A Brasil Ecodiesel divulgou nesta semana o resultado do último trimestre de 2007 e o balanço do ano.
Por ter ações na bolsa a empresa precisa apresentar seus resultados trimestralmente, conforme as normas da Bolsa de Valores de São Paulo. Para o setor de biodiesel essa divulgação de resultados é importante, pois é uma maneira do setor acompanhar o comportamento de uma empresa voltada exclusivamente para a produção de biodiesel.
E o resultado apresentado pela empresa referente ao ano de 2007 não deixou ninguém animado, foram R$ 37,7 milhões de reais de prejuízo durante o ano. Sendo que deste montante, R$ 24,4 milhões vieram do último trimestre do ano, exatamente o período do ano que o óleo de soja alcançou maiores cotações.
Nos últimos três meses de 2007 a Brasil Ecodiesel produziu 43% de todo o biodiesel fabricado em 2007. Isto mostra que nos atuais níveis de preços da matéria-prima e de venda do biodiesel, quanto mais biodiesel produzir maior será o prejuízo. A empresa diz em seu relatório que a baixa retirada de biodiesel vendido ajudou no resultado negativo da empresa. É mais provável que deixar de produzir biodiesel nessas condições tenha ajudado a reduzir o prejuízo.
A empresa teve um prejuízo de R$ 0,18 por litro de biodiesel produzido em todo o ano de 2007, enquanto que no último trimestre de 2007 o prejuízo foi de R$ 0,26 por litro. Transformar este valor de prejuízo para lucro é o grande desafio da empresa para 2008. Não será uma tarefa fácil. O óleo de soja neste primeiro trimestre de 2008 tem batidos novos recordes de preço e os leilões do primeiro semestre mantiveram os preços do biodiesel abaixo dos dois reais.
Outro ponto que deverá ser muito bem analisado por todas as usinas é o preço a ser praticado nos próximos leilões, dia 10 e 11 de abril, para entrega no terceiro trimestre. O biodiesel que está sendo entregue nesse semestre foi negociado nos leilões de novembro e dezembro com preços abaixo do custo do óleo de soja, isso projeta margens negativas a todas as usinas vendedoras que comprem diretamente o óleo vegetal. A saída para o lucro é comprar a oleaginosa, esmagar, vender a torta e utilizar o óleo, com isso o óleo sai por um custo bem menor do que o comercializado.
É acertada a decisão da empresa em buscar oleaginosas não alimentícias para a produção de biodiesel. Porém, pelo tamanho da Brasil Ecodiesel falar em plantar até o final de 2008 apenas quinze mil hectares de pinhão-manso é muito pouco. Isto representa cerca de 5,7% da necessidade de óleo (levando em conta que os estudos da Brasil Ecodiesel estima uma produtividade de 2.500 litros por hectare de pinhão manso) para atender sua capacidade anual instalada de produção de biodiesel. Para sair da dependência do óleo de soja a empresa deverá ter um projeto muito mais agressivo. O pinhão-manso demora quatro anos para atingir sua plena produção e por isso os 5% só serão atingidos daqui a quatro anos.
A empresa também fala em mamona e o girassol como matéria-prima ou para vender o óleo e comprar outro mais barato. Essa saída também é tímida, pois se a empresa comprasse toda a mamona e o girassol produzido no Brasil e utilizasse seu óleo para produzir biodiesel ela não conseguiria substituir 20% do total de sua capacidade de produção. Obviamente a Brasil Ecodiesel não utilizará toda sua capacidade de produção, como também só comprará um percentual pequeno da produção de mamona e girassol.
Em razão da pequena capacidade de substituição de óleo de soja, que o projeto agrícola da Brasil Ecodiesel para 2008 pode ser considerado tímido. Somente um investimento agrícola grande e ambicioso pode suprir a necessidade de uma grande empresa de biodiesel.
A análise desta semana continua na página abaixo:
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