Biodiesel

O dendê pode se tornar uma das principais fontes de biodiesel no Brasil. Segundo o analista e chairman da BiodieselBR, Univaldo Vedana, 2 milhões de hectares de dendê produzem a mesma quantidade de combusível do que 22 milhões de hectares de soja. 'Atualmente, a área plantada de dendê é de 102 mil hectares.'

O diretor técnico da Agra ANP, José Vicente Ferraz, diz que o dendê tem vantagem competitiva. 'A produtividade é muito maior do que a da soja. Com menos área se produz muito mais.' Além disso, Ferraz conta que o dendê tem aspecto social, pois pode ser produzido através de agricultura familiar. 'Já existem produções familiares com ótimos resultados.' Mas ainda há barreiras para a expansão do dendê no País.

A planta não suporta armazenagem, o que exige que a cohleita e o processamento sejam realizados em 48 horas. E também faltam investimentos. 'Precisamos de políticas agrícolas de longo prazo e financiamentos com juros baixos', diz o chairman da BiodieselBR. 'As fábricas tem que ser regionais.'

Para Vedana, o futuro do biodiesel deverá ter, a exemplo do álcool, preço competitivo. 'Se ficar atrelado à mistura com diesel não é futuro para o Brasil, com o nosso potencial de produção. O futuro é substituir em 20 anos 100% do diesel.'
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Crambe é aposta
Uma nova alternativa para a produção de biodiesel no Brasil foi plantada no sul de Goiás: o Crambe. Com o nome científico de Crambe abyssinica, essa planta é da família das brassicaceae e tem a vantagem de ser tolerante à seca. Ela floresce em 35 dias e a colheita pode ser em até 90 dias.

Os testes foram feitos durante a safrinha e tiveram bons rendimentos, segundo o analista e chairman da BiodieselBR, Univaldo Vedana. 'Foram empresas privadas que acreditaram no projeto, sem apoio governamental.'

De acordo com Vedana, o Crambe pode ser plantado até o início de abril no Centro-Oeste, epóca em que a soja já foi colhida 'Por ser uma cultura de inverno se torna um alternativa para a safrinha.'

Mas para melhorar a produção, o analista diz que são necessárias políticas públicas claras e objetivas. 'É preciso organizar as cadeias produtivas para cada produto.'

Vedana defende o uso de outras alternativas para a agricultura familiar como o "dendê, pinhão manso, babaçu e macaúba, ou plantas em consórcio com alimentos."

Soja ainda lidera
A soja reinará na produção de biodiesel brasileira pelos próximos anos. É o que acredita Vedana. Mas segundo ele, a produção precisa de ajustes.

"Na safra de verão são plantadao 35 milhões de hectares e na safrinha e safra de inverno apenas 7 milhões de hectares', diz Vedana, lembrando que de março a outubro praticamente nada é plantado. "Ainda restam 28 milhões de hectares disponíveis".

Para ele, outras alternativas para expandir a produção de biodiesel são a canola, o nabo forrageiro, o girassol e a linhaça. 'Podemos produzir milhões de toneladas sem derrubar nenhuma árvore.'

José Vicente Ferraz e Univaldo Vedana participaram do 4º Biodiesel Congress, que acontece até amanhã, em São Paulo.

Sérgio Toledo - InvestNews

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