A Bunge Brasil vai reforçar ainda mais seus investimentos no setor de açúcar e álcool do Brasil. Depois de adquirir o Grupo Moema por US$ 1,5 bilhão no início deste ano, a empresa estuda agora a compra da Usina Mandu, em Guaíra, no interior de São Paulo.
Além de buscar novas aquisições, a Bunge Brasil vai destinar mais US$ 750 milhões para seu crescimento orgânico no segmento sucroalcooleiro no País nos próximos anos. A informação é de Pedro Parente, novo presidente da empresa, em sua primeira entrevista desde que assumiu o cargo há 90 dias.
Na prática, da verba de US$ 2,8 bilhões de investimentos para o triênio
2010-2012 no Brasil, US$ 2,24 bilhões serão voltados para açúcar e
etanol. Deste total, US$ 1,5 bilhão foi utilizado na compra do Grupo
Moema. Os US$ 750 milhões restantes serão direcionados na expansão de
atividades e não envolverão qualquer aquisição, segundo Parente.
Biodiesel
Segundo Parente, o fato de grande parte dos recursos a serem investidos
no País estarem destinados ao setor sucroalcooleiro não significa, no
entanto, que a Bunge vai priorizar esse segmento. "Neste momento, o
setor vai receber mais recursos porque é um segmento novo e em fase de
maturação", afirmou. "Soja e fertilizantes manterão a importância dentro
do projeto da Bunge Brasil."
Na soja, estão programados investimentos na ampliação do esmagamento em
Rondonópolis (MT) e na transposição de cargas entre dois modais na
região do Alto Araguaia. Esses investimentos totalizarão US$ 120
milhões. Parente lembra que o bom posicionamento da empresa no setor de
esmagamento de soja levou a companhia a analisar a estreia na produção
de biodiesel. "Acreditamos que esse mercado vai crescer nos próximos
anos e poderá tornar-se um bom destino para o óleo de soja que
produzimos", revelou.
O executivo também informou que a empresa manterá investimentos na
distribuição e revenda de fertilizantes. "Agora que vendemos a parte
extrativa (para a Vale), não teremos mais de escoar nossos próprios
produtos e poderemos focar nas vendas", disse.
Segundo Parente, sua principal missão agora é realizar, até o final do semestre, a integração da Bunge Alimentos e da Bunge Fertilizantes, que atuavam como empresas separadas e agora foram unidas dentro da Bunge Brasil. "Apesar de trazerem o nome Bunge, são duas empresas de culturas diferentes e temos de lidar com todas as complexidades inerentes de um processo de integração", contou.
Ranking
Com a aquisição do grupo Moema, a Bunge Brasil deve moer, na safra 2010/11, um volume de 21 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, para a produção de 1 milhão de toneladas de açúcar e 1 bilhão de litros de etanol. Com isso, atinge a terceira posição no ranking de maiores grupos em operação no País, atrás da Cosan e da Louis Dreyfus Commodities.
"Nos próximos três anos, vamos elevar nossa capacidade de moagem para 30 milhões de toneladas." As cinco usinas do Grupo Moema – Moema, Frutal, Itapagibe, Ouroeste e Guariroba – têm capacidade de moagem de 13,7 milhões de toneladas. As outras três usinas da Bunge Brasil processarão, juntas, 7,4 milhões de toneladas de cana em 2010/11, sendo 3,5 milhões de toneladas na Santa Juliana (MG); 1,4 milhão de toneladas em Monte Verde (MS); e 2,5 milhões de toneladas na usina de Pedro Afonso (TO), que iniciará suas operações em junho.
Nas usinas de Santa Juliana e Monte Verde, a japonesa Itochu possui 20% de participação acionária. "No prazo de três anos, com os investimentos, a expectativa é de que essas três usinas passem de uma moagem de 7,4 milhões de toneladas para 13,4 milhões de toneladas", informou.
Parente explica que as cinco usinas do Grupo Moema já foram totalmente integradas à unidade de negócio de Açúcar e Bioenergia da Bunge, uma das cinco criadas com a integração entre a Bunge Alimentos e Bunge Fertilizantes. Além da unidade Açúcar e Bioenergia, as demais são: Agribusiness; Alimentos e Ingredientes; Fertilizantes; e América Latina.
Eduardo Magossi