PUBLICIDADE
CREMER2024 CREMER2024
Alcool

Desafios para a indústria sucroalcooleira nacional


BiodieselBR - 02 fev 2006 - 23:00 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:22

Apesar do pioneirismo de ter uma indústria tecnicamente qualificada, com os menores custos e um grande potencial para aumento da produção, alguns desafios estão colocados e exigem uma ação planejada e conjunta do Governo com o setor privado. O primeiro, talvez o maior dos desafios, diz respeito às dimensões do mercado mundial de combustíveis. Embora com apenas metade da cana o Brasil consiga substituir mais de quarenta por cento da gasolina consumida internamente, a produção mundial de etanol ainda é insignificante.

A produção de álcool pode ser uma alternativa para os países beneficiários de regimes especiais de cotas, como os ACPs (African, Caribean and Pacific), permitindo uma maior aproximação do Brasil com esses países, de forma a reverter o ambiente de insatisfação ocasionado pelo Painel no âmbito da OMC, movido por Brasil, Austrália e Tailândia, contestando o Regime Açucareiro Europeu, do qual eles são beneficiários.

O segundo ponto diz respeito à necessidade de um plano diretor para a expansão da indústria sucroalcooleira. Esse plano deve começar pelo zoneamento agrícola da cana, o qual deve subsidiar não apenas o planejamento da ocupação de novas áreas, como também o gerenciamento de políticas públicas para áreas tradicionais, eventualmente não recomendadas para o cultivo.

Dentro desse enfoque cabe destacar as irregularidades climáticas, presentes especialmente na Zona da Mata Nordestina, e a topografia acidentada, observada exatamente nas áreas mais tradicionais, como a própria Zona da Mata Nordestina e a Zona da Mata Mineira. Num contexto onde crescem as pressões pela eliminação das queimadas, será cada vez mais difícil assegurar a viabilização da atividade em áreas não mecanizáveis.

O problema das queimadas, no entanto, não deve ser menor do que o da monocultura. É preocupante a situação do Estado de São Paulo, onde além de já ter aproximadamente metade de suas terras agricultáveis cobertas pela cana, constitui a maior fronteira de expansão do país, com mais de 25 projetos de implantação de novas unidades. Esse excesso de concentração, embora aparentemente irreversível naquele Estado, deve ser evitado nas novas áreas.

Esse problema da concentração está diretamente relacionado ao terceiro ponto, que diz respeito à necessidade de investimentos em infra-estrutura de escoamento no interior do país. Apesar do expressivo crescimento nos Estados do Centro-Oeste, a produção ainda é incipiente, especialmente se comparada à disponibilidade de terras e à performance da soja nos anos recentes. Assim como o Centro-Oeste, o Meio Norte (Estado de Tocantins, e sul dos Estados do Maranhão e Piauí), se apresenta como novo eixo de produção, mas depende da concretização de alguns investimentos em infra-estrutura para se conectar aos portos de São Luis e Fortaleza. Essas regiões, além da regularidade climática, têm no custo das terras outro importante diferencial positivo.

Outro desafio não menos importante diz respeito à capacidade da indústria de base em atender às necessidades de crescimento do setor. Considerando as estimativas de crescimento da demanda por capacidade de processamento, estima­se a necessidade de implantação de pelo menos 15 novas unidades por ano nos próximos 5 anos, além de outras 10 unidades anuais nos 3 anos subseqüentes.