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BBF diversifica a sua ‘cesta de óleos’ para diluir risco e crescer


Valor Econômico - 29 ago 2022 - 08:52 - Última atualização em: 29 ago 2022 - 16:37

Uma das maiores produtoras de óleo de palma do país, a Brasil BioFuels (BBF), com sede em São Paulo e operações na região Norte, está ampliando e diversificação seus negócios para se consolidar como uma empresa de energia baseada numa plataforma formada por diversas fontes renováveis diferentes.

Nesse processo, a companhia, fundada em 2008 e que prevê faturar R$ 1,6 bilhão em 2022, ante R$ 1,1 bilhão em 2021, já tem projetos em estágio avançado para a instalação de novas unidades de cogeração em suas plantas de esmagamento de palma no Pará e em Roraima, pretende construir quatro unidades de produção de etanol de milho e planeja o desenvolvimento de uma linha de oleoquímicos capaz de substituir produtos fabricados pela indústria petroquímica.

Segundo Milton Steagall, um dos fundadores e CEO da BBF, são alguns bilhões de dólares em investimentos que mostrarão ao mercado que a empresa aposta em soluções sustentáveis e dilui riscos. “É a transição energética na prática, com óleos vegetais resultando em biodiesel, nafta verde e querosene verde de avião, entre outros produtos”, afirma ele.

Nas duas unidades de esmagamento de palma da BBF no Pará, adquiridas da Vale, os projetos que serão habilitados preveem a geração, a partir de biodiesel, de até 40 megawatts (MW). Na planta de Roraima, onde os testes vão começar no mês que vem, serão mais 17 MW. Vale lembrar que a companhia já tem 24 térmicas na região Norte - das quais dez compradas da Siemens -, que utilizam biodiesel produzido em uma unidade em Rondônia. Com a expansão em curso, diz Steagall, o número crescerá para 38.

Produção atual

Atualmente, a BBF produz entre 190 mil e 200 mil toneladas de óleo de palma por ano, destinadas à produção de biodiesel e à indústria de alimentos, mas até 2024 o volume deverá se aproximar de 300 mil. A matéria-prima vem de 54 mil hectares próprios e 7 mil de agricultores familiares no Pará e de 5,5 mil hectares em Roraima, onde já estão sendo plantados mais 10 mil hectares. E, como já informou o Valor, uma parceria com a Vibra, maior distribuidora de combustíveis do país vai multiplicar essa área.

Segundo o pacto firmado entre as empresas, a BBF vai usar parte de uma área já degradada de mais de 100 mil hectares para cultivar palma, que depois vai gerar 500 mil metros cúbicos de diesel verde (HBO) e combustível sustentável de aviação (SAF) em uma biorrefinaria que está sendo construída na Zona Franca de Manaus a partir de investimentos previstos em R$ 2 bilhões. A Vibra terá acesso exclusivo à essa produção por pelo menos cinco anos.

Na corrida para se transformar em uma plataforma formada por diferentes óleos vegetais, a BBF também tem na prancheta quatro projetos de construção de plantas de produção de etanol de milho, em parceria com um fundo de investimentos cujo nome não foi revelado. De acordo com Steagall, a primeira será em Rondônia, na cidade de Vilhena, e terá em anexo uma unidade de esmagamento de soja, num aporte que deverá atingir R$ 1,5 bilhão. A segunda será em Roraima, e está orçada em R$ 600 milhões.

Com as expansões já em curso e as plantas de etanol de milho, o executivo projeta que o faturamento da BBF já saltará para cerca de R$ 4 bilhões por ano. Mas a “cereja do bolo” das transformações na companhia, como realça o CEO, é o projeto de oleoquímicos para substituir os petroquímicos. “É o melhor projeto da companhia. Vamos investir US$ cerca de 3,5 bilhões nele nos próximos anos, incluindo indústria e parte agrícola”, afirma Steagall. Os óleos alternativos serão produzidos em conjunto com o etanol.

Fernando Lopes – Valor Econômico