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Mercado para créditos de carbono ganha força no Brasil


Gazeta do Povo - PR - Mirian Gasparin - 29 nov 1999 - 22:00 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:22

O mercado de créditos de carbono, mecanismo previsto no Protocolo de Kyoto para a redução na emissão de gases poluentes, está se desenvolvendo de forma surpreendente no Brasil. Ao invés do seqüestro de dióxido de carbono da atmosfera a partir de plantação de florestas, o mercado em que o país é pioneiro passa pelo descarte adequado dos resíduos da suinocultura. A metodologia que está sendo usada no Brasil foi aprovada pela ONU - Organização das Nações Unidas com conceito A, o que permite a liberação de recursos pelo Banco Mundial.

Com a adoção da técnica, os restos da suinocultura, muitas vezes descartados diretamente no meio ambiente, passam por um biodigestor, que queima o gás metano evitando que este chegue à atmosfera. A energia produzida a partir dessa ação resulta em eletricidade, que pode ser utilizada pelo produtor para conservar alimentos, usar em residências e pequenas indústrias. O biodigestor também contribui para reduzir o número de moscas e o odor característico da criação de suínos. O material que sobra desse processo ainda pode ser utilizado como fertilizante.

Pelo projeto, os produtores podem receber o biodigestor gratuitamente mas têm a obrigação de mantê-lo funcionando por dez anos. Depois de pago com os créditos de carbono, o aparelho pode gerar R$ 5 por matriz/ano. Um produtor com mil suínos gera 2.500 quilos de dejetos por dia.

O mercado de créditos de carbono é um mecanismo para contribuir na redução no lançamento de gases poluentes na atmosfera. Os países poluidores “compram” créditos de carbono. O preço da tonelada de carbono varia entre US$ 9 e US$ 12 no mercado internacional.

Paraná - O Paraná pode ter dois projetos de MDL - Mecanismo de Desenvolvimento Limpo financiados pelo Mitsubishi Securities. As propostas foram apresentadas para a gerente de financiamento de energia limpa da instituição financeira japonesa, Mari Yoshitaka, durante encontro na Fiep - Federação das Indústrias do Estado do Paraná, no último dia 14. Ela escolheu os projetos entre 44 propostas apresentadas por empresários paranaenses. Os nomes das empresas não foram divulgados.

Mari Yoshitaka informa que a Mitsubishi pretende investir US$ 54 milhões, a fundo perdido, em financiamentos de projetos de MDL. A Mitsubishi irá financiar os projetos e terá direito a ficar com 50% do valor dos créditos de carbono que, no futuro, serão negociados em bolsa. O mercado japonês deverá implantar uma bolsa de comercialização de créditos de carbono em 2006

O mercado financeiro nacional também está pronto para atuar nessa área. Numa parceria entre a BM&F - Bolsa de Mercadorias & de Futuros e o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior o banco de projetos de redução de emissões de gases do efeito estufa (GEE) deve ser um dos diferenciais da futura bolsa de carbono brasileira, a primeira da América Latina. O banco foi lançado no último dia 15 de setembro, no Rio de Janeiro. A iniciativa é original entre os países emergentes, mas já encontra amostras nos Estados Unidos e Europa.

Será função da BM&F representar as nações menos desenvolvidas, aquelas com maior potencial de gerar projetos eficazes do ponto de vista ambiental e econômico. Para o presidente da BM&F, Manoel Felix Cintra Neto, um ambiente organizado para as negociações proporcionará um processo transparente de formação de preços, ajudando a fomentar novos projetos e promover a competitividade.

O papel do Brasil deve ser de emissor e vendedor de créditos, já que não tem metas de redução, mas pode criar projetos para reduzir a emissão de gases que provocam o efeito estufa e vender os créditos aos países desenvolvidos, para que estes cumpram suas metas.