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Concorrente do etanol será produzido no Brasil em 2013


iG São Paulo - 04 nov 2010 - 16:28 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:14

Um novo tipo de biocombustível feito a partir de cana-de-açúcar, o biobutanol, deve começar a ser produzido pelas usinas brasileiras a partir de 2013 ou 2014. A patente do produto, que vai disputar mercado com o o etanol, está sendo desenvolvida globalmente há sete anos pela companhia britânica Butamax, uma associação entre a British Petroleum (BP) e a americana DuPont .

A empresa inaugurou em Paulínia (SP), em uma unidade da Dupont, um laboratório para adaptar a produção do novo biocombustível às condições brasileiras, incluindo a sua exposição à microbiologia local e às variedades de cana existentes no País.

“Estamos em negociações com algumas usinas no Brasil”, afirmou o presidente da Butamax, Tim Potter, em Paulínia, sem revelar os nomes das empresas com as quais a companhia está em conversações. Segundo ele, há um grande interesse pelo biobutanol pelas usinas brasileiras, que passarão a contar com mais uma alternativa de produção.

O novo biocombustível produzido no Brasil deve ser exportado aos Estados Unidos, para ser misturado à gasolina, e não deve ser comercializado no mercado interno brasileiro. A Butamax estima que o Brasil poderá exportar 7,6 bilhões de litros de biobutanol entre 2013 e 2020.

Uma das preocupações da Butamax é mostrar que o biobutanol não será uma ameaça ao etanol. Os dois combustíveis, porém, passarão a concorrer pela mesma matéria-prima e pelo mesmo mercado. “O biobutanol não é um concorrente do etanol, mas complementar (a ele)”, afirmou o presidente da DuPont no Brasil, Ricardo Vellutini.

Vantagem sobre etanol
Segundo explicou Potter ao iG, o biobutanol é , quimicamente, mais parecido com a gasolina do que o etanol, e isso o torna mais estável quando utilizado pelos veículos. O novo biocombustível é menos hidrofílico, possui menos afinidade com a água, assim como a gasolina. Segundo Potter, não há a necessidade de converter ou adpatar os carros convencionais, diferentemente dos carros "flex": o biobutanol é o que os americanos chamam de "drop-in fuel", ou seja, um combustível que pode ser utilizado com a mesma infraestrutura existente para a gasolina.  

A composição química do biobutanol também permite elevar o teor de mistura com combustíveis fósseis, percentual que pode chegar a 24%. Com a adição de biocombustíveis à gasolina, os EUA deverão reduzir em 20% as importações de petróleo.

A Butamax não revela o valor que está sendo investido no desenvolvido do biobutanol. “É muito dinheiro, mas, infelizmente, como estamos ainda em fase de pesquisa, esse valor não pode ser revelado neste momento”, diz Potter. Cerca de 150 pesquisadores, entre eles biólogos, trabalham atualmente no desenvolvimento do biocombustível no mundo.

Além do Brasil, a Butamax possui outros três laboratórios para o desenvolvimento do biobutanol. Um deles fica nos EUA, onde o biocombustível está sendo desenvolvido a partir do milho. No mercado americano, a produção comercial do biobutanol deve ser iniciada ainda em 2012 ou 2013. Os outros laboratórios da empresa estão localizados no Reino Unido e Índia.

Laboratório da Butamax em Paulínia
A peça-chave na patente do biobutanol é uma levedura geneticamente modificada desenvolvida pela Butamax. E sua fórmula é guardada com sigilo pela companhia, que vai receber royalties pela tecnologia. A levedura é responsável pelo processo de fermentação e a matéria-prima agrícola a partir da qual o biocombustível é produzido torna-se indiferente, seja ela milho ou cana-de-açúcar.

O laboratório de Paulínia está a cargo de dois biológos brasileiros, mas receberá uma população flutuante de outros cinco ou seis pesquisadores, entre eles indianos, americanos e chineses.

"Estamos em contanste contato com os pesquisadores de outros laboratórios, sobretudo na Índia, o que é bem difícil às vezes por causa do fuso horário", afirma o biólogo responsável por Paulínia.

Claudia Facchini, enviada especial a Paulínia

Tags: Biobutanol