Depois de terem ficado um pouco de escanteio nos últimos anos, o mundo vive uma nova onda de investimentos em biocombustíveis. Essa é a percepção do vice-CEO da BloombergNEF (BNEF) – divisão da Bloomberg que se dedica à transição energética –, Albert Cheung. O executivo esteve no Brasil esta semana para participar do Fórum Ambição 2030, evento organizado pelo Pacto Global – Rede Brasil, iniciativa da ONU que busca engajar o setor privado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Segundo o executivo, apesar de um considerável aumento no nível de incerteza sobre a intensidade dos incentivos políticos para a aceleração da transição energética, há um cenário consolidado a favor das energias renováveis no longo prazo que não deverá ser revertido. A mais recente edição do relatório New Energy Outlook, elaborada pela BNEF, aponta que a demanda por carvão e petróleo deve começar a cair nos próximos anos. E isso acontecerá independentemente de subsídios e políticas públicas.
“O motivo para isso é que a energia renovável já é competitiva em custo com a energia fóssil em todo o mundo”, ressalta Albert. Por isso, ele não vê risco de um retrocesso na transição, mesmo com o governo dos Estados Unidos adotando uma postura hostil aos renováveis, tanto por meio da remoção de incentivos públicos como por meio da imposição de barreiras comerciais que aumentam a fricção dentro das cadeias de suprimentos. “[Mesmo assim,] os fundamentos permanecem. Quando a demanda cresce e as tecnologias são competitivas, a transição é resiliente”, acrescentou.