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2009

As 6 tendências do biodiesel para ficar de olho em 2010


Julio Cesar Vedana - 14 dez 2009 - 09:38 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:10

Com a lucratividade proporcionada pelos leilões de biodiesel, o crescimento da atividade industrial em 2009 foi comparável ao boom vivido pelo setor em 2007. De maneira geral, esse desenvolvimento promove mudanças graduais na forma como o setor atua e se constitui em uma das fases de sua consolidação.

Conhecer as tendências que estão se formando e o estágio de maturação de cada uma delas é o primeiro passo para avaliar como a empresa está inserida no novo contexto e o que será preciso para se adaptar.

1 - Ampliação da capacidade industrial

A construção de novas usinas mostrou uma retomada vigorosa no interesse pelo setor. Mas foram as ampliações de unidades existentes que mais impactaram na capacidade autorizada da indústria. Essa tendência não deve diminuir em 2010, uma vez que muitos projetos devem ser concluídos e o lucro não deve ser muito menor do que o experimentado neste ano.

2 - Fim dos leilões

Possivelmente veremos no segundo semestre do próximo ano uma intensificação das discussões sobre a melhor forma de comercialização do biodiesel. Antes da liberação completa do mercado, o mais provável é que se estabeleça uma fase de transição, com a entrada de leilões CIF no lugar dos atuais leilões FOB. Ou seja, o biodiesel seria vendido já com o preço de entrega na distribuidora e não mais com entrega na porta da usina.

A implicação óbvia dessa medida seria justamente o favorecimento das unidades que estão próximas de uma base distribuidora. Desde que, é claro, consigam matéria-prima com preço competitivo.

Mas os leilões não devem acabar tão cedo. A expectativa é que eles continuem em 2010, enquanto o debate em torno do assunto ganha corpo. Somente uma situação excepcional – como, por exemplo, suspeitas na formação do preço das usinas – poderia acelerar o processo do fim dos leilões.

3 – Verticalização

Considerando que 80% do custo do biodiesel está na matéria-prima, mais do que uma tendência, a verticalização é um processo inerente à produção. Fato que não ficou evidente em 2009 porque a capacidade real de produção esteve sempre muito próxima à demanda. Como dificilmente haverá evolução na mistura obrigatória de biodiesel e novas unidades iniciarão suas atividades, é sensato esperar que as usinas/esmagadoras abocanhem fatia maior do mercado.

Embora essa tendência caminhe lado a lado com a ampliação da capacidade industrial, não são todas as usinas que podem verticalizar a produção de biodiesel com eficiência. A incorporação de uma esmagadora junto à unidade acarreta grandes investimentos, além da necessidade de adequação do modelo de negócio. O mesmo ocorre na outra ponta, da distribuição. Mas como em 2010 os leilões devem ser a forma dominante de comércio, a construção de uma esmagadora promove maiores benefícios que a integração com uma distribuidora.

4 – Crescimento da demanda

Todos aguardam e almejam uma definição quanto à forma como o mercado evoluirá a partir de 2010. Muitas opções para o aumento no uso de biodiesel foram colocadas. Algumas propostas não são nem consideradas pelo governo e outras são analisadas a fundo, mas apenas uma pode se concretizar em 2010. Contudo, não existe neste momento uma sinalização clara sobre se realmente haverá crescimento da demanda obrigatória.

Entre as propostas surge o B20 Metropolitano, que apesar do apoio das usinas encontra muitas barreiras e não deve ser realidade muito cedo.

O mesmo não se pode dizer do incremento gradual da mistura, que em 2010 chega ao B5. Apesar da necessidade de uma nova lei, esta opção parece ser muito mais fácil de ser colocada em prática e, com o esperado crescimento da capacidade produtiva, não seria surpresa um B6 em 2011. Provavelmente este B6 não viria sozinho: estaria dentro de um cronograma que possibilitaria o B10 até 2015. Situação que aqueceria o mercado como nunca antes na história deste país.

Caminhando por fora está o uso de diesel em carros de passeio e em um futuro ainda muito distante a exportação de biodiesel.

De certeza tem-se apenas que de maneira livre o mercado ainda não tem condições de crescer. É indispensável a obrigatoriedade de novas misturas.

5 – Mudanças no selo Combustível Social

Muitos dirão, cobertos de razão, que as mudanças já deveriam ter acontecido no início de 2008. Mas o fato é que, embora algumas mudanças tenham chegado em 2009, elas não colocaram a inclusão social nos eixos. E esse atraso é um dos motivos que possivelmente farão com que o selo continue não funcionando.
 
É imprescindível que as empresas que não cumprem as regras percam o selo. Mas, como se sabe hoje, a capacidade real de produção está colada na demanda do B5. E se o MDA deixasse de fazer vista grossa, muitas usinas perderiam o benefício. Como então fazer um leilão onde 80% da demanda só poderá ser atendida por usinas que efetivamente estejam incluindo a agricultura familiar?

Não dá para imaginar que o governo diminuiria o lote de 80% destinado às unidades com selo para favorecer justamente quem perdeu o benefício.

Assim como nos anos anteriores, esta tendência é mais um desejo dos envolvidos com o setor do que uma realização alcançável em 2010. Apesar de uma ou outra empresa acabar perdendo o benefício, as mudanças devem parar por aí.

6 – Laboratórios integrados

A integração dos laboratórios também representa uma etapa de verticalização e é positiva apenas para grandes usinas. Para que a construção de um laboratório com condições de realizar uma grande quantidade de ensaios seja viável, a escala de produção deve ser suficiente para justificar o investimento. Em 2009, o movimento ganhou força. As grandes usinas brasileiras que já possuem um laboratório certificado pela ANP são: Brasbiodiesel, Granol, BSBios, Brasil Ecodiesel, Fiagril, Petrobras, ADM e Agropalma.

Com o crescimento da capacidade produtiva através de inaugurações e ampliações, outras usinas devem seguir este caminho em 2010.

Julio Cesar Vedana é diretor de redação da Revista BiodieselBR e do portal BiodieselBR.com