O mês de abril começa com
novidades para a produção brasileira de biodiesel, com as notícias da
instalação de novas usinas, entre elas a primeira no Estado do Ceará; e
da realização de um seminário, na Câmara dos Deputados, para avaliar o
Programa Nacional de Biodiesel. Alternativa à extinção do combustível
fóssil, sua produção vem sendo estimulada através de programa do
Governo Federal, que visa promover a implantação de projetos
auto-sustentáveis, a partir de diversas oleaginosas, cultivadas em
diferentes regiões do País.
Está prevista para junho deste
ano a inauguração da primeira usina para produção de biodiesel no
Estado do Ceará. A pedra fundamental será lançada na primeira quinzena
de abril, no município de Crateús, onde já funciona uma unidade
amassadeira.
Atualmente, a mamona captada pela Brasil Ecodiesel
no Estado é processada no município de Floriano, no Piauí, onde foi
implantada a primeira usina da empresa no Nordeste, atendendo, no
momento, 53% da cota do primeiro lote da Petrobras, com 70 milhões de
litros.
Segundo as informações de Arlindo Pereira Neto, gerente
agrícola/institucional da Empresa, em julho serão inauguradas mais duas
usinas, na Bahia e em Tocantins; e, até dezembro, outras duas: No
Maranhão e em local a ser definido.
Neste 2006, a Secretaria de
Agricultura e Pecuária (Seagri) repassou, através do Programa Hora de
Plantar, 50 toneladas de sementes aos produtores, ao mesmo tempo em que
a Brasil Ecodiesel distribuiu 75 toneladas.
O gerente do
Programa Mamona para Produção de Biodiesel da Seagri, Valdenor Neves
Feitosa, explica que, no lançamento, em 2003, o Estado não tinha
semente (embrião próprio para plantar), mas o grão (fruto da produção).
Foi
a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) de Campina
Grande que forneceu os primeiros 900 quilos de semente básica da
variedade Nordeste, em 2004, para que a Associação dos Produtores de
Semente do Estado do Ceará (Aprosence) produzisse as primeiras 150
toneladas de semente selecionada do Estado, em 2005, garantindo a
autosuficiência da produção.
Dessa forma, os 1.900 hectares
plantados em 2003, com grãos melhorados do Piauí, evoluíram para 9.200
hectares em 2004; e 18.200, em 2005; somando aproximadamente 24.600
hectares pelo fato da cultura ser bianual, ainda com as perdas da
estiagem de 2005.
Valdenor descarta críticas de incentivo à
monocultura e concentração de renda, destacando que o público alvo do
Programa é o agricultor familiar, com orientação técnica de plantio
consorciado com o feijão.
Arlindo Pereira, da Brasil Biodiesel,
acrescenta que a rotação de cultura com a agricultura de subsistência é
incentivada, evitando a nociva prática da queimada. “A empresa poderia
plantar uma área imensa de soja e mecanizar a produção, mas não é esse
o nosso objetivo”, afirma.
No Ceará, 81 municípios foram
zoneados para a produção da mamona, cujo cultivo depende de uma
precipitação mínima de 300 milímetros e preferencialmente uma altitude
acima de 300 metros em relação ao nível do mar. Atualmente a maior
produção provém de Boa Viagem, Canindé Itatira, Monsenhor Tabosa,
Parambu e Boa Viagem.
Somente a Brasil Ecodiesel conta, no
momento, com a produção de quatro mil pequenos produtores de mamona e
mais duas fazendas, localizadas em Crateús e Parambu, onde estão sendo
testadas novas tecnologias, inclusive com o plantio do pinhão manso,
espécie nativa perene, que produz, em média, durante 40 anos.
A
principal vantagem apontada para o cultivo é ser menos exigente em
termos de chuva e solo, em função do seu sistema radicular; e de
facilitar a recuperação do solo, por perder as folhas na estação seca.