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Política

Ministro diz que mundo não está preparado para ‘renunciar’ ao petróleo


G1 - 08 ago 2023 - 09:54

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defendeu nesta segunda-feira (7) a continuidade de estudos a respeito da exploração de petróleo na Amazônia. Segundo ele, o Brasil deve ter o direito de "conhecer" as suas "potencialidades".

A declaração foi dada logo após a chegada de Silveira a Belém, onde acontece a Cúpula da Amazônia. A permissão para explorar petróleo no território foi o principal ponto em discussão nos Diálogos Amazônicos, evento que antecedeu a cúpula e contou com a participação da sociedade civil.

"O que não é, na minha opinião, admissível, é que a gente não tenha o direito de conhecer as nossas potencialidades", disse Silveira.

"O mundo ainda, infelizmente, não chegou ao ponto de poder renunciar à matriz energética atual, que tem o combustível fóssil como predominante", completou.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está dividido sobre a possível exploração de petróleo na Região Norte do país, com Silveira se opondo ao campo da ministra Marina Silva (Meio Ambiente), que resiste ao projeto.

A Petrobras pleiteia autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para realizar uma pesquisa em um novo possível campo de petróleo na bacia da foz do Rio Amazonas.

Em maio, o Ibama negou uma licença para a Petrobras perfurar poço de petróleo na região, no Amapá. À época, o órgão apontou falhas sobre segurança ambiental na solicitação da estatal.

Dias depois, a Petrobras apresentou um novo pedido, que está sob análise. Ambientalistas criticam a exploração diante da possibilidade de impactos ambientais.

Silveira afirmou que é essencial que a pesquisa seja realizada para que se saiba a dimensão do campo. "[A exploração] depende de quanto achar, como achar, de onde achar, com que critérios achar e com que profundidade", declarou.

Divergências

Um outro componente no debate tem sido a pressão feita pelo governo da Colômbia, cujo presidente, Gustavo Petro, tem falado publicamente sobre a intenção de propor aos países amazônicos que não haja aumento da exploração de petróleo na região.

Durante os Diálogos Amazônicos, a ministra colombiana do Meio Ambiente, Susana Muhamad, afirmou que a intenção é paradoxal em meio à crise climática.

Mais cedo, Marina Silva avaliou que o momento "não é de atitudes erráticas". Sem mencionar o debate a respeito da exploração de petróleo na região amazônica, ela afirmou que o mundo precisa parar com emissões por combustível fóssil.

"Mesmo que consigamos reduzir desmatamento em 100%, se o mundo não parar com emissões por combustível fóssil, nós vamos prejudicar a Amazônia de igual forma", disse.

O ministro de Minas e Energia negou, no entanto, que haja divisão no governo e disse acreditar na construção de um consenso.

"Não há divergência no governo. O que há é um debate natural, onde vai se buscar um consenso. Tenho absoluta convicção que esse consenso será auferido de forma adequada."

Paloma Rodrigues – Globo