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A MPX Energia, do empresário carioca Eike Batista, dará início no segundo semestre deste ano a um projeto inédito no setor elétrico brasileiro de captura de carbono através de microalgas. A experiência será realizada na termelétrica de Pecém I, no Ceará.

Em fase de obras, a usina tem previsão para entrar em operação a partir de 2011 e deverá consumir 1,5 milhão de toneladas por ano de carvão mineral, importado da Colômbia. Esse montante de carvão, quando queimado, jogará por ano na atmosfera o equivalente a cerca de 800 mil toneladas de dióxido de carbono (CO)— o principal gás associado ao superaquecimento global.

{sidebar id=16} Na tentativa de minimizar o dano ambiental, a MPX fechou uma parceria com a Universidade Federal do Ceará para desenvolver a técnica de seqüestro de gases com microalgas. A empresa conta também com a consultoria do especialista israelense Ami Ben Amotz, ex-professor da Universidade de Haifa e hoje vinculado à universidade cearense.

Pela técnica, o CO emitido no processo de geração elétrica é canalizado e redirecionado da chaminé da usina para um tanque com algas, que se alimentarão do gás para crescer e se multiplicar.

“A emissão de carbono é um problema que não se restringe às termelétricas. Vários setores, como o petroquímico, têm o desafio de controlá-lo”, disse Eduardo Karrer, presidente da MPX Energia, em entrevista ao .

Valor Nos países desenvolvidos, o setor elétrico é considerado o maior emissor de gases de efeito estufa. No Brasil, o problema ainda é concentrado no desmatamento, mas a gradual diversificação da matriz energética para fontes sujas preocupa ambientalistas. “Estamos nos antecipando para que quando a usina comece a operar ela já tenha esse problema equacionado”, afirma Karrer.

No primeiro ano, a MPX lançará mão de um hectare de área para a produção de algas. Neste período, serão analisadas quais cepas são mais propícias para a absorção do carbono, dadas as condições específicas de uma termelétrica. “Estamos falando de um efluente sujo, que tem um PH muito ácido”, diz Osvaldo Bezerra Carioca, pesquisador da universidade federal cearense que desenvolve o projeto na MPX.

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Se a experiência progredir, a empresa planeja trabalhar com lâminas d’água de 25 hectares já no segundo ano e 100 hectares no início de operação de Pecém I.

O projeto-piloto demandará investimentos de R$ 6 milhões. Segundo Paulo Monteiro, diretor de Operações de Novos Negócios e Meio Ambiente da MPX, a absorção de 10% do CO já justificaria a implantação do projeto. Segundo o executivo, dificilmente chega-se a uma absorção total dos gases emitidos e medidas complementares, como o reflorestamento, são necessárias.

Com US$ 1,2 bilhão de investimento total, a termelétrica de Pecém I irá gerar 720 MW médios e é fruto da parceria com a portuguesa EDP Energias do Brasil.

A obra chegou a ser embargada no ano passado sob alegação do Ministério Público Federal do Ceará de que o órgão ambiental do Estado não tinha competência para fazer o licenciamento ambiental da usina e que sua continuidade só seria possível com um estudo ambiental integrado do complexo industrial do Porto de Pecém. A liminar foi derrubada.

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