Um dos principais produtores brasileiros de etanol, Minas Gerais está se destacando no setor de agroenergia impulsionado por contratos de parceria estabelecidos com produtores de agricultura familiar. “Parece que houve um despertar para a área de agroenergia e hoje no estado é forte o desenvolvimento nas regiões Norte, com o biodiesel, e no Triângulo Mineiro, com as usinas de álcool. Grande parte desse impulso vem das parcerias”, afirma Feliciano Nogueira de Oliveira, gerente do Departamento Técnico da Emater.
Vinte mil agricultores do Norte do estado são parceiros da Petrobras no fornecimento de matéria-prima para atender a capacidade de produção, que pode chegar a 150 mil litros de biodiesel na usina da empresa instalada em Montes Claros. “A expectativa para a próxima safra será de parceria com 40 mil agricultores num raio de 300 quilômetros no entorno da cidade”, informa Onésimo Azeredo, gerente de suprimento da usina de biodisel da Petrobras Montes Claros.
No contrato de fornecimento da mamona e girassol, a estatal fornece ao produtor a semente, assistência técnica exclusiva, sacaria para coleta de produção e realiza a coleta da safra. “No caso da mamona pagamos um mínimo de R$ 0,71 por quilo, enquanto para o girassol esse piso é de R$ 0,69. Mas hoje o preço da mamona está em R$ 1 o quilo, tendendo a subir”, garante Onésimo. Em sintonia com as safras de mamona e girassol, a Petrobras também incentiva a produção de alimentos. “Principalmente do feijão, abóbora e melancia. Dessa forma, o produtor ainda pode explorar outros recursos”, acrescenta.
Para Avelino Pereira Nogueira, produtor rural e presidente da Associação do Pequeno Irrigante do Projeto Jaíba (Assija), a venda da safra para a Petrobras pode aumentar de 50% a 60% a renda do agricultor. “Estamos montando uma cooperativa para agregar valor à produção”, explica. Além da garantia da compra do produto, a região vai ganhar em tecnologia. “Estamos trabalhando para transformar o norte de minas na maior potência de geração de óleo vegetal do Brasil. Mais do que a garantia da compra do produto, temos garantia de industrialização”, explica Avelino.
Ainda no setor de agroenergia. 110 fazendeiros da Região Central do estado fazem parte do programa de arrendamento de terras da Agropeu, empresa produtora de etanol localizada em Pompéu. Dos 17 mil hectares de cana plantados para a produção do biocombustível, 12 mil são fruto de arrendamento em áreas a 35 quilômetros da usina. “O produtor garante a produtividade da terra e também a renda familiar. Para a empresa, os custos se reduzem, já que não tem que adquirir a propriedade”, explica Helvécio Joaquim Gabriel, diretor-financeiro da Agropeu.
Com validade de 6 a 14 anos, o contrato prevê que a empresa se comprometa com toda a parte da produção, que inclui o preparo do solo, contratação de mão-de-obra, combate a pragas, entre outras atividades, enquanto o produtor participa apenas com a cessão da terra por um valor fixo mensal que varia entre R$ 12 e R$ 25 por hectare. “Esse valor varia de acordo com a fertilidade do solo, acesso à propriedade, entre outros pontos analisados”, explica Helvécio. Segundo ele, a empresa pretende produzir 85 milhões de litros de etanol esse ano, um aumento de 20% em relação ao ano passado.