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Soja

Atraso na safra do Brasil afasta “teto” da soja e reduz área de milho safrinha, diz analista


Reuters - 06 nov 2023 - 11:02

O atraso no plantio de soja do Brasil na temporada 2023/24, em meio à falta de chuvas regulares ao Norte e a precipitações excessivas ao Sul, impedirá que o país atinja o seu melhor potencial produtivo para a oleaginosa, assim como reduzirá a expectativa de plantio de milho na segunda safra, avaliou nesta sexta-feira, 3, a Pátria AgroNegócios.

Segundo dados da consultoria, o plantio de soja do maior produtor e exportador global atingiu nesta semana 50,67% da área projetada. Mas está atrasado em relação aos 64,64% registrados na mesma época de 2022 e aos 59,54% da média dos últimos cinco anos.

“O avanço percentual da semana foi de apenas 11,5%, mantendo-se como o avanço sazonal mais lento desde 2015”, disse o diretor da consultoria, Matheus Pereira.

Ele afirmou que os trabalhos de campo enfrentam “grandes dificuldades de aceleração com a falta de chuvas” em Mato Grosso e Rondônia. “Relatos de clientes indicam que há regiões onde já deviam ter se concluído o plantio e que neste ano ainda nem sequer iniciaram a semeadura”, disse.

Para a soja, este atraso “ainda não é um desenvolvimento de catástrofe, porém já tira teto produtivo”, disse Pereira à Reuters.

É possível que o Mato Grosso ultrapasse os 10% de replantio na área do estado neste ano, “que são lavouras que não conseguem atingir teto produtivo”. Esse retrabalho ocorreria em regiões semeadas mais cedo, mas que sofreram com o elevado calor e irregularidade de chuvas.

A Pátria AgroNegócios estima a safra de soja do Brasil 155,8 milhões de toneladas, número que deverá passar por revisão na última semana de novembro. A previsão da consultoria está abaixo do total de 162 milhões de toneladas estimado pela estatal Conab, o que seria um recorde, versus 154,6 milhões de toneladas no ciclo passado.

Antes do atraso, o teto produtivo era visto em mais de 165 milhões de toneladas, segundo Pereira.

Corte no milho

No milho segunda safra, semeado após a colheita da soja, a consultoria estima uma redução de, pelo menos, 7% de área, com a baixa rentabilidade do cereal e o aperto da janela climática como fatores de desincentivo. Quanto mais tarde o milho é plantado, maiores são os riscos climáticos na segunda safra.

“Atendemos uma das três maiores distribuidoras de sementes de milho do Brasil. Foi nos alertado que, até o momento, as vendas de sementes de milho estão cerca de 27% abaixo do mesmo período do ano passado”, comentou. “É claro que sabemos que pode sim acelerar as vendas de semente até o início da semeadura segunda safra em 2024, entretanto, já é um sinal de desincentivo”.

Ainda que os principais estados do Brasil estejam atrasados, Pereira disse que, nesta semana, o avanço da semeadura no Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul teve um ritmo semanal “adequado”.

Segundo ele, atrasos são observados em Mato Grosso, Rondônia Tocantins, Bahia, Piauí, Maranhão, Goiás, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, sendo que neste último estado a lentidão dos trabalhos está associada a chuvas excessivas.

Mais cedo, o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) afirmou que o plantio em Mato Grosso avançou para 83,32% da área estimada no estado, alta de mais de 13 pontos percentuais ante a semana anterior, mas continua lento na comparação com o mesmo período do ano passado e em relação à média histórica de cinco anos.

O plantio de soja no maior produtor da oleaginosa e de milho do Brasil está atrás da média histórica, de 88,61%, enquanto no mesmo período do ano passado produtores tinham semeado 93,57% nesta época, segundo dados do Imea.

Roberto Samora – Reuters