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Alcool

Perspectivas do Álcool / Etanol


BiodieselBR - 02 fev 2006 - 23:00 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:22

Cenário atual e perspectivas do álcool

A indústria sucroalcooleira vive um momento de otimismo, decorrente de uma conjunção de fatores favoráveis. Ao tempo em que a economia nacional inicia processo de recuperação, que se reflete no aumento do consumo de açúcar e combustíveis, inclusive o álcool, o mercado externo também está cada vez mais atraente e promissor.

Se a partir de 2002 os consumidores já voltavam a demonstrar interesse pelo carro a álcool, com o lançamento dos veículos “flex” e a elevação dos preços internacionais do petróleo, o álcool hidratado voltou a ser um grande negócio, especialmente nas cidades próximas das regiões produtoras. Com apenas dois anos de existência, essa nova tecnologia representa 50% das vendas de veículos novos em 2005, com uma participação superior a 60% nas vendas do segundo semestre.

Estima-se que nos próximos anos ingressem no mercado pelo menos 1 milhão de veículos/ano, demandando 1,5 bilhão de litros de álcool hidratado no consumo anual (estima-se que esses veículos devem consumir uma média de 2 mil litros/ano. Entretanto, deve-se descontar uma redução de 500 mil litros/ ano, que deverá deixar de ser consumida pela antiga frota de veículos a álcool, em fase de sucateamento).

Com base nessas projeções, estima-se que, nos próximos 5 anos, a demanda interna por cana-de-açúcar salte de 240 milhões de toneladas (70 milhões de toneladas de cana para açúcar e 170 milhões para álcool), para algo em torno de 334 milhões de toneladas (84 milhões para açúcar e o restante para álcool). Apesar de amplamente satisfatório para o setor privado, o problema é preocupante para o Governo, especialmente porque, além da necessidade de incremento de, praticamente, 100 milhões de toneladas na produção para atender o mercado doméstico, a demanda externa também é crescente.

Internacionalmente, os contratos firmados entre a Petrobras e as companhias petrolíferas da Venezuela e da Nigéria, somados às expectativas quanto ao mercado japonês e à consolidação dos investimentos no reprocessamento no Caribe (exportações para o mercado americano utilizando a cota destinada aos países daquela região), podem representar um incremento de quatro a cinco bilhões de litros de álcool nas exportações.

Não seria otimismo estimar que a demanda externa deverá representar a necessidade de incremento de outros 120 milhões de toneladas de cana. Diferentemente do que deve ocorrer no mercado doméstico, a maior demanda ocorrerá no mercado de açúcar (70 milhões de toneladas). No caso do mercado de álcool, embora o crescimento deva ser expressivo, a natureza estratégica do produto deverá retardar as decisões de alguns importantes atores, como a União Européia, os quais privilegiarão a estruturação da base produtiva doméstica antes de recorrer às importações.

De todo modo, ainda que de maneira muito otimista, estima-se a necessidade de incremento da produção em mais de 200 milhões de toneladas de cana nos próximos 8 anos. Significa um incremento superior a 50%, que exige não apenas a elaboração de um plano de expansão da produção, como também o equacionamento dos gargalos ligados à infra-estrutura de transporte e escoamento.