O futuro da produção do biodiesel no Ceará pode não estar mais na mamona, e sim em uma outra planta bastante comum por aqui: a palmácea. A informação, surpreendente, foi dada ontem pelo presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Ceará (Adece), Antônio Balhmann, durante conversa com os deputados na Assembléia Legislativa.
´Há uma tendência, ou começa a haver uma preocupação, de que a biomassa, que vai municiar as produções do biodiesel, deverá estar nas palmáceas´, declara.
Segundo Balhmann, as palmáceas, como a macaúba, o babaçu, o buriti e o dendê, têm potencialidade por possuírem escala, por serem uma das culturas permanentes no Estado. Além desta, Balhmann ainda cita o coco como outra cultura que poderá ser utilizada como produtora de biomassa. ´Haverá a tendência da diversificação do uso do coco para o biodiesel, além da sua utilização alimentícia´, afirma.
O Brasil já possui domínio tecnológico para a produção de biodiesel por meio das palmáceas, e a vantagem delas é a possibilidade de ampliarem a produtividade do combustível a níveis que serão necessários para suprir a demanda crescente no Brasil, com a obrigatoriedade do biodiesel no óleo diesel, através da Lei do Biodiesel, que gera um mercado potencial de 1 bilhão de litros por ano, até 2012. A partir desse ano, com um percentual obrigatório de 5%, o mercado abre-se para uma demanda potencial de 2,4 bilhões de litros/ano.
O chefe-geral da Embrapa Agroenergia, Frederico Durães, já vinha atentando para a potencialidade das palmáceas há algum tempo. “Essas [as palmáceas] são importantes porque, do ponto de vista da concentração nativa desses materiais, têm uma população enorme. Podemos aproveitar essa diversidade tanto para uma utilização controlada, com marco regulatório definido e manejo sustentado, como para uma oferta de curto prazo dessas palmáceas na matéria-prima do biodiesel, enquanto criamos domínio tecnológico dessas palmáceas para colocá-las em outros ecossistemas com produtividade ainda alta”, informou em reportagem da Agência Brasil, no ano passado.
Problema da mamona
O anúncio da nova possibilidade de extração do combustível verde pelo presidente da Adece veio com o reconhecimento dos obstáculos que o governo estadual vem encontrando em emplacar a produção da mamona no interior do Estado do Ceará.´Isso vai se confirmando [a possibilidade da palmácea], em função da dificuldade que temos com a mamona, que tem as dificuldades de produtividade, de distribuição espacial, de volume de produção´, admite Antônio Balhmann.
Em reportagem especial, no último dia 17, o Diário do Nordeste discutiu a cultura da mamona no Interior do Estado e observou que ainda existe uma resistência no campo para a produção da oleaginosa, apesar dos incentivos governamentais. Os agricultores permanecem desinteressados pelo cultivo da semente que acreditam possuir baixa rentabilidade e de difícil interação com as atividades econômicas tradicionais.