Em Foco

A solução para aumentar a produção das cinco fábricas de biocombustíveis em Portugal seria a obrigatoriedade de as petrolíferas incorporarem uma porcentagem de biodiesel no óleo diesel, defendeu o presidente da empresa portuguesa SGC Energia, Vianney Vales.

O governo português decidiu acelerar, em dez anos, a meta da União Européia, tendo aprovado uma resolução que prevê que todos os veículos a diesel circulem com um combustível que incorpore 10% de biodiesel até 2010.

Atualmente, essa opção não é obrigatória para as petrolíferas, que celebram pontualmente contratos com os produtores de biocombustíveis.

Os empresários portugueses aceitaram o desafio do governo e investiram mais de 700 milhões de euros (R$ 1,7 bilhão) em cinco fábricas de biocombustíveis - Iberol, Prio, Torrejana, Sovena e Biovegetal. As unidades de produção não escaparam da crise que afeta o setor, registrando atualmente níveis de produção inferiores à sua capacidade máxima.

"Atualmente, as fábricas estão paradas porque o modelo de introdução de biocombustíveis no consumo em Portugal não funciona e tem de ser adaptado para o negócio do biodiesel", afirmou o presidente da SGC Energia, que detém a Biovegetal, em entrevista à Agência Lusa.

Propostas

"O modelo tem de mudar porque hoje o sistema está parado em Portugal", disse Vianney Valès, afirmando que a Biovegetal, que representa um investimento de 100 milhões de euros (R$ 246,9 milhões), começou suas atividades no final de 2007, com uma "capacidade de produção total de 120 mil toneladas por ano", mas apenas produz "entre 150 a 300 toneladas de biodiesel por dia".

"O nosso modelo arrancou numa base de voluntarismo de introdução de biocombustíveis no consumo, em que os distribuidores petrolíferos estão convidados a introduzir biodiesel no consumo. Isto no início funcionou, mas depois os mercados internacionais do óleo diesel e do óleo vegetal tiveram ciclos de mudança de preços que fizeram com que os distribuidores petrolíferos não tenham interesse em comprar biodiesel", disse o presidente da SGC Energia.

Para Vianney Valès a solução para relançar a indústria dos biocombustíveis inclui a obrigatoriedade das petrolíferas incorporarem no óleo diesel uma porcentagem de biodiesel, que este ano deveria ser de 5,75%.

Segundo o dirigente, trata-se de uma questão de "decisão política". "Até agora, não houve falta de coragem política, mas agora chegou a altura de passar à ação", afirmou.

Veja mais