Nos dois últimos anos, a produção de mamona no Ceará cresceu quase 79%, saindo de aproximadamente 7.000 toneladas, em 2007, para cerca de 12.500 toneladas, em 2008. Em 2009, segundo o coordenador do Programa do Biodiesel no Estado, Walmir Severo Magalhães, caso a previsão de safra se confirme, já consideradas as perdas com as chuvas, a produção da oleaginosa chegará a 18.000 toneladas — 44% de incremento sobre o ano passado —, o que já garantiria, embora a Petrobras afirme que ainda não exista escala na produção da mamona no Estado, 18% da demanda da usina de biodiesel da estatal, em Quixadá.
Magalhães afirma que a Petrobras ainda não está suficientemente organizada para adquirir o que está sendo produzido de mamona no Ceará, para uso na usina. ´Para se ter uma idéia, das 12.500 mil toneladas produzidas no ano passado, a empresa só conseguiu adquirir 8.000´, conta. ´Entretanto, não é porque a Petrobras não queira. Ocorre que, pela falta de agilidade e como a produção, de fato, ainda não é suficiente, boa parte dessa quantidade está sendo comprada pela Refinoquímica, na Bahia, via atravessadores, para uso da mamona para fins que não o biodiesel´, justifica.
Além disso, argumenta, é preciso também que o agricultor familiar seja sensibilizado para vender a mamona, que produz, para a Petrobras, dada a garantia de preço na hora da compra, diferente do que ocorre, quando ele decide vender para um atravessador. ´Então, além dessa sensibilização, a Petrobras precisa ter um processo mais eficaz de compra, aliado ao aumento da produção´.
Conforme Magalhães, desde que a usina de biodiesel da Petrobras, em Quixadá, foi inaugurada, em 2007, a expectativa é que a agricultura familiar no Estado atenda a 50% da demanda da empresa. ´Isso em um horizonte de cinco anos. Já estamos no terceiro ano. Então, até 2013, esperamos que esta meta seja atingida. Para tanto o estado vem investindo para incentivar o aumento da produção´, emenda. Segundo ele, atualmente, além do incentivo de R$ 200,00 por hectare plantado, o governo, por meio do programa ´Convivência com o Semi-árido´, está orientando o produtor a manejar melhor o solo para produzir mais. Hoje, a produtividade é de apenas 400 quilos/ha. Neste ano, a expectativa é que sejam investidos R$ 17 milhões com o Programa do Biodiesel no Estado.
Ainda de acordo com ele, o estoque de mamona não utilizada pela Petrobras, em Quixadá, não se configura como problema. ´A mamona não se estraga com o tempo. Além disso, é possível adequar, no refino a qualidade do óleo´, afirma. Na sua avaliação, a manutenção desse estoque pode ser até estratégia da empresa para garantir mercado e baratear, no futuro, o uso da oleaginosa.
Procurada pela reportagem, a Petrobras afirma que está estruturada para ir ao campo adquirir os grãos direto do agricultor e transportar a produção. Segundo ela, neste ano, este trabalho começará no segundo semestre, quando se inicia a colheita da mamona. A empresa destaca que firma contratos de compra com os agricultores familiares, com prazo de cinco anos, garantindo a compra de 100% da produção dos agricultores contratados. A Companhia também assegura que presta serviços de assistência técnica e fornece sementes para o plantio.
ANCHIETA DANTAS JR.