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Energia

George W. Bush falou na corrida pelo carro do futuro


Lusomotores.com - 02 mar 2006 - 08:58 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:22

Na semana passada, quando ninguém pensava possível a viagem que George W. Bush viria a efectuar esta terça-feira ao Afeganistão, o Presidente dos EUA deslocou-se a um centro de pesquisa e fabrico de baterias, no Estado do Milwaukee, onde garantiu estar em curso uma corrida pelo carro do futuro, devendo este ser movido a bateria de combustível, dando corpo a uma aposta crescente nos veículos híbridos.

Com o preço da gasolina a subir mais e mais a cada dia que passa, cresce a procura por veículos movidos a combustíveis alternativos. Nesta visita ao Milwaukee, Bush garantiu que num futuro próximo o automóvel será tendencialmente um híbrido, movido a biocombustível etanol, mas ainda assim igualmente capaz de se deslocar com uma autonomia de 65 quilómetros com o uso de uma bateria de lítio. "Estamos próximos de realizar esta visão nos Estados Unidos da América", prometeu Bush.

Recentemente, o interesse por automóveis híbridos, mesmo os que surgem ainda equipados com motores a gasolina acoplados a baterias de níquel-metal-hidreto, tem vindo a aumentar nos EUA. Esses veículos, capazes de carregar a bateria de um motor eléctrico convencional no momento de uma travagem, estão actualmente na moda e já convenceram estrelas de Hollywood como Leonardo DiCaprio, Harrison Ford e Susan Sarandon, todos eles proprietários de veículos "verdes".

Mas a presença desses veículos nas ruas ainda é pequena demais para reduzir significativamente a dependência americana do petróleo importado, como espera George W. Bush. Só no ano passado foram vendidas 108 mil unidades do Toyota Prius, o modelo mais bem-sucedido a nível mundial entre os híbridos no mercado automóvel mundial, mas este número é ainda demasiado pequeno para que se possa olhar para estes veículos como a regra, sendo antes, para já, as excepções.

Todavia, a tendência é de crescimento, e se em 2004 foram vendidas apenas 55 mil unidades, espera-se que esse total suba para 245 mil em 2006. Talvez por isso, a indústria automóvel alemã procura actualmente recuperar o tempo perdido. Construtores como a DaimlerChrysler, BMW e General Motors cooperam entre si na criação de um motor híbrido, enquanto a Volkswagen, Audi e Porsche trabalham com os fornecedores Continental e ZF Friedrichshafen no mesmo sentido.

Mesmo assim, os resultados das investigações em curso demorarão cerca de dois a três anos para darem resultados concretos, para que os novos modelos estejam aptos a entrar nos canais de produção em série. Por outro lado, a força de produção dos construtores automóveis europeus, e nomeadamente dos colossos alemães, encontra-se virada para o desenvolvimento de motores Diesel, pouco aceites nos EUA que é, ainda, o maior mercado automóvel do Mundo.

"A tecnologia híbrida é uma tendência muito importante, da qual não se pode abrir mão", acredita Ferdinand Dudenhöffer, professor de Economia Automóvel na Universidade de Gelsenkirchen. Contudo, para este credenciado especialista, a estratégia de empresas como a DaimlerChrysler de popularizar o diesel nos Estados Unidos não é nenhum erro.

"Dentro de 20 anos haverá principalmente dois tipos de motores: primeiro os híbridos, e depois os diesel, isto porque este combustível surge como um composto muito eficiente", defende Dudenhöffer para quem o diesel poderá ser ainda mais eficiente para longas viagens, isto porque as tecnologias híbridas dependem do trânsito lento das cidades para carregar as baterias.

Será o biocombustível um atalho?


Uma das prioridades dos engenheiros europeus é melhorar o funcionamento de motores diesel. A título de exemplo, a tecnologia Adblue, da DaimlerChrysler, reduz a emissão de óxido nítrico através da injecção de ureia no catalisador. Já a BMW quer aproveitar o calor emitido pelos gases de escape, contribuindo assim para diminuir o consumo. A francesa PSA está a testar protótipos do Citroen C4 e do Peugeot 307 equipados com motores diesel com 1,6 litros de capacidade acoplados a um segundo motor elétrico adicional.

Ferdinand Dudenhöffer não acredita no sucesso de um motor híbrido de etanol, como sonha George W. Bush. "A longo prazo, combustíveis renováveis como o biodiesel e o etanol poderão responder apenas a uma pequena parte da procura, e isso a preços muito altos", explica. Mesmo que sejam bem implementados no mercado, os biocombustíveis não corresponderiam a mais do que cinco por cento do consumo de combustíveis.

Este investigador avisa ainda para o facto desta tecnologia não ser nova, lembrando a experiência brasileira durante a crise do petróleo na década de 70, quando foi implementado um programa semelhante. Segundo ele, mesmo num país que já possui uma rede nacional de postos de abastecimento, que ainda teria de ser instalada na maioria dos países europeus, apenas três milhões dos 17 milhões de veículos funcionam com etanol.

O hidrogênio é o futuro


À margem do diesel e do bio-combustível, muitos observadores atentos à evolução dos acontecimentos no mundo automóvel defendem que o futuro pertence aos motores à base de hidrogénio, em que os principais construtores automóveis estão a investir fortemente. Num motor alimentado com energia eléctrica produzida através do hidrogénio, em células de combustível, há apenas libertação de água, pelo que este tipo de motores significaria o fim do problema das emissões de gases poluentes. O problema é que ainda são necessárias quantidades enormes de energia para obter hidrogénio.

Ferdinand Dudenhöffer acredita que os motores à base de hidrogénio serão a tecnologia do futuro, embora "ainda sejam necessários entre 20 a 25 anos para que se possa avançar para a sua produção em série, muito por culpa dos elevados preços de produção, proibitivos para a grande maioria senão mesmo a totalidade dos construtores automóveis".

Curiosamente, também em relação a este tema a Toyota segue na frente, isto porque investe a maior parte do orçamento destinado à pesquisa na busca de uma tecnologia que respeite o meio ambiente, tendo intenções de lançar até 2015 um modelo movido à hidrogénio por menos de 50 mil dólares. "Podemos contar com isso", garante Dudenhöffer. "Até agora, eles cumpriram todas as promessas que fizeram!"