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Biodiesel

Óleo de cozinha vira biodiesel no Sul


Gazeta Mercantil - 18 jun 2007 - 07:15 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

Matéria-prima é recolhida pela gaúcha Oleoplan, que venderá a produção para a Petrobras. A Oleoplan, localizada em Veranópolis, na serra gaúcha, está utilizando óleo saturado, usado em frituras por donas de casa, restaurantes, lanchonetes e cozinhas industriais, para produção de biodiesel em sua usina. A experiência, iniciada 90 dias atrás, em Veranópolis e cidades vizinhas, alcança uma arrecadação espontânea de quatro mil litros por mês. Um litro de óleo saturado gera cerca de 800 ml de biodiesel.

A usina de biodiesel da Oleoplan, que demandou investimentos de R$ 21 milhões, e possui capacidade anual de 100 milhões de litros, está pronta, mas ainda não entrou em operação. "Estamos apenas aguardando um telefonema da Petrobras, para saber qual o cronograma de entrega da primeira encomenda", informa o diretor da empresa, Marcos Boff, referindo-se a um leilão realizado pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) de dez milhões de litros, sendo que 93% serão entregues para a estatal brasileira e os 7% restantes na Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas (região metropolitana de Porto Alegre).

{sidebar id=13}O diretor não tem idéia do volume a ser comercializado neste primeiro ano de funcionamento da usina, em função da elevação de preço do biocombustível em relação ao diesel, que até bem pouco tempo estava 20% e hoje se situa na faixa de 30% acima do preço do diesel. "Com a obrigatoriedade de compra de 2% de biodiesel para ser adicionado ao diesel, a partir de 2008, acredito que haverá procura maior. De qualquer forma, estamos em contato com clientes potenciais, incluindo as distribuidoras", ressalta o empresário.

Na semana passada, a empresa firmou convênio com o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) de Porto Alegre para coletar o óleo saturado em oito pontos do órgão espalhados pela capital e depositados em garrafas PET. Ontem foi a vez de reproduzir a mesma parceria na cidade natal. A direção vai estender o modelo com as cidades da região serrana gaúcha. A estimativa da empresa é chegar ao final do ano recolhendo dez mil litros mensais - dependendo, é claro, da entrega voluntária por parte da população.

"O volume não é significativo, mas este gesto tem um caráter maior que é de sensibilizar a sociedade para não agredir o meio ambiente. Ao despejar um litro de sobras nos esgotos ele polui um milhão de litros de água", explica Boff. "Nós contratamos um caminhão tanque que percorre diversas localidades. Ele deixa um galão e periodicamente passa para buscá-lo", acrescenta. Ao chegar à usina, este óleo é limpo e tratado para ser misturado a outros óleos que se transformam em biodiesel, combustível biodegradável e não tóxico, o que o torna mais seguro do que o diesel de petróleo. O seu uso também contribui para a diminuição do efeito estufa.

Outra idéia da Oleoplan é, futuramente, ampliar o projeto à rede escolar. O processo de conscientização de crianças e adolescentes não está formatado, mas deve ser iniciado por Veranópolis. "Em muitas localidades do interior da serra não há sobra de óleo de fritura. O pessoal aproveita como ração animal ou então usa como cobertura em fatias de pão", destaca Boff. Questionado sobre o volume mensal de óleo consumido na serra gaúcha por donas de casa, bares, restaurantes e cozinhas industriais, o empresário respondeu que não dispõe de estatísticas.

O grupo Oleoplan, que há 26 anos trabalha com esmagamento de óleo de soja, está apostando em outras culturas. Contratos efetivados com cooperativas da região, envolvendo 11 mil famílias donas de pequenas propriedades rurais, já estão produzindo resultados com canola, mamona e tungue. Segundo a direção, as receitas do grupo, incluindo produção biodiesel, gordura vegetal, farinhas derivadas de soja, farelo para alimentação animal e fibras, chegarão a R$ 130 milhões.

Guilherme Arruda