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A Brasil Ecodiesel, que há cerca de um ano passa por uma reestruturação que inclui redução de dívida e de despesas financeiras, registrou no segundo trimestre de 2009 o primeiro lucro trimestral desde 2006.

"O último lucro que tivemos é pré-aumento de capital", declarou Eduardo de Come, diretor Financeiro e de Relações com Investidores, na terça-feira.

A companhia, que sofreu nos últimos anos com problemas de capital de giro e com os altos custos da matéria-prima, especialmente do óleo de soja, anunciou nesta terça-feira ter lucrado no segundo trimestre R$ 21,7 milhões, ante prejuízo líquido de R$ 83,9 milhões no mesmo período do ano passado.

No fim do último trimestre, a empresa levantou por meio de aumento de capital R$ 104 milhões e prevê, com um novo aporte em agosto, de no mínimo R$ 118 milhões, reduzir sua dívida para R$ 123 milhões, disse o diretor.

A empresa, que já teve um passivo de R$ 300 milhões, terminou o segundo trimestre com dívida de R$ 229 milhões. "Reduzimos as despesas financeiras, pela diminuição da base, o endividamento é menor, e porque a dívida remanescente foi renegociada a um custo menor", disse Come, referindo-se aos resultados do segundo trimestre.

Ele observou ainda que a redução da estrutura operacional e administrativa também teve impacto positivo nos resultados, além dos custos menores com matéria-prima.

A companhia, com capacidade instalada para produzir 640 mil m³ por ano, está utilizando pouco mais de 10% de seu potencial, registrando vendas de 19.265 m³ no segundo trimestre, leve alta ante o mesmo período do ano anterior (18.918 m³) e contra primeiro trimestre do ano (18.367 m³).

A empresa chegou a suspender as atividades em unidades no último trimestre, mas salientou que nenhuma delas foi fechada.

"A Brasil Ecodiesel não fechou nenhuma usina. Se eu tiver um contrato para fornecimento, os funcionários continuam contratados, as máquinas continuam prontas para operar", declarou o diretor.

O mercado de biodiesel no Brasil, após a mistura de 4% de biodiesel no diesel (B4), que vigora a partir do início de julho, é de cerca de 1,8 milhão de m³ por ano.

Confiante no sucesso do programa de biodiesel brasileiro, que segundo o diretor tem suportado aumentos na mistura antes das metas previamente estabelecidas, a Brasil Ecodiesel espera tirar proveito com as finanças mais bem estruturadas.

"Já se fala que a partir de janeiro de 2010, seria já antecipada a obrigatoriedade de 5 por cento (de biodiesel no diesel). Isso era só a partir de 2013, isso é uma amostra de que o mercado de biodiesel já é uma realidade no Brasil", disse o diretor.

Ele destacou que além do aumento da mistura, o setor foca também nas chamadas "frotas cativas, como empresas de transporte municipais e mesmo em iniciativas como as da Vale, que vai usar o B20 em suas locomotivas. Atualmente, a Vale utiliza o B3 em suas operações.

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