Liberação para veículos leves: diesel x etanol
Volta e meia aparece no Congresso um deputado ou senador com a proposta de liberar o diesel para automóveis. Ano de eleições é perfeito para político se promover às custas de ideias insensatas, mas que conquistam votos.
O diesel é subsidiado no Brasil: paga metade dos impostos que incidem sobre a gasolina. Além disso, sua produção local é insuficiente e parte dele é importado. E ainda será, segundo previsões da Petrobras, por mais alguns anos.
Então, por esses dois motivos, os motores ciclo diesel são restritos aos veículos pesados, ou seja, para baratear o custo do transporte de caminhões e ônibus. Nossos automóveis só podem ter motores ciclo Otto, que queimam gasolina, etanol ou gás (GNV).
As propostas para liberar geral o diesel lançam mão de argumentos descabidos. O primeiro é que são motores mais eficientes que os que queimam gasolina. Eram, mas já não é bem assim: o extraordinário desenvolvimento tecnológico dos propulsores ciclo Otto vai tornando-os cada vez mais competitivos.
Outro argumento é que o diesel custa menos. Besteira: só é mais barato por ser subsidiado.
E, claro, a inexorável defesa ambiental, de emitir menos gases poluentes. Poderia ser verdade se nosso diesel não fosse um dos mais sujos do mundo, e se o Brasil não estivesse se abastecendo com um dos mais limpos, o etanol...
Boris Feldman
O Estado de Minas