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Política

Política energética do governo beneficia agricultura


Folha de S.Paulo - 01 set 2023 - 10:19

A política do governo Lula de redução de emissões de carbono da frota nacional de veículos impulsiona a agricultura. O avanço da produção de biocombustíveis eleva a demanda por soja, milho, cana-de-açúcar e até por derivados de proteínas, como gorduras e sebo.

O primeiro impulso veio da elevação do percentual de mistura de biodiesel no diesel, reduzido no governo de Jair Bolsonaro.

O percentual, que tinha voltado para 10%, subiu novamente para 12% neste ano. Com isso, a demanda de óleo de soja aumentou em 1,2 milhão de toneladas neste ano. No próximo, quando está prevista uma alta do percentual de mistura para 13%, haverá uma demanda de mais 1 milhão de toneladas, segundo a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais).

Sendo que a soja é responsável por pelo menos 70% da matéria-prima utilizada na produção do biodiesel, a industrialização da oleaginosa cresce 6 milhões de toneladas neste ano. Em 2024, se for mantida a projeção de uma mistura de 13%, o uso de soja aumentará em mais 5 milhões de toneladas na produção do combustível.

O anúncio mais recente, o da elevação da mistura de etanol anidro na gasolina para 30%, acima dos 27% atuais, poderá gerar uma demanda de mais 1,3 bilhão de litros de etanol anidro, segundo a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia).

Esse número da nova demanda de biocombustível ainda é incerto. O mercado de combustível se pauta por preços e oferta. Uma disparada nos preços da gasolina poderá levar os consumidores mais para o etanol hidratado.

Os números atuais indicam que próximo de 25% do etanol anidro vêm do milho. O restante tem como matéria-prima a cana-de-açúcar.

Mantida essa correlação, a industrialização do milho aumentaria em 320 mil toneladas, enquanto a moagem de cana-de-açúcar subiria em 14 milhões.

A estimativa do consumo de milho para a produção de etanol na safra 2023/24 é de 14 milhões de toneladas, 11% da produção nacional, segundo a Unem (União Nacional do Etanol de Milho).

A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estima uma produção total de etanol de 33,8 bilhões de litros nesta safra. Considerando apenas o etanol anidro, o volume vindo da cana será de 11,6 bilhões e o de milho, 2,6 bilhões.

O aumento da mistura de etanol anidro à gasolina, reafirmado por Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, ainda está em estudo.

A elevação da mistura para 30%, no entanto, teria uma banda entre um mínimo de 23% e um máximo de 30,5%. A mistura atual é de 27%, com uma banda girando de 20% a 27,5%.

A elevação do percentual de mistura de biodiesel e de etanol anidro já está na mira do programa "Combustível do Futuro" do governo.

Esse aumento de 27% para 30% de etanol anidro à gasolina reduziria em 2,8 milhões de toneladas a emissão de CO2 por ano, segundo avaliações do mercado.

O avanço do percentual de mistura do anidro pode exigir ajustes em algumas usinas, uma vez que primeiro é feito o etanol hidratado e depois vem o anidro.

O governo tem um plano de investimentos de R$ 20 bilhões nos próximos quatro anos, recursos que serão destinados para pesquisas e inovações no setor de combustíveis.

Paraná O estado deverá semear 5,8 milhões de hectares com soja na safra 2023/24, uma área 2% acima da de 2022/23. O volume a ser produzido, no entanto, recua para 21,9 milhões de toneladas, 2% a menos do que na safra anterior.

Paraná 2 A queda se deve ao recuo da produtividade, que cai para 3.782 kg por hectare. Os dados são estimativas do Deral (Departamento de Economia Rural).

Milho A área da safra de verão recua para 317 mil hectares, 16% abaixo do que foi semeado em 2022/23. A produtividade tem uma ligeira queda para 9.889 kg por hectare, derrubando a produção do estado para 3,1 milhões de toneladas.

Total Com recuo na produção de milho e de soja, o volume total da safra de verão dos paranaenses tem potencial para 25,5 milhões de toneladas. Na anterior, foi de 26,6 milhões, segundo o Deral.