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Soja

Preço da soja encerra abril em alta no mercado interno


Globo Rural - 02 mai 2024 - 10:42

O preço da soja encerrou o mês de abril em alta no mercado brasileiro. Com suporte de fatores como a valorização do dólar e a melhora dos prêmios de exportação nos portos, as cotações domésticas se movimentaram na direção contrária à da bolsa de Chicago, onde acumularam queda.

Na terça-feira (30), os preços internacionais do grão voltaram a cair na bolsa americana, pressionados pela desvalorização do óleo na bolsa de Chicago. O avanço da safra dos Estados Unidos também contribuiu com o resultado na sessão.

O contrato com vencimento em julho encerrou o dia com desvalorização de 1,61%, cotado a US$ 11,63 o bushel. No mês, a baixa foi de 3,51%, de acordo com levantamento do Valor Data, com base no contrato de segunda posição. No ano, a soja acumula queda de 10,4%.

O indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) ficou em R$ 129,05 a saca de 60 quilos, base Porto de Paranaguá (PR), na terça-feira (30/4). No comparativo diário, houve alta de 0,3% e, no mês, aumento de 4,04%. A referência baseada nos negócios no Paraná fechou abril em alta de 4,1%. Na terça-feira, indicou R$ 124,51 a saca.

Em Mato Grosso, o indicador do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) caiu 0,31% na semana passada e teve média de R$ 108,77 a saca de 60 quilos. Na terça-feira, voltou a ter baixa e ficou em R$ 107,75 a saca. Ainda assim encerrou o mês em nível mais elevado do que no início. Dia 28 de março, a cotação foi de R$ 104,44 e, em 1º de abril, de R$ 105,26.

Segundo o Imea, a média da última semana foi 3,9% superior à do mesmo período em março, mesmo com o recuo das cotações em Chicago. “Esse cenário foi atrelado ao aumento de 2,74% no dólar. Além disso, os prêmios correntes voltaram ao campo positivo nos últimos dias, contexto não visto desde o início de 2024, o que contribuiu com a escalada dos preços no Estado”, informaram os pesquisadores do Imea, em boletim semanal.

Em outras regiões, dados da Scot Consultoria apontam soja valendo R$ 113 a saca em Luís Eduardo Magalhães (BA) na terça-feira (30/4). Em Rio Verde (GO), R$ 114,33 a saca; em Balsas (MA), R$ 107,50; no Triângulo Mineiro, R$ 114, mesmo valor em Dourados (MS).

Nos portos, a soja era cotada a R$ 130 a saca de 60 quilos em Santos (RS), mesmo valor de Rio Grande (RS), informa a Scot. Segundo o Sim Consult, o prêmio para julho está positivo em US$ 0,22 por bushel em relação ao contrato de Chicago. Para agosto, o ágio é de US$ 0,35 sobre o valor da bolsa.

Plantio nos EUA e colheita no Brasil

Daqui para frente, avalia o Imea, os preços internacionais devem acompanhar o ritmo do plantio da safra dos Estados Unidos, que está superior ao do ano passado. Dados do Departamento de Agricultura do país (USDA) apontam que as máquinas tinham passado por 18% da área até domingo (28/4). Na mesma época em 2023, a proporção estava em 16%. Amédia de cinco anos é de 10%.

“As cotações da soja na CME-Group (bolsa de Chicago) terão grande influência da safra americana, o que pode contribuir para maiores volatilidades no valor da soja em Mato Grosso”, pontua o Imea.

No Brasil, a colheita da temporada 2023/24 está no fim. Em Mato Grosso, principal produtor nacional do grão, o trabalho de campo já terminou, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária. No Paraná, também, de acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral), ligado à Secretaria Estadual da Agricultura.

Boletim da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado (Emater/RS), ainda no fim da semana passada, já alertava para problemas. De acordo com os técnicos, há casos de exposição prolongada de grãos maduros ao excesso de umidade, que pode prejudicar a qualidade do produto.

“À medida que a colheita avança para o terço final, observa-se uma tendência de redução de produtividade das lavouras. Essa diminuição ocorre após um pico de rendimento e é percebida a partir do início da colheita de lavouras mais tardias”, diz a Emater, no boletim semanal.

Mais sobre Soja

O trabalho de campo da safra de soja 2023/24 vai chegando ao fim marcado por uma forte interferência de condições climáticas desfavoráveis nas regiões de produção, que frustrou expectativas de um novo recorde. De volumes projetados em mais de 160 milhões de toneladas, incialmente, as estimativas atuais apontam para uma produção inferior a 150 milhões.

Na segunda-feira (29/4), a consultoria Datagro revisou sua estimativa de 146,3 milhões para 147,9 milhões de toneladas, baseada em resultados “um pouco melhores” de produtividade. “Com possíveis novas revisões, conforme a colheita vai chegando ao final”, afirma o consultor Flávio Roberto de França Junior.

Raphael Salomão – Globo Rural