendido nos postos. O professor revela que já tem um projeto para pleitear um financiamento da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) do governo federal, para criar uma usina piloto na universidade. O objetivo do projeto, segundo Almeida, é produzir 400 litros de biodiesel por dia.

Ecológico e econômico

Além do valor do óleo saturado ser irrisório, o produto desenvolvido pela PUC possui outras várias vantagens ecológicas, por utilizar em todo o processo matéria-prima renovável de produto vegetal, que causa pouca poluição na atmosfera, além de evitar que o óleo de soja saturado seja jogado em esgotos pluviais, poluindo lagos, rios e mares. “O gás carbônico resultante da queima do biodiesel é facilmente absorvido pelas plantas. É uma tecnologia ecológica”, caracteriza o professor.

Para o estudante Lucas Leoni, do curso de Engenharia Química e do grupo de pesquisa do biodiesel, o Brasil tem tudo para se tornar potência mundial em relação aos combustíveis ecológicos. “Temos terra para plantar, clima bom, força de trabalho em abundância, tecnologia apropriada e poucas catástrofes naturais. Só falta apoio político”, observa.