Depois de algum tempo fora dos holofotes, a polêmica discussão sobre a liberação do uso do diesel nos carros de passeio está de volta. O último round sobre o assunto aconteceu na semana passada, em Brasília.
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, criticou os estudos anunciados pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, para a comercialização de carros de passeio movidos a diesel no país. "Acho uma péssima ideia liberar o diesel para os carros. Ainda por cima o nosso diesel, que não está no padrão dos outros países e tem maior poluição de enxofre por parte", concluiu Minc. Para Vicente Alves Pimenta Junior, diretor da Comissão Técnica de Tecnologia Diesel da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil), a justificativa do ministro já teria caído por terra.
Segundo ele, na década de 70, o governo, frente à crise do petróleo, proibiu a venda de carro de passeio com motor diesel. Esse período prolongado sem a presença de carros a diesel no país fez com que as pessoas tivessem do motor diesel uma imagem errônea, de se tratar de tecnologia ultrapassada, poluidora e barulhenta. "Nos últimos anos, a eletrônica tem feito verdadeiros milagres no desempenho do veículo diesel, transformando-o em principal opção de compra da maioria dos habitantes da Europa", disse Pimenta.
Diferente. De acordo com o especialista, os motores diesel de hoje são muito diferentes dos antigos motores com injeção mecânica, que precisavam ser regulados com maior frequência, eram ruidosos, ásperos e só funcionavam em baixas rotações. "Em paralelo às evoluções tecnológicas do motor, também o combustível diesel foi aprimorado. Além disso, o Brasil já começou a introduzir essas melhorias no combustível e ainda temos o biodiesel como um grande aliado", avaliou.
Igor Veiga