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Dilma mantém Lobão apesar de lobby na ANP


O Globo - 06 dez 2010 - 15:18 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:15

Apesar do desconforto, a presidente eleita, Dilma Rousseff, vai manter o convite para que o senador Edison Lobão (PMDB-MA) volte a ocupar o Ministério de Minas e Energia em seu governo. Segundo integrantes da equipe de transição, a reportagem publicada pelo GLOBO ontem revelando que dirigentes da Agência Nacional do Petróleo (ANP) indicados por Lobão tomaram decisões que beneficiaram a Refinaria de Manguinhos, investigada por fraude, não mudou a situação política do senador peemedebista, que vai voltar ao primeiro escalão do governo.

O convite a Lobão foi feito na última-quinta-feira, e só não foi oficializado na semana passada por causa de uma rebelião no PMDB. O anúncio pode ocorrer esta semana, junto com os nomes de outros três peemedebistas que vão assumir ministérios no próximo governo.

Lobão indicou diretor da ANP ligado ao PCdoB
O fato de o suspeito de chefiar a máfia dos combustíveis, o empresário Ricardo Magro, ter sido recebido pelo então senador Edison Lobão Filho (PMDB-MA), filho de Lobão, antes da decisão da ANP, criou um clima de constrangimento na equipe de transição, segundo um interlocutor de Dilma. Desde que O GLOBO divulgou as primeiras notícias sobre a máfia dos combustíveis no Rio, a equipe de transição passou a tomar um cuidado redobrado com o assunto.

Mas avaliação feita por petistas é de que, até agora, não há uma prova concreta incriminando o pai. Além disso, Lobão é visto como um fiador da relação entre PMDB e PT, principalmente num momento de crise política.

Lobão disse ao GLOBO ontem que não pode ser envolvido no assunto porque a ANP é independente do Ministério de Minas e Energia e as decisões da agência não passam pela pasta. Por isso, segundo ele, a própria ANP é quem deve se pronunciar sobre o assunto. Lobão argumentou que, enquanto ministro, apenas indicou um diretor para a ANP: Allan Kardec, ligado ao PCdoB, partido também do diretor-geral da própria agência, Haroldo Lima.

- O PMDB não tem nada a ver com isso. Nem eu - disse o senador, acrescentando que as supostas denúncias não causaram problemas entre o PMDB e o PT:

- Ninguém, nem a presidente Dilma, me procurou para falar sobre isso.

Lobão disse, ainda, que o fato de seu filho ter recebido Ricardo Magro também não pode ser ligado a ele, como ministro à época. Lobão afirmou desconhecer se houve esse encontro.

- Um senador recebe várias pessoas. Que mal há nisso? - perguntou o senador.

Líderes do PMDB também buscaram ontem minimizar as denúncias, defendendo que não há provas concretas contra Lobão. O líder do partido na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), afirmou que a indicação de Lobão para voltar ao Ministério de Minas e Energia no governo Dilma continua forte. Segundo ele, a denúncia sobre uma possível ligação de Lobão com fraude envolvendo a máfia dos combustíveis não chegou nem a ser discutida com os políticos do partido.

Ele conversou ontem, por exemplo, com o vice-presidente eleito Michel Temer (PMDB), mas não teriam tratado sobre a denúncia.

- (A indicação de) Lobão continua forte, não muda absolutamente em nada - afirmou o líder do PMDB.

O PT, por outro lado, preferiu o silêncio ontem. Procurado, o líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), preferiu não comentar as denúncias.