PUBLICIDADE
CREMER2024 CREMER2024
2005

Crise do petróleo


2005 - Novembro - 31 jan 2006 - 23:00 - Última atualização em: 06 mar 2012 - 12:51

 Vida após a crise do petróleo

A Vida após o Fim do Petróleo (Life After The Oil Crash) por Matt Savinar

A civilização tal como a conhecemos está a aproximar-se rapidamente do fim. Isto não é a conclusão de qualquer seita religiosa, mas o resultado de uma análise criteriosa, suportada por informação credível e pelos cientistas que estudam o "Peak Oil" a nível global, e os eventos geo-políticos que com ele estão relacionados.

E quem são estes profetas da desgraça que afirmam que o céu está a cair? Fanáticos da conspiração? Adeptos do Apocalipse bíblico? Pelo contrário, são alguns dos geólogos mais respeitados, mais credenciados e mais bem pagos do mundo. E é isso o mais assustador.

bush exploracao do petroleo

A situação é tão negra que até o Conselheiro para a Energia de George W. Bush, Matthew Simmons, reconheceu que "A situação é desesperada. Esta é a situação mais grave que o mundo enfrenta". Numa entrevista dada em Agosto de 2003, perguntaram a Simmons se estava na altura do "Peak Oil" se tornar parte do debate público. Ele respondeu:

É mais do que tempo. Tal como disse, os especialistas e os políticos não têm um plano de recurso. Se a energia decair, sobretudo quando 5.000 dos 6.500 milhões de habitantes do mundo dão pouca ou nenhuma utilização às novas energias, isto representará uma enorme sacudidela no nosso bem-estar económico e pessoal -- maior do que alguém possa imaginar.

Quando lhe perguntaram se existia uma solução, Simmons respondeu:

Não creio que exista. A solução é rezar. Se as coisas correrem bem, se todas as orações forem atendidas, não haverá crise durante mais dois anos, talvez. Depois disso, é uma certeza.

E não é apenas Simmons quem toca o alarme. Segundo o Secretário da Energia norte-americano Spencer Abraham, "A América está perante uma grave crise de fornecimento energético a ter lugar durante as duas próximas décadas. Não estar à altura deste desafio ameaçará a prosperidade económica da nossa nação, comprometerá a nossa segurança nacional, e alterará literalmente o nosso modo de vida".

Nas páginas que se seguem poderá encontrar uma breve explicação do "Peak Oil", as ramificações, e o que poderemos fazer naquilo que está ao nosso alcance.

Pico do petróleo e as Ramificações na Civilização Industrial

"Lide com a realidade ou a realidade lidará com você" (Deal with Reality, or Reality will Deal with You) por Matt Savinar

Parte 1: "Peak Oil" e as Ramificações na Civilização Industrial

1. O que é o "Peak Oil"?

Toda a produção de petróleo segue uma curva em forma de sino (curva de Hubbert), seja num campo individual ou no planeta como um todo. Na parte ascendente da curva os custos de produção são significativamente mais baixos do que na parte descendente, quando é necessário um maior esforço (despesa) para extrair petróleo de poços que estão a ficar vazios. Para simplificar: o petróleo é abundante e barato na curva ascendente, escasso e caro na curva descendente. O pico da curva coincide com o ponto em que as reservas mundiais de petróleo estão consumidas em 50%. "Peak Oil" é o termo da indústria para o topo da curva. Uma vez passado o pico, a produção de petróleo começa a decair enquanto os custos começam a subir.

crise do petróleo

Em termos práticos e bastante simplificados isto significa que, se 2000 foi o ano do "Peak Oil", a produção mundial de petróleo no ano 2020 será a mesma de 1980.

Contudo, a população mundial em 2020 será muito maior (aproximadamente o dobro) e muito mais industrializada do que era em 1980. Consequentemente, a procura mundial de petróleo ultrapassará a sua produção por uma margem significativa. Quanto mais a procura exceder a produção, mais alto será o preço. Em última análise, a questão não é "Quando acabará o petróleo?", mas sim "Quando acabará o petróleo barato?"

2. Quando ocorrerá o "Peak Oil"?

As estatísticas mais optimistas indicam que se atingirá o pico da produção petrolífera entre os anos de 2020 a 2035. Normalmente, estas estimativas vêm de agências governamentais como o Observatório Geológico dos Estados Unidos, das companhias de petróleo, ou de economistas que não consideram a dinâmica do esgotamento de recursos. Mesmo que os optimistas estivessem certos, estaríamos a raspar no fundo do barril de petróleo ainda durante o período de vida da maioria das pessoas que estão hoje na meia-idade.

Uma estimativa mais realista cai entre os anos de 2004 a 2010. Infelizmente, nós não saberemos se o pico foi atingido antes de se passarem 3 ou 4 anos após o facto. Mesmo na parte ascendente da curva, a produção de petróleo varia um pouco de ano para ano. É possível que a produção mundial de petróleo tenha atingido um máximo no ano 2000, porque tem descido a cada ano que se passou. A indústria da energia reconheceu serenamente a gravidade da situação. Por exemplo, num artigo recentemente colocado na página da Exxon-Mobil Exploration, o presidente da empresa, Jon Thompson, declarou:

Até 2015, teremos de encontrar, desenvolver e produzir um adicional de petróleo e gás equivalente a 8 em cada 10 barris que são produzidos actualmente. Espera-se também que o custo associado ao fornecimento acrescido deste petróleo e gás seja considerávelmente superior ao que a indústria despende actualmente.

Igualmente assustador é o facto da maioria das prospecções mais prometedoras se situarem longe dos grandes mercados -- algumas em regiões onde faltam mesmo as infraestruturas básicas. Outras em climas extremos, como no Ártico, colocam extraordinários desafios técnicos.

Se Jon Thompson é tão sincero num artigo colocado no sítio da Exxon-Mobile, poderemos imaginar o que por lá se diz à porta fechada. Os Sauditas não são menos sinceros que Jon Thompson quando discutem o colapso iminente da civilização baseada no petróleo. Eles têm um ditado que diz "O meu pai andava de camelo. Eu ando de carro. O meu filho anda de avião. O filho dele vai andar de camelo". Como se pode ver pelos gráficos que ilustram este artigo, os Sauditas não estão a exagerar.

3. Não importa. Se a gasolina subir muito, eu compartilho o carro, ou arranjo um desses carros híbridos. Porque havia de me preocupar?

Quase toda a actividade humana, desde os transportes, as fábricas, a electricidade, aos plásticos, e especialmente à produção de alimentos e água está profundamente ligada ao fornecimento do petróleo e gás natural.

A. O petróleo e a produção alimentar

Nos EUA, são necessárias aproximadamente 10 calorias de combustível fóssil para produzir 1 caloria de comida. Se a embalagem e transporte forem factores da equação, a proporção sobe consideravelmente. Esta disparidade tem sido permitida pela abundância de petróleo barato. A maioria dos pesticidas é obtida a partir do petróleo, e todos os fertilizantes comerciais são baseados no amoníaco. O amoníaco é produzido a partir do gás natural, um combustível fóssil sujeito a um perfil de esgotamento semelhante ao do petróleo. O petróleo permitiu a existência de ferramentas agrícolas como os tractores, sistemas de armazenamento de alimentos como as câmaras frigoríficas, e os sistemas de transporte de mantimentos como os camiões de distribuição. A agricultura baseada no petróleo é o factor principal que levou ao aumento em flecha da população mundial, de 1.000 milhões em meados do séc. XIX até aos 6.300 milhões no virar do séc. XXI. Enquanto a produção petrolífera subiu, subiu igualmente a produção alimentar. Enquanto a produção alimentar subiu, subiu igualmente a população. Enquanto a população subiu, subiu também a procura de alimentos, o que levou ao aumento da procura do petróleo.

No espaço de poucos anos após ocorrer o "Peak Oil", o preço dos alimentos vai disparar, tal como os preços de produção, armazenamento, transporte e embalagem, que também terão de subir.

Para mais informação sobre petróleo e produção alimentar, podem ler os seguintes artigos (em inglês):

1. "Eating Fossil Fuels" de Dale Allen Pfeiffer

2. "The Oil We Eat" de Richard Manning

B. O petróleo e o fornecimento de água

O petróleo também é necessário para a distribuição da quase totalidade da nossa água potável. O petróleo é usado para construir e conservar aquedutos, barragens, canalizações, poços, bem como para bombear a água que chega às nossas torneiras. Tal como com os mantimentos, o custo da água potável vai subir com a subida do preço do petróleo.

C. O petróleo e a saúde

O petróleo é largamente responsável pelos avanços efectuados pela medicina nos últimos 150 anos. O petróleo permitiu o fabrico em massa das drogas farmacêuticas, do equipamento cirúrgico e o desenvolvimento de infraestruturas de saúde pública como os hospitais, as ambulâncias, as estradas, etc..

D. O petróleo e tudo o resto

O petróleo é também necessário para quase todos os aspectos do consumo, desde os sistemas de esgotos, tratamento de lixos, manutenção de estradas, polícia, serviços de bombeiros e a defesa nacional. Por isso, as consequências do "Peak Oil" terão efeitos muito além do preço da gasolina. Dito de um modo simplificado, podemos esperar: o colapso económico, a guerra, a fome generalizada, e um decréscimo maciço da população mundial.

4. O que quer dizer com "decréscimo maciço"?

Exactamente isso. Calcula-se que a população mundial se contrairá durante a Quebra do Petróleo, até se situar entre 500 milhões e 2.000 milhões. (A população actual é de 6.400 milhões)

5. Está a falar a sério? Isso é cerca de 90% da nossa população actual. Como podem perecer tantas pessoas? De onde vêm essas estimativas?

A estimativa vem de biólogos que estudaram o que sucede com os seres vivos quando se esgota um recurso fundamental do seu meio ambiente. Os resultados são os mesmos, quer se trate de bactérias numa cultura ou seres humanos numa ilha.

Exemplo A: A Bactéria

A bactéria de uma cultura crescerá exponencialmente até se acabarem os recursos, um ponto em que a sua população sofrerá uma quebra. Apenas uma geração antes da quebra, a bactéria terá utilizado metade dos recursos disponíveis. Para a bactéria, não existirá qualquer indício de problemas até começar a morrer à fome. Antes disso acontecer, a bactéria começará a canibalizar-se antes de lutar até à última pela sobrevivência.

Mas os humanos são mais inteligentes que as bactérias, não é? Poderíamos pensar que sim, mas os factos indicam o contrário. O primeiro poço de petróleo explorado comercialmente foi aberto em 1859. Nessa época, a população mundial era cerca de mil milhões. Menos de 150 anos depois, a nossa população disparou para os 6.400 milhões. Nesse período, utilizámos metade do petróleo explorável existente no mundo. A metade que resta custará mais caro extraí-la. Se os peritos estiverem correctos, estamos a menos de uma geração de distância da Quebra. Apesar disso, para muitos de nós parece não existir qualquer indício de problemas. A uma geração de distância do nosso perecimento, estamos tão alheios como as bactérias numa cultura.

Exemplo B: A Ilha da Páscoa

No decurso da nossa História, muitas populações humanas sofreram decréscimos maciços. O exemplo mais próximo da nossa situação actual foi o que teve lugar na Ilha da Páscoa durante o início do séc. XVIII. A Ilha da Páscoa foi descoberta pela civilização ocidental em 1722, quando o explorador holandês Jacob Roggeveen desembarcou na ilha. Na época, Roggeveen descreveu a ilha como uma terra desolada. Os ilhéus que ele encontrou levavam uma existência particularmente primitiva, mesmo pelos padrões do séc. XVIII. Na ilha não existia madeira para queimar, havia poucas espécies de plantas, e não existiam animais nativos maiores que insectos. Os ilhéus não conheciam a roda, não tinham animais de tiro, possuíam poucos utensílios e só 3 ou 4 canoas estragadas e a meter água.

Apesar da aridez existente, a Ilha da Páscoa estava povoada com enormes estátuas de pedra, de construção elaborada. Roggeveen e a sua tripulação ficaram completamente perplexos com as estátuas, porque era claro que quem as tinha construído possuia utensílios, recursos e capacidade organizacional bem mais avançada que os ilhéus que eles encontraram. O que teria acontecido a este povo?

Segundo os arqueólogos, a Ilha da Páscoa foi inicialmente colonizada por Polinésios cerca do ano 500 DC. Nessa altura, a ilha era um paraíso primordial com florestas luxuriantes. Sob estas condições, a população da ilha cresceu até aos 20.000 habitantes. Durante este florescimento populacional, os ilhéus usaram a madeira das florestas como a energia de suporte para praticamente todos as vertentes de uma sociedade altamente complexa. Utilizaram a madeira para combustível, canoas e casas -- e, claro, para transportar as enormes estátuas. A cada ano que passava, os ilhéus tiveram de cortar mais e mais árvores à medida que as estátuas se tornavam cada vez maiores.

Quando as árvores desapareceram, os ilhéus ficaram sem madeira e cordas para transportar e erigir as estátuas; as fontes e as correntes de água secaram, e a madeira para combustível acabou. O fornecimento de comida também diminuiu à medida que desapareceram as aves terrestres, os muluscos maiores e as aves marinhas. Quando os troncos para construir canoas deixaram de existir, a pesca declinou e o peixe deixou de fazer parte da ementa. Quando o fornecimento de comida diminuiu consideravelmente, os ilhéus recorreram ao canibalismo para se sustentarem. A prática tornou-se tão vulgar que eles tinham um insulto que dizia: "A carne da tua mãe enfiou-se entre os meus dentes".

Em pouco tempo o caos substituiu o governo centralizado, e uma classe de guerreiros derrubou os chefes hereditários. Por volta de 1700, a população começou a decrescer até restar entre 0,25 a 0,10 do número original. As pessoas começaram a viver em cavernas para melhor protecção dos seus inimigos e as estátuas foram derrubadas em guerras de clãs. A Ilha da Páscoa, em tempos a morada de uma sociedade complexa, tornara-se uma terra barbarizada.

Tal como Jared Diamond, Professor de Medicina na UCLA, explicou:

A Ilha da Páscoa apresenta-se-nos hoje como uma metáfora: isolada no meio do Oceano Pacífico, sem ninguém para a ajudar, sem nenhum local para onde fugir, a Ilha da Páscoa entrou em colapso. Do mesmo modo, podemos olhar para o Planeta Terra no meio da galáxia e, se também nós tivermos sarilhos, não há outro local para onde fugir, nem outro povo a quem possamos pedir ajuda.

6. Ainda não consigo imaginar esse número de mortos. É demasiado horrível para pensar. Só 10% de nós vai safar-se? Como é que isso é possível?

Eu sei como você se sente. É muito difícil lidar com isto, tanto emocional como intelectualmente. Como Michael Meacher, antigo ministro do ambiente do Reino Unido, declarou recentemente, "É difícil encarar os efeitos, na economia moderna ou na sociedade, de uma redução radical no fornecimento do petróleo. As implicações são avassaladoras". Talvez a explicação seguinte, embora consideravelmente simplificada, ajude a ilustrar o futuro para o qual caminhamos.

Como foi explicado acima, a produção mundial do petróleo segue uma curva em forma de sino. Por isso, se 2000 foi o ano do pico de produção, significa que no ano 2025 a produção de petróleo será aproximadamente a mesma que se efectuou no ano 1975. A população para o ano 2025 calcula-se, em números redondos, nos 8.000 milhões. A população em 1975 era de aproximadamente 4.000 milhões. Dado que a produção de petróleo equivale no essencial à produção de alimentos, isto significa que teremos 8.000 milhões de pessoas no planeta, mas comida para apenas 4.000 milhões.

Com isto presente, imagine a seguinte situação: você, eu e mais 6 pessoas, estávamos fechados numa sala, com comida para apenas 4 pessoas. Pelo menos metade de nós morreria de fome. Mais um ou dois provavelmente morreria a disputar a pouca comida que temos. Isto é o que aconteceria se as pessoas lutassem com os punhos. Se nos dessem armas, imagine como ficaria aquela sala...

7. Parece claro que temos um verdadeiro problema, mas você está a descrever o pior cenário possível, não é?

Estou a descrever o cenário mais provável. O pior cenário é a extinção, porque as guerras que vão acompanhar a escassez do petróleo serão provavelmente as mais terríveis e generalizadas que a humanidade alguma vez atravessou. Discutiremos isto com mais pormenor na Parte 4.

8. Onde é que você foi buscar esta informação? Quem mais está a falar acerca do "Peak Oil"? Que antecedentes é que eles possuem? Como é que eu sei que eles são credíveis, e não uns doidos?

Quando você acabar de ler estes textos, aconselho-o a ir ao Google e procurar o termo "Peak Oil". Você encontrará para sua consternação, tal como eu, que tudo o que leu neste sítio é suportado por factos palpáveis, relatados por fontes altamente respeitadas. Tem aqui alguns links para começar:

A. Dr. David Goodstein, Professor de Física e Vice-Reitor da Universidade Cal Tech

*ABC News, entrevista com Goodstein

B. Matthew Simmons, Conselheiro para a Energia de George Bush

*Agosto de 2003, entrevista com Simmons

*Simmons, Fevereiro de 2004: Apresentação completa em Power Point sobre o "Peak Oil"

*Índice completo dos ensaios de Simmons sobre o "Peak Oil" e temas relacionados

C. Dr. Colin Campbell, antigo Geólogo de Exploração da Texaco, Geólogo-Chefe do Equador, e fundador da Associação para o Estudo do "Peak Oil" e do Gás

*Mais de 35 "newsletters" sobre o "Peak Oil" pelo Dr. Campbell

*Mais de 15 artigos sobre o "Peak Oil" pelo Dr. Campbell

D. Artigos nas principais publicações noticiosas

*Mais de 50 artigos de publicações como The San Francisco Chronicle, The Los Angeles Times, Barrons, New York Times, Newsweek, The Financial Times, The Washington Post, Business Week, etc. (clicar em "Articles")

9. Será possível termos já atingido o "Peak Oil" e que estejamos agora nas primeiras fases da Quebra do Petróleo?

Sim. Existe uma grande evidência de que já entrámos na quebra.

A. Declínio da produção petrolífera

Em Maio de 2003, na Conferência do "Peak Oil" em Paris, Kenneth Deffeyes, Professor de Princeton e autor de "O Pico de Hubbert: A Iminente Crise Mundial do Petróleo", explicou que o "Peak Oil" se deu em 2000 notando que a produção tem de facto declinado desde essa data.

B. Estimativas drasticamente revistas sobre as reservas de petróleo e gás natural

Em Outubro de 2003, a CNN Internacional noticiou que uma equipa de investigação da Universidade de Uppsala, na Suécia, tinha concluído que as reservas mundiais de petróleo eram 80% abaixo do que se calculava, que a produção mundial de petróleo atingiria o pico dentro dos próximos 10 anos, e que, após o pico da produção, os preços da gasolina atingiriam níveis desastrosos. Em Janeiro de 2004 as acções das principais companhias petrolíferas caíram, após a Royal Dutch/Shell Group ter abalado os seus investidores ao cortar as suas reservas "demonstradas" em 20%, levantando preocupações sobre as outras companhias, se teriam também avaliado incorrectamente a sua parte. Um mês depois, a companhia energética El Paso Corporation anunciou que tinha de cortar as suas reservas demonstradas de gás natural em 41%.

C. O alto preço do petróleo e da gasolina

Em Março de 2004, o preço do petróleo atingiu 38 dólares o barril, o mais alto desde 1991. O preço médio do galão de gasolina (aprox. 3,8 litros) atingiu nos EUA um recorde de 1,77 dólares, e em algumas zonas chegava aos 2,40. Muitos analistas previram que o preço da gasolina excederá os 3,50 dólares por galão no Verão de 2004.

D. Valores altos de desemprego

Podemos pensar no "Pico de Produção Petrolífera" como um sinónimo para "Pico na Criação de Emprego". Em Dezembro de 2003, o desemprego "ajustado", que foi espremido até ao limite do concebível, ficou ainda assim nos 6%. Contudo, se for considerado o factor de qualidade de emprego, os números reais andam pelos 12 a 15%. Em Março de 2004, a economia norte-americana está a criar apenas 21.000 empregos por mês, 20.000 dos quais são criados pelo governo. Precisamos, contudo, de criar mais de 200.000 novos empregos por mês apenas para acompanhar o aumento da população. Criar novos empregos é praticamente impossível, agora que a produção de petróleo atingiu o pico. Sem um aumento no fornecimento de energia a economia não consegue crescer, e os empregos não podem ser criados. Isto significa que, nos próximos anos, veremos mais casamentos "gay" do que novos empregos serem criados.

E. Apagões

Os sucessivos apagões que aconteceram na Califórnia nos finais de 2000, o enorme apagão da Costa Leste em Agosto de 2003 e vários outros apagões maciços que ocorreram nos finais do Verão de 2003 são simplesmente um sinal das coisas que virão.

F. Redução de alimentos e da produção química

A produção mundial de cereais tem caído de ano para ano, desde 1996-1997. A produção mundial de trigo tem caído de ano para ano, desde 1997-1998. Na China, as recentes oscilações no preço dos alimentos, podem ser sinais da aproximação de uma crise mundial na alimentação, provocada pelo aquecimento global e por uma escassez crescente no abastecimento de água aos maiores produtores de cereais. Nos EUA, um quarto das fábricas de fertilizantes fechou definitivamente durante o ano passado; outro quarto ficou parado até os preços do gás natural recuarem, após uma subida súbita. (Ver Richard Heinberg, "Actualização, Petróleo e Gás ", Museletter Number 142, Janeiro 2004)

G. Conclusão

O declínio na produção petrolífera, a redução nas estimativas das reservas de gás e petróleo, o desemprego com valores altos e crónicos, os apagões em larga escala, a redução nos fornecimentos alimentares e químicos -- se olharmos isoladamente para cada uma destas peças de evidência, elas não dirão muito sobre a situção em que se encontra o mundo. Contudo, quando as vemos agrupadas no contexto do "Peak Oil", o facto de estarmos já em queda torna-se óbvio.

10. E quanto aos chamados recursos petrolíferos "não-convencionais"? O Canadá não possui uma enorme quantidade deste tipo de petróleo?

O chamado petróleo "não-convencional", como as areias de petróleo encontradas no Canadá e na Venezuela, é incapaz de substituir o petróleo convencional, pelas seguintes razões:

A. O petróleo não-convencional tem uma Relação de Aproveitamento Energético muito baixa e é extremamente difícil de produzir. É necessário investir em energia cerca de 2 barris de petróleo para produzir, a partir destes recursos, 3 barris de petróleo equivalente. O custo dos projectos petrolíferos não-convencionais canadianos é tão elevado que, em Maio de 2003, a publicação "Rigzone", ligada à indústria petrolífera, sugeria: "O Presidente Bush, conhecido pela sua fé religiosa, devia rezar todas as noites para que a Petro-Canada, e outras empresas ligadas às areias de petróleo, encontrassem meios para cortar nas despesas e aumentar a segurança energética dos EUA".

B. Os custos ambientais são terríveis e o processo utiliza uma imensidão de água potável e também gás natural, e ambos existem em quantidades limitadas.

C. Embora o petróleo não-convencional seja abundante, o seu ritmo de extracção é demasiado lento para responder ao grande aumento global da procura de energia. O Dr. Colin Campbell calcula que a capacidade conjunta do Canadá e da Venezuela na área do petróleo não-convencional, daria uns 2,8 milhões de barris diários (mbd) em 2005, 3,6 mbd em 2012, e 4,6 mbd em 2020. Isto são gotas no balde, dado o actual consumo de 75 mbd, que se espera vir a aumentar até 120 mbd em 2020.

11. Acabei de ler um artigo que afirma continuarem a aumentar as reservas conhecidas de petróleo. O que é que diz a isto?

Nos últimos anos, o USGS e o EIA reviram as suas estimativas das reservas de petróleo em alta. Isto levou muitos observadores e comentadores a aacreditar que a possibilidade de uma severa escassez de petróleo era coisa do passado.

Enquanto os relatórios do USGS (Observatório Geológico dos EU) e do EIA (Administração da Informação Energética) sobre a produção no passado são bastante fidedignos, as suas predições para o futuro são em grande parte propaganda. Eles próprios o admitem. Por exemplo, após recentes revisões em alta nas projecções para o fornecimento do petróleo, o EIA declarou: "Estes ajustamentos às estimativas são baseados em considerações não-técnicas, que sustentam o crescimento da oferta interna até aos níveis necessários para responder aos níveis de procura projectados".

Por outras palavras, eles preveem quanto acham que vamos utilizar, e depois dizem-nos: "Vejam, não há motivos de preocupação -- para isso nós temos!"

12. Será possível existir ainda mais petróleo por descobrir?

Quase de certeza que não. Todas as evidências indicam que já localizámos a maioria das reservas mundiais de petróleo.

A. Os maiores campos petrolíferos do mundo têm todos mais de 40 anos

Segundo um relatório recente da Escola Mineralógica do Colorado, intitulado "Os Campos de Petróleo Gigantes no Mundo", os 120 maiores campos produzem quase 50% do crude mundial. Os 14 maiores são responsáveis por mais de 20%. A idade média destes 14 maiores é de 45,5 anos. As reservas, nos campos de petróleo super-gigantes e gigantes, estão a diminuir à razão de 4 a 6% ao ano. O estudo conclui que "a maioria dos verdadeiros gigantes mundiais já foi encontrada há várias décadas".

B. A "Mainland" norte-americana como um exemplo

Se você ainda não está convencido de que já não existem mais (ou pelo menos sobram muito poucos) grandes campos de petróleo por descobrir, considere o exemplo do que aconteceu nos EUA. Nos EUA nós pesquisámos e extraímos petróleo há mais tempo do que em qualquer outro lugar, desde 1859, e temos maior força financeira e tecnológica do que quaisquer outros. Se alguém conseguisse contornar o declínio petrolífero, teríamos sido nós. A produção de petróleo nos EUA atingiu o pico em 1970 e tem caído consistentemente desde então. Apesar dos máximos incentivos financeiros, da tecnologia mais sofisticada do mundo, e de uma abertura completa à inovação, os EUA foram incapazes de abrandar, muito menos de inverter, este declínio na produção de 2% ao ano. Trinta e cinco anos de dinheiro e de investigação não abrandaram nem inverteram o declínio; porque é que no resto do mundo havia de ser diferente? O facto é que no resto do mundo não vai ser diferente.

13. O Clube de Roma não fez a mesma previsão nos anos 70?

Frequentemente, sempre que alguém faz uma previsão tipo "fim do mundo", é escarnecido como "clubista de Roma". Isto é uma posição extremamente infeliz, porque afinal o CdR parecia estar correcto. Quem o diz? Nada menos que Matthew Simmons, que declarou em 2000: "Em retrospectiva o CdR demonstrou estar correcto. Nós simplesmente desperdiçámos 30 anos importantes ao ignorar o seu trabalho."

14. Tivémos problemas com o petróleo nos anos 70. Porque é que agora é diferente?

A escassez de petróleo dos anos 70 foi consequência de acontecimentos políticos. A próxima escassez de petróleo vai resultar da realidade geológica. Pode-se negociar com os políticos. Pode-se ameaçar, bloquear ou invadir os países do Médio Oriente. Não se pode fazer nada à Terra.

No que respeita ao fornecimento de petróleo aos EUA, existiam nos anos 70 outros países produtores, "desalinhados", como a Venezuela, que puderam preencher as falhas no abastecimento. Após a produção mundial atingir o pico, não vão existir quaisquer produtores "desalinhados" que possam suprir a falha.

Os choques petrolíferos dos anos 70, foram um pouco como as vibrações que precedem um terramoto. A crise que se aproxima é provocada por escassez de recursos, e não por política -- embora, claro, a política faça parte dela.

Não é uma interrupção temporária, mas o início de uma condição nova e permanente. Os sinais de aviso já se fazem sentir há muito tempo. Eles têm sido bem visíveis, mas o mundo tornou-se cego e não conseguiu entender a mensagem.

No futuro, comparar as falhas de petróleo do anos 70 com a Quebra do Petróleo de 2005-2050, será como comparar uma amolgadela no pára-choques com uma violenta colisão frontal.

15. Então temos novamente um "fim do mundo". O que é que isso tem de novo? O "bug do ano 2000" era suposto ter sido o fim do mundo, e acabou por dar em nada.

O que há de novo é que isto é bem real. Não é uma simulação de acidente, não é histeria paranóica. É um facto real. O Conselheiro para a Energia de George W. Bush, Matthew Simmons, referiu-se a este assunto na Conferência do "Peak Oil" em Paris, declarando:

Penso que é da natureza humana, gostamos realmente de ter sonhos agradáveis. Um único lobo a uivar é ignorado, a menos que ele já esteja na porta da frente, e nessa altura já é demasiado tarde para dar o alarme. E as crises não são, por definição, mais do que problemas que foram ignorados. E todas as grandes crises foram ignoradas até se tornar demasiado tarde para fazer alguma coisa.

O "Peak Oil" não é "O Regresso do Y2K". O "Peak Oil" diferencia-se dos cenários anteriores de "fim do mundo" (como o "bug do ano 2000") nos seguintes aspectos:

A. O "Peak Oil" não é um "se", mas um "quando". Mais ainda, não é um "quando nos próximos mil anos", mas um "quando nos próximos dez anos".

B. O "Peak Oil" é baseado em factos científicos e não em especulação subjectiva.

C. O governo e a indústria começaram a preparar-se para o Y2K entre 5 a 10 anos antes do problema ocorrer. Nós estamos a 10 anos do "Peak Oil" e não fizémos qualquer preparação.

D. Os preparativos necessários para o "Peak Oil" requerem uma completa verificação de todos os aspectos da nossa civilização. Isto é muito mais complexo do que corrigir um "bug" num qualquer computador.

E. Além disso, o petróleo é fundamental para a nossa existência, mais ainda que os computadores. Se as previsões do "bug do ano 2000" estivessem correctas teríamos regressado à situação de 1965. Com o passar do tempo recuperaríamos. Quando chegar a Quebra do Petróleo vamos regressar à situação de 1765. Não conseguiremos recuperar, porque não restará petróleo economicamente viável para nos ajudar a descobrir a solução do problema.

Energias Alternativas: Combustíveis do Futuro ou Embustes Cruéis?

1. E quanto a energias alternativas, como a solar, a eólica, o hidrogénio, etc.?

Infelizmente, a capacidade destas alternativas para substituir os combustíveis fósseis baseia-se mais num mito do que na realidade.

Os combustíveis fósseis representam mais de 85% no actual fornecimento energético global. Nenhuma das alternativas ao petróleo tradicionais se aproxima sequer a este valor, mesmo sem considerar o incremento necessário no futuro para responder ao aumento da população e da industrialização.

Analisemos resumidamente as insuficiências das alternativas ao petróleo mais conhecidas:

(Os dados seguintes foram exaustivamente investigados por Bruce Thompson, moderador do grupo "Running on Empty" no Yahoo)

A. Gás Natural:

O gás natural fornece actualmente 20% da energia global. Não é um substituto capaz do petróleo pelas seguintes razões:

1. O próprio gás começará a escassear a partir de 2020. A procura de gás natural na América do Norte começou já a ultrapassar a oferta, sobretudo a partir do momento em que as centrais energéticas passaram a usar o gás excedente para gerar electricidade.

2. O gás não é apropriado aos maquinismos existentes, como aeronaves, barcos, veículos, equipamento agrícola e outros.

3. A conversão consumiria grandes quantidades de energia e de dinheiro.

4. O gás natural não fornece a enorme quantidade de derivados químicos para os quais dependemos do petróleo.

B. Hidro-Eléctrica:

A energia hidro-eléctrica fornece actualmente 2,3% do total global. Não é um substituto capaz dos combustíveis fósseis pelas seguintes razões:

1. Não é apropriada para aeronaves nem para os 800 milhões de veículos existe

ntes.

2. Não proporciona a produção de pesticidas, fertilizantes ou plásticos.

C. Solar

A energia solar fornece actualmente 0,006% do total global. Como substituta dos combustíveis sólidos sofre de várias insuficiências:

1. A energia solar varia constantemente com as condições metereológicas e com a alternância dia/noite.

2. Não é prática para uso nos meios de transporte. Embora já tenha sido construída uma mão-cheia de veículos experimentais movidos a energia solar, ela mostra-se inadequada para aviões, barcos, carros, tanques, etc..

3. A energia solar não proporciona a produção de pesticidas, fertilizantes ou plásticos.

4. A energia solar é sensível aos efeitos de uma mudança climática global.

Um painel solar típico pode no entanto fornecer 50 a 85% da água quente con

sumida numa residência. Utilizar algum do precioso crude que ainda resta no fabrico do equipamento solar poderá ser uma opção inteligente.

D. Eólica

Eergia eólica

A energia eólica fornece 0,07% do total global. Como substituta dos combustíveis fósseis, os seus problemas são:

1. Tal como a energia solar, a eólica varia muito com as condições metereológicas, e não é transportável ou armazenável como o petróleo ou o gás.

2. O vento não proporciona a produção de pesticidas, fertilizantes ou plásticos.

3. Tal como a energia solar, também o vento é sensível aos efeitos de uma mudança climática global.

E. Hidrogénio

O hidrogénio representa 0,01% na energia global. Não é um verdadeiro substituto dos combustíveis fósseis pelas seguintes razões:

1. O hidrogénio é actualmente fabricado a partir do gás de metano. É precisa mais energia para o fabrico do que aquela que o hidrogénio depois vai fornecer. É portante um "condutor" de energia e não uma fonte.

2. O hidrogénio líquido ocupa um volume 4 a 11 vezes superior ao de uma quantidade energeticamente equivalente de gasolina ou diesel.

3. Os veículos, aeronaves e sistemas de distribuição existentes não são adequados ao hidrogénio.

4. O hidrogénio não proporciona a produção de plásticos ou fertilizantes.

As "Pilhas de Hidrogénio" deviam chamar-se "Pilhas do Ingénuo". A "Economia do Hidrogênio" é um logro absoluto e completo. O Dr. Jorg Wing, representante do gigante automóvel Daimler/Chrysler, tornou isso bem claro na Conferência do "Peak Oil" em Paris, quando explicou que a sua empresa não encarava o hidrogénio como uma alternativa viável aos motores baseados no petróleo.

Ele declarou que os veículos de pilhas de hidrogénio nunca conseguiriam uma quota significativa do mercado. O hidrogénio foi excluído como solução devido aos grandes custos de produção, insuficiências inerentes, falta de infraestrutura e dificuldades práticas, como a dificuldade e alto custo do armazenamento.

F. Nuclear

A energia nuclear está presentemente a ser abandonada a nível mundial. A sua capacidade de amortecer a quebra do petróleo é muito problemática devido a vários factores:

1. Possibilidade de acidentes e de terrorismo.

2. O custo: um reactor nuclear custa cerca de 3.000 milhões de dólares e requer quantidades brutais de petróleo na sua construção.

3. O número de reactores necessários: 800 a 1000 só nos EUA.

4. Não se adequa directamente aos transportes ou à agricultura.

5. O urânio requer energia petrolífera na sua extracção.

6. Todos os reactores abandonados permanecem radioactivos por períodos de tempo que vão de décadas a milénios.

7. Mesmo que fechássemos os olhos a estes problemas, a energia nuclear é uma solução de curto prazo. O urânio tem igualmente um pico de Hubbert, e as reservas actualmente conhecidas suportariam apenas a energia necessária na Terra durante um período de 25 anos, no máximo.

G. Carvão

O carvão representa 24% da energia total a nível global. Como um substituto do petróleo é inadequado pelas seguintes razões:

1. É mais pesado que o petróleo, entre 50 a 200%, por cada unidade de energia.

2. Substituir o petróleo por carvão levaria a uma expansão da actividade mineira, que por sua vez conduziria à degradação ambiental nas áreas de exploração e ao aumento das emissões de gases que provocam o efeito de estufa.

3. Ao contrário dos combustíveis petrolíferos e do gás, no carvão é praticamente impossível a afinação rigorosa do ponto de combustão. Por isso ele é usado em centrais energéticas para obter electricidade, desperdiçando assim metade do seu conteúdo energético.

4. As operações de minagem são alimentadas por combustíveis petrolíferos, tal como os maquinismos e transportes associados a esta indústria.

5. A poluição é também um problema principal. Uma única central alimentada a carvão produz por ano milhões de toneladas de resíduos sólidos. A queima de carvão nas residências polui a atmosfera com fumos ácidos, que contêm partículas e gases ácidos. Por último, os combustíveis líquidos obtidos a partir do carvão são pouco eficazes e requerem enormes quantidades de água.

H. Fontes Não-Convencionais, como Hulha, Areia de Alcatrão e Metano Carbonífero

Estas fontes não-convencionais fornecem actualmente 6% do consumo de gás nos EUA. Cada uma destas alternativas requereria um investimento enorme em investigação e infraestruturas para a sua exploração, e ainda grandes quantidades de petróleo, cada vez mais escasso, antes de se tornarem efectivas.

No Canadá, por exemplo, produzem-se em Alberta cerca de 200 mil barris diários de petróleo não convencional, mas são necessários cerca de 2 barris de patróleo de investimento energético para produzir 3 barris de petróleo equivalente, a partir desses recursos. Adicionalmente, os custos ambientais são terríveis e o processo utiliza uma enorme quantidade de água potável e também de gás natural, e ambos os recursos existem em quantidades limitadas.

O maior problema com o petróleo não-convencional é que ele não poderá ser explorado antes do choque petrolífero inviabilizar as tentativas de o tornar efectivo; por outro lado, o seu ritmo de extracção é demasiado baixo para responder à enorme procura global de energia.

2. Você está a esquecer-se da biomassa e do álcool etílico. Não poderemos cultivar o nosso próprio combustível?

[Observação: O autor parece desconhecer estudos brasileiros sobre o balanço energético e mesmo a experiência brasileira do pro-álcool. ]

Num artigo entitulado "O Paradigma do Pós-Petróleo", o Dr. Walter Youngquist, Professor de Geologia aposentado da Universidade do Oregon, refere-se às grandes limitações da biomassa e do etanol. Segue-se um excerto desse artigo:

O óleo de origem vegetal é por vezes promovido como uma fonte de combustível para substituir o petróleo.

Os fatos e a experiência com o etanol são um exemplo. O Etanol é um álcool de origem vegetal (geralmente extraído do milho) que é utilizado hoje em dia, principalmente, sob a forma de gasool, uma mistura de 10% de etanol e 90% de gasolina. Devido ao seu uso em determinadas circunstâncias, tornou-se comum aceitar que o etanol é uma solução, parcial mas aceitável, na questão do combustível para máquinas.

Contudo, o etanol é uma energia negativa -- é necessária mais energia para o produzir do que a que se obtém do etanol.

A produção do etanol é um desperdício dos recursos de energia fóssil. A energia necessária para produzir um galão de etanol, ultrapassa em 71% a energia contida num galão de etanol.

A produção do etanol sobrevive graças ao subsídio do governo norte-americano, com os dólares dos contribuintes. Manter a produção do metanol é um simples instrumento para comprar o voto rural do Midwest americano, e talvez esteja também relacionado com o facto da companhia que produz 60% do etanol americano ser ao mesmo tempo uma das que mais contribuem com dinheiro para a campanha eleitoral ao Congresso -- um exemplo perturbador de como a política se sobrepõe à lógica.

Algumas pessoas empreendedoras converteram os seus veículos ao consumo de óleo vegetal, depois de usado nos restaurantes de fast-food. É uma medida que deve ser encorajada; contudo, não é a resposta ao nosso problema, porque simplesmente não existe no mundo óleo vegetal suficiente para mover mais do que um número relativamente pequeno de veículos.

3. Acabei de ler um artigo sobre uns cientistas que desenvolveram um novo reactor que transforma álcool etílico em hidrogénio. O que é que diz a isto?

A minha resposta:

1. Veja na questão acima porque é que o etanol não substitui de facto o petróleo.

2. Veja numa questão acima porque é que o hidrogénio não substitui de facto o petróleo.

3. Pergunte a si próprio: Quanto tempo demoraria este protótipo a ser implementado em larga escala? Quanto é que isso ia custar? Poderia ser utilizado como combustível em aeronaves, tanques, navios de carga, grandes camiões, equipamento de construção, fábricas? Poderia originar a produção de fertilizantes ou plásticos?

Eu acho que você sabe as respostas.

4. E acerca de uma nova tecnologia que consegue transformar qualquer coisa em petróleo?

A "despolimerização térmica" consegue transformar muitos tipos de resíduos em petróleo, e pode ajudar-nos a subir o nível de eficiência energética, uma vez que perdemos energia com o esgotamento do petróleo. Embora essa tecnologia nos ajudasse a suavizar a Queda, não é uma verdadeira solução.

Tal como muitas outras formas de energia alternativa, não temos tempo para a implementar antes da Queda. Actualmente, apenas uma unidade de despolimerização térmica está operacional. Seriam necessárias milhares de instalações em plena laboração para que essa tecnologia fizesse uma pequena diferença na nossa situação.

Para além disso, o produto resultante do processo possui obrigatoriamente menos energia útil do que a que entrou nesse processo, como é exigido pelas leis da termodinâmica. Por último, a maior parte dos resíduos (como os plásticos e os pneus) já precisou de muito petróleo aquando do seu fabrico.

O maior problema com a despolimerização térmica é que tem sido anunciada mas mal explicada. Esse tipo de informação promove o consumo, dá-nos uma sensação de segurança falsa e perigosa, e encoraja-nos a continuar a pensar que não precisamos de fazer deste assunto uma prioridade.

5. E acerca da "Nova" energia? O Nikola Tesla não inventou uma máquina qualquer que produz montes de energia?

Bom eu seria um dos principais partidários das tecnologias da "Nova Energia", como a Fusão Nuclear a Frio ou a Energia do Ponto Zero, mas o meu optimismo, quanto à sua capacidade para nos compensar da escassez do petróleo, é reservado.

Apesar da Nova Energia ter algumas possibilidades excitantes, a triste realidade é que, neste momento, temos absolutamente zero por cento da nossa energia vinda dessas fontes, e não temos quaisquer protótipos funcionais.

Se quiser saber mais, aconselho uma visita pelo "Infinite Energy Magazine" ou a leitura do artigo do Dr. Eugene Mallove, "Universal Appeal for Support for New Energy Science".

6. Estas alternativas são então inúteis?

Não, de forma alguma. Qualquer civilização que se erga após a Queda, extrairá provavelmente uma boa parte da sua energia a partir destas tecnologias.

Embora as alternativas tradicionais como a energia solar ou eólica mereçam sem dúvida o investimento, não são de modo algum a solução mágica que por vezes é anunciada.

A seguir temos um extracto do livro do Prof. Richard Heinberg, "A Festa Acabou: Petróleo, Guerra, e o Destino das Civilizações Industriais", no qual ele explica porque a noção que "Tudo o que temos a fazer é mudar para a energia solar, eólica, etc...." é ilusória na sua simplicidade.

Obviamente, teremos de encontrar substitutos para o petróleo. Mas uma análise às actuais energias alternativas não é tranquilizadora.

A análise dos recursos energéticos acaba sempre por se render a uma perspectiva desconfortável mas inevitável: mesmo que se intensifique agora a mudança para os recursos energéticos alternativos, após o pico de extracção petrolífera as nações industriais terão menos energia disponível para realizar o trabalho útil -- incluindo o fabrico e transporte de bens, a agricultura, e o aquecimento das residências.

Sem dúvida, devíamos investir em alternativas e converter a nossa infraestrutura industrial para as usar. Se existe alguma solução para as sociedades industriais na aproximação da crise energética, ela será dada pelas energias renováveis e pela preservação. No entanto, para alcançar uma transição suave entre as energias não-renováveis e as renováveis, seriam necessárias décadas -- e nós não temos décadas antes de ocorrerem os picos na extracção do petróleo e do gás natural.

Além do mais, mesmo no melhor cenário, a transição exigirá uma mudança maciça do investimento de outros sectores da economia (tal como do sector militar) para o campo da investigação e preservação energética. E as alternativas disponíveis dificilmente suportarão os tipos de infraestruturas de transportes, alimentação ou habitação que possuímos actualmente; por conseguinte, a transição implicará um re-desenho quase completo das sociedades industriais.

Problemas de Economia, Tecnologia, e a Capacidade de Adaptação

1. E quanto à "mão invisível" do mercado e às leis da oferta e da procura?

Quando o petróleo se tornar demasiado caro, será mais rentável investir em energias renováveis. Nessa altura pura e simplesmente faremos a troca.

Se as três questões anteriores não deixaram perfeitamente claro que não existem actualmente recursos energéticos alternativos capazes de substituir o petróleo e o gás natural, então talvez esta citação de Michael Ruppert ajude a clarificar-lhe a situação:

A todos os defensores da energia alternativa que nos asseguram não existir motivos de preocupação, eu sugiro que vão viver hoje para o nordeste e verão como se aquecem com os seus mitos -- geradores eólicos, painéis solares, biomassa e hidrogénio.

Onde está a infraestrutura para integrar as mais ínfimas produções que as energias solar, eólica ou de biomassa possam oferecer?

Além do mais, os indicadores de mercado chegarão provavelmente demasiado tarde para que possamos implementar quaisquer alternativas que estejam disponíveis. Quando o preço do petróleo se tornar tão alto que leve as pessoas a considerar seriamente as alternativas, essas alternativas tornar-se-ão demasiado caras para se implementar em larga escala. O motivo: o petróleo necessário para desenvolver, fabricar, transportar e implementar alternativas ao petróleo, tais como painéis solares, biomassa, geradores eólicos e, sobretudo, centrais nucleares, exigiria quantidades enormes de petróleo na sua construção e manutenção.

Existem muitos exemplos na História em que a escassez de um recurso desencadeou o desenvolvimento de recursos alternativos. O petróleo, porém, não é um recurso qualquer. No nosso mundo actual, é a pré-condição de todos os outros recursos, incluindo os alternativos.

Neste momento, um barril de petróleo custa 30 dólares. Para obter a quantidade de energia equivalente a esse barril, a partir de recursos renováveis, custaria entre 100 a 250 dólares.

Isto significa que uma companhia energética não se sentirá verdadeiramente motivada a procurar obter energia renovável antes do custo do petróleo duplicar, triplicar, ou quadruplicar.

Nesse ponto, a economia estará praticamente devastada. A capacidade para implementar a energia renovável estará completamente cerceada.

Em termos pragmáticos, isto significa que se você quer a sua casa abastecida por painéis solares e geradores eólicos, é melhor despachar-se. Se você não tiver essas alternativas a funcionar quando as luzes se apagarem, escusa de esperar que a luz volte para fazer alguma coisa.

2. As companhias petrolíferas são tão gananciosas que hão-de inventar alguma coisa para continuar a ganhar dinheiro, não?

Esperar que as companhias petrolíferas nos salvem da Queda do Petróleo é tão sensato como esperar que as tabaqueiras nos salvem do cancro do pulmão.

Como se explicou acima, os empregados das companhias são obrigados por lei a zelar pelos interesses da empresa, desde que as sua actuação esteja dentro da lei. A sua obrigação legal é fazer dinheiro para a companhia, e não salvar o mundo.

Nenhuma das alternativas actualmente disponíveis se aproxima sequer da margem de lucro que o petróleo permite. Por isso, mesmo que um executivo de uma petrolífera quisesse "proceder correctamente" e dedicar-se a desenvolver alternativas ao petróleo, isso seria uma ilegalidade dado não estar a actuar no melhor interesse da companhia.

Na Conferência do "Peak Oil" em Paris, o economista holandês Maarten Van Mourik, do Instituto Económico dos Países Baixos, explicou que, devido às insuficiências financeiras de todas as formas actuais de energia alternativa, uma Quebra súbita seria a solução mais lucrativa para as companhias petrolíferas.

Mais ainda, segundo o Dr. Colin Campbell:

As principais companhias petrolíferas estão a fundir-se, a reduzir os recursos, a deslocalizar-se, não investindo em novas refinarias porque sabem perfeitamente que a produção está destinada a declinar, e as oportunidades de exploração são cada vez menores.

As companhias têm de "cantar" para as bolsas, e as fusões escondem o colapso das mais débeis. O pessoal é dispensado e o orçamento combinado acaba por ser muito menor que a soma dos dois orçamentos anteriormente existentes. Além disso, muitos executivos e banqueiros realizam uma pipa de dinheiro com a fusão.

Esperar que as companhias petrolíferas, o governo ou quem quer que seja, vá resolver este problema por nós, é um simples suicídio. Você, eu, e qualquer outra "pessoa normal", precisamos de ocupar-nos activamente com o agendamento deste assunto na ordem do dia, e assim possa ainda existir alguma esperança para a humanidade.

3. Acho que você está a subestimar o espírito humano. A humanidade adapta-se sempre aos desafios. Também nos adaptaremos a isto.

Certamente que nos adaptaremos. Parte do processo de adaptação inclui a morte da maior parte de nós, se não tomarmos imediatamente muitas iniciativas.

O espírito humano é capaz de coisas miraculosas. Precisamos rapidamente de um milagre, por isso é melhor que o espírito humano se despache, e já.

Infelizmente, não existe nenhuma lei que diga que, quando a humanidade se adapta a uma escassez de recursos toda a gente consegue sobreviver. Pensemos nas tragédias em massa relacionadas com recursos, como o petróleo -- terra, comida, trabalho (escravos), búfalos, etc.. As sociedades afectadas geralmente sobrevivem, mas de uma forma drasticamente diferente e frequentemente irreconhecível.

4. Havemos de pensar em algo. É o que fazemos sempre. A necessidade é a mãe da invenção.

Pois é. E o petróleo, muito e barato, foi o pai da invenção nos últimos 150 anos. Nenhuma invenção foi produzida em massa sem ele.

O fim da era do petróleo é um jogo de vida ou morte. Se você quiser viver, não pode rejeitar este tema com um simples "Oh, alguém há-de pensar em alguma coisa".

5. E se alguém inventar uma tecnologia nova, ou fizer alguma descoberta que substitua o petróleo? Nós somos muito inventivos.

Como é que alguém produziria em massa essa invenção sem petróleo barato?

Como é que alguém distribuiria esse recurso sem petróleo barato?

Existe actualmente alguma infraestrutura capaz de lidar com essa invenção ou descoberta não-existente?

Qual é a margem de lucro? Existe uma margem de lucro? A implementação dessa invenção ou descoberta, destruiria as indústrias do automóvel, da energia, dos transportes ou da agropecuária? Essa invenção ou descoberta seria má para Wall Street? Que impacto causaria no mercado bolsista?

Quanto tempo demoraria a sua generalização na sociedade?

Poderia ser implementada antes de milhares de milhões de pessoas morrerem? Ou seria apenas após os horrores nos motivarem à implementação?

Quanto petróleo seia gasto para a desenvolver? Para a fabricar? Para a transportar? Para a instalar?

A nossa infraestrutura actual poderia ser readaptada a esta invenção ou descoberta ainda desconhecida?

Como reagiriam os interesses instalados?

Já reparou no facto da nossa riquíssima indústria energética ter investido somas astronómicas para esse fim, sem qualquer sucesso?

Já reparou que, sem petróleo barato, nenhuma da nossa tecnologia actual teria produzido mais do que protótipos ou tiragens em escala experimental?

Isto são questões que deve pôr a si próprio antes de apostar a sua vida em algo que nem sequer existe.

Tenha presente que a maior parte das vezes não encontramos soluções para os problemas graves. Ou encontramo-las somente depois de morrerem muitas pessoas. Por exemplo, apesar de toda a nossa tecnologia, dinheiro e ingenuidade, não temos cura para a sida, o cancro, a diabetes, nem mesmo para o comum resfriado.

Se lhe fosse diagnosticada uma doença que o pusesse em perigo de vida, você iria tomar cuidado, ou rejeitaria o diagnóstico com um "Oh, alguém há-de descobrir uma cura nos próximos anos, antes de o meu estado ficar verdadeiramente mau".

Você deve encarar o tema da escassez do petróleo de uma forma pessoal e séria, se quiser sobreviver.

"Peak Oil", Guerra e Política

1. O que é que o governo está a fazer para resolver este problema?

Não será por certo surpreendente saber que os nossos líderes estão a fazer mais para agravar o problema do que para o resolver. Em vez de desenvolver um plano razoável para lidar com a aproximação da Quebra do Petróleo, os nossos líderes decidiram cavar um último buraco para o último petróleo barato existente, ao roubá-lo aos países que ainda o possuem. Controlando os últimos recursos mundiais do petróleo barato em extinção, terão a possibilidade de escolher quem vive e quem morre.

A dinâmica do nosso sistema eleitoral impede os nossos líderes eleitos de desenvolver qualquer outro plano. Para conseguirmos enfrentar a crise que se avizinha, teremos de descer drasticamente os nossos níveis de consumo. Isto significa menos condução, menos fast food, menos objectos consumidos, etc..

A maior parte dos nossos líderes, ou são antigos executivos das indústrias energéticas, dos transportes, da agropecuária, ou então recebem enormes donativos dessas indústrias. Essas são precisamente as indústrias que seriam atingidas por uma campanha eficaz de preservação. Consequentemente, é inútil esperar que o governo lance uma campanha dessas. Teremos de ser nós a fazê-lo.

Lembrem-se que, quando pedimos soluções para o terrorismo, tudo quanto nos deram foi uma tabela colorida, um rolo de fita, e um vídeo de um sem-abrigo barbudo com direito a um exame dental gratuito; foram estas as soluções para o terrorismo.

Por outras palavras, estamos mesmo por nossa conta.

2. Quem tem mais culpa nesta situação? Bush ou Clinton? As grandes corporações ou os activistas ambientais? Os bancos ou os terroristas?

Se está à procura de bodes expiatórios, não me parece que os vá encontrar entre os suspeitos do costume.

Se acha que a culpa é da política de esquerda, e favorecer uma solução mais conservadora, o resultado será a exacerbação do que temos visto nos últimos anos: mais guerra e menos direitos civis.

Se acha que a culpa é da política de direita, e favorecer uma solução mais "esquerdista", o resultado será provavelmente semelhante ao que se viu durante as revoluções Russa e Cubana: mais guerra e menos direitos civis.

Muita da política energética de George W. Bush irá provavelmente agravar a situação. Ao mesmo tempo, a sua administração investiu muito mais dinheiro no desenvolvimento das energias renováveis do que a de Clinton.

Neste ponto, andar a apontar pessoas a dedo não nos vai servir de muito.

3. Porque é que eu nunca ouvi nada sobre isto nos noticiários da noite?

O "Peak Oil" tem sido noticiado nos meios de comunicação alternativos. Se estiver com atenção, reparará que o "Peak Oil" também foi noticiado nos media principais. Contudo, é normalmente atirado para a última página do jornal, ou para o lado obscuro do sítio de uma agência noticiosa. Por exemplo, a cnn.com passou recentemente um artigo sobre o "Peak Oil", confirmando que as reservas petrolíferas são 80% menos do que se supunha, que a produção mundial de petróleo atingirá o pico dentro dos próximos 5 anos, e que após o pico da produção o preço da gasolina atingirá "níveis desastrosos".

Existem algumas razões para que não se vejam mais notícias destas:

A. 75% dos media (todos os jornais, televisão e estações de rádio) são propriedade de 5 empresas. Cada uma destas empresas tem grandes investimentos nas indústrias da energia, transportes ou agropecuária. Se fossem anunciar publicamente a verdade sobre o "Peak Oil", o investimento na bolsa ia secar, a economia afundar-se-ia, seguir-se-ia o caos, e todo o castelo de cartas desmoronar-se-ia antes de os nossos líderes e a elite empresarial ter a hipótese de assegurar o seu próprio bem-estar.

B. As ramificações do "Peak Oil" são tão graves que se torna difícil a qualquer pessoa, incluindo jornalistas e políticos, aceitá-las. Ninguém quer ser chamado de "profeta da desgraça". Tal como Jimmy Carter descobriu em 1980, fazer do fim da era do petróleo um tema de discussão é um suicídio político.

C. O americano médio poderá não estar emocionalmente preparado para lidar com o "Peak Oil". O "Peak Oil" é uma sentença de morte literal para muita da nossa população, e também uma sentença de morte figurada ao estilo de vida americano, dependente da energia. Quando confrontadas com tais notícias, a maioria das pessoas prefere "matar o mensageiro".

4. O "Peak Oil" tem alguma coisa a ver com legislação, como o "Patriot Act I" e "Patriot Act II"?

Quando o preço dos alimentos disparar, o único modo de controlar a população será através da instituição de um estado policial ao estilo fascista. Os "Patriot Acts" e a legislação conexa são a fundação desse estado.

5. Isto tem alguma coisa a ver com as Guerras do Irque e do Afeganistão?

No contexto do "Peak Oil", as guerras do Médio Oriente não são guerras de ganância; são antes guerras de sobrevivência. Dada a nossa infraestrutura actual, esse petróleo é necessário para manter activo o nosso fornecimento de água e alimentos.

É de esperar que os EUA invadam outros países ricos em petróleo, como a Síria, o Irão e a Arábia Saudita, nos próximos 2 a 5 anos. Quando se ouvem as notícias, as alusões escapam: "O Irão possui armas de destruição maciça", ou "A Síria não está a cooperar na guerra contra o terror", ou "A Arábia Saudita está a financiar o terrorismo", ou "A guerra contra o terror vai durar décadas". Está a ser preparado o terreno para a opinião pública americana aceitar estas invasões futuras.

6. O que vai acontecer quando a China, recentemente industrializada, decidir que pecisa tanto quanto os Estados Unidos do pouco petróleo barato que ainda resta?

A Terceira Guerra Mundial.

7. E os outros países "Ocidentais"? Não precisam também de petróleo?

Nenhum país está a salvo. Por exemplo, vários altos funcionários da Administração Bush estão a avançar com um plano para forçar os países a "escolher entre Paris e Washington".

Do mesmo modo, a NAFTA (Associação do Comércio Livre da América do Norte) exigiu ao Canadá a venda de 60% do seu gás natural aos EUA. Quando o Canadá começar a sentir dificuldades com a escassez de energia, poderá tentar mudar os termos desse acordo, mas é improvável que os EUA o permitam.

8. Pelo menos não temos de nos preocupar com a Rússia, não é?

Desde 1999 que Vladimir Putin tem estado a edificar a capacidade nuclear russa.

Porquê este grande aumento da capacidade militar? Porque os russos temem (legitimamente) que os EUA tentem apoderar-se do petróleo do Mar Cáspio.

Em Fevereiro de 2004, foi noticiado que as forças nucleares da Russia preparavam as suas maiores manobras desde há duas décadas, um exercício que envolvia simulações com mísseis intercontinentais e o voo de dezenas de bombardeiros na simulação completa de uma guerra nuclear.

9. Esqueceu-se da Coreia do Norte?

Sim, claro, eles também.

10. Guerra com o Iraque, Afeganistão, Irão, Síria, Arábia Saudita, China, França, Rússia e Coreia? Isso não exigiria uma remodelação do destacamento militar?

George Bush aprovou recentemente um grande aumento ao orçamento do Serviço de Selecção para o ano 2005. O Serviço de Selecção atravessa actualmente um exame rigoroso e foi anunciado que terá de estar em condições de se apresentar ao presidente em Junho de 2005. Isto significa que é de esperar uma remodelação do destacamento militar algum tempo depois.

Um processo a que os militares designam "Fim das Baixas", também conhecido por "Destacamento Silencioso", decorre já há algum tempo.

No essencial, cada jovem rapaz tem sido contabilizado como um soldado para as futuras guerras do petróleo.

11. Graças a Deus sou uma mulher. Pelo menos não terei de me preocupar com a incorporação.

Mais devagar. Se você é mulher e trabalha na área da medicina, poderá estar sujeita ao Sistema de Distribuição de Cuidados Sanitários Pessoais, mais conhecido por destacamento médico.

Segundo Lewis Brodsky, director interino do Sistema de Serviços de Selecção, "Vamos elevar esse tipo de destacamento para que se torne uma prioridade".

12. Que tipo de armas estão a ser desenvolvidas para estas guerras do petróleo?

Em "Reconstruir as Defesas da América", o Secretário de Estado para a Defesa, Paul Wolfowitz, explica que os EUA desenvolverão "formas avançadas de guerra biológica, que poderão ter como alvo genótipos específicos".

Por outras palavras, armas que atingirão determinados grupos étnicos.

Se você é branco não pense que está a salvo, a Coreia do Norte desenvolve neste momento uma "bomba étnica" que só atinge brancos.

A China está a desenvolver armas pós-nucleares verdadeiramente horríveis, empregando "nano-tecnologia molecular".

13. Existe alguma hipótese de resolvermos esta crise energética sem uma guerra mundial?

Do modo como as coisas estão, certamente que não.

A Academia Militar dos EUA escreveu que, durante o séc. XXI:

Não existirá paz. Em qualquer momento do resto das nossas vidas, existirão conflitos múltiplos e em modificação à volta do mundo. Os conflitos violentos dominarão os títulos noticiosos, mas as lutas culturais e económicas serão mais constantes e, em última análise, mais decisivas. O papel real das forças armadas dos EUA será a manutenção de um mundo seguro para a nossa economia e aberto ao nosso assalto cultural. Com esses objectivos, faremos muitas mortes.

14. Acho que estou me sentindo mal...

Eu conheço a sensação.

15. À luz da situação energética que enfrentamos, porque é que a Administração Bush gasta dinheiro e corta em serviços como se o amanhã não existisse?

Da perspectiva deles, o amanhã não existe.

16. O "Peak Oil" tem alguma coisa a ver com o regresso à Lua e a Conquista de Marte?

Vamos regressar à Lua e seguiremos para Marte por quatro motivos:

A. Desenvolver técnicas avançadas de perfuração petrolífera:

Segundo Steve Streich, cientista da Haliburton:

A tecnologia de perfuração, na invertigação de Marte, será útil para as indústrias do petróleo e do gás. A indústria petrolífera está a precisar de uma técnica de perfuração revolucionária, que permita um acesso mais rápido e económico às reservas. A missão a Marte representa uma oportunidade sem precedentes no desenvolvimento dessa técnica de perfuração e no aperfeiçoamento da nossa capacidade de sustentação da procura de petróleo e gás na Terra.

B. Desenvolver e instalar armamento espacial:

Segundo a União de Cientistas Preocupados, está agendada para 2007 ou 2008 a colocação em órbita do primeiro protótipo de uma arma espacial -- antes do termo do segundo mandato de Bush.

C. Extracção de Hélio-3, na esperança que possa ser usado como combustível:

O hélio-3 é um elemento raro na Terra, mas que se encontra em abundância na Lua. Os investigadores vêem-no como um combustível perfeito: extremamente energético, não-poluente, praticamente sem resíduos radioactivos.

O hélio-3 parece uma maravilha, mas depois descobre-se que é preciso um reactor de fusão nuclear para que ele tenha alguma utilidade. Contudo, após 40 anos de investigação e milhares de milhões de dólares gastos, ninguém conseguiu construir um tal reactor.

Mesmo que os cientistas resolvam o problema da fusão, o regime económico da extracção e transporte de hélio-3 desde a Lua é particularmente problemático. Segundo Jim Benson, presidente da SpaceDev em Poway, Califórnia, "seria economicamente impraticável... seria necessário escavar grandes superfícies da Lua".

O facto de a Administração Bush perseguir um recurso combustível tão improvável, mostra quão desesperada a situação está a ficar.

D. Para mandar mais empregos para o largo:

Esta era só para ver se estava a prestar atenção.

17. Custa-me a crer que um país tão poderoso como os Estados Unidos esteja à beira do colapso.

Vejamos o que aconteceu nos EUA nos últimos quatro anos:

O World Trade Center foi destruído, o superavit do orçamento de estado desvaneceu-se, o sistema de saúde está com grandes problemas, acabaram-se as eleições honestas, perderam-se 2,5 milhões de empregos, a segurança social quase desapareceu, a fiscalização do governo às grandes empresas acabou, a infraestrutura fragilizou-se, a classe média diminuiu, as liberdades civis foram debilitadas, o fornecimento alimentar foi contaminado.

A um nível simbólico, o facto da Estátua da Liberdade estar agora encerrada (devido a problemas de financiamento) diz-nos de facto em que direcção seguimos.

Não seremos a primeira super-civilização a desabar. Isto é o que acontece quando uma civilização ultrapassa a sua base de recursos. Não é uma coisa nova. No decurso da História, o colapso das civilizações é tão inevitável como a morte e os impostos. Qualquer bom livro sobre a queda do Império Romano lhe dará uma sensação de deja vu na próxima vez que estiver a ver o noticiário da noite.

Aqueles, entre nós, que têm a felicidade de viver nos EUA, são como os miúdos estilosos que foram convidados para uma grande festa. Infelizmente, a festa acabou.

Gerir a Catástrofe e Enfrentar as Ramificações

1. Como é que eu posso manter uma atitude mental positiva agora que sei que a civilização industrial está à beira do colapso? Como é que eu me preparo emocionalmente?

Quando me apercebi das implicações do "Peak Oil", fiquei bastante assustado. Sentia que todo o meu futuro me fora tirado num único golpe. Precisei de um par de dias para que o meu sentimento inicial de semi-pânico se dissipasse.

A única forma eficaz que temos para enfrentar o fim da era do petróleo é, enfrentar eficazmente o nosso medo e a nossa visão do futuro.

A. Gerir o Medo

Segundo o autor Tony Robbins, o medo transporta uma mensagem:

O medo não é mais do que a antecipação de algo que vai acontecer brevemente e que precisa de preparação. Nas palavras do escuteiro, "Sempre pronto". Nós precisamos de preparação para enfrentar a situação, ou para fazer algo para a mudar. A tragédia é que a maior parte das pessoas ou tenta negar o seu medo, ou são engolidas por ele. Nenhum destes comportamentos respeita a mensagem que o medo tenta transmitir, por isso ele continuará a perseguir-nos enquanto tentamos chegar à mensagem. Não vamos querer render-nos ao medo e amplificá-lo, começando a pensar que o pior poderá acontecer, nem vamos querer fingir que ele não existe.

A solução para o medo, escreve Robbins, é:

Rever o que nos fez sentir receios e avaliar o que devemos fazer para nos preparamos mentalmente. Imaginar quais as acções necessárias para enfrentar a situação do melhor modo possível. Por vezes fizémos toda a preparação possível e nada mais podemos fazer; mas, mesmo assim, ficamos à espera com medo. Este é o ponto em que precisamos de um antídoto para o medo: temos de tomar a decisão de ter confiança, sabendo que fizémos tudo o que era possível relativamente àquilo que receamos.

Pessoalmente, cheguei à conclusão que a nossa realidade externa é basicamente um espelho da nossa realidade interna. Se andamos por aí cheios de medo, vamos atraír circunstâncias externas que vão ampliar esse medo. Há uma tendência para receber aquilo que esboçamos. Por esta razão é de suprema importância que lutemos por estados de consciência mais produtivos que o medo.

B. Considere o colapso da Civilização do Petróleo como uma oportunidade, em vez de uma tragédia

A maior parte de nós, habitantes de sociedades de consumo como os EUA, somos, no fundo, boas pessoas: nos nossos corações acreditamos sinceramente em ideais como a igualdade, a fraternidade e a justiça. Maltratar, atraiçoar ou matar alguém para ficar com algo que lhe pertence, é uma coisa que nunca fariámos. Contudo, para suportar o nosso estilo de vida consumista baseado no petróleo, o nosso governo vai lá fora fazer essas coisas por nós.

Se o americano médio pudesse imaginar o sofrimento causado para produzir cada objecto de plástico da sua casa, cada galão de petróleo do seu depósito de gasolina, cada bocado de comida à sua mesa, ele ficaria agoniado e estaria disposto ao que fosse necessário para mudar o rumo das coisas.

O "Peak Oil" forçar-nos-á a mudanças. O "Peak Oil" significa que o fim do mundo como o conhecemos está à porta, mas significa igualmente que temos uma oportunidade para criar um novo mundo em que a humanidade viva em harmonia consigo própria e com a natureza. Este estilo de vida já deixou de ser "o procedimento correcto"; agora é uma obrigação se pretendemos sobreviver como espécie.

Em "A Verdade acerca da Guerra e do Petróleo: A Aproximação da Crise Energética Global", o autor Stephen Hamilton Bergin está optimista quanto a um novo mundo que renascerá das cinzas.

Segundo Bergin, a crise até é de certo modo bem-vinda porque permitirá a deposição de governos inúteis e da gestão cleptocrática, levando aos sobreviventes uma vida nova e melhor.

Sob este ponto de vista, a experiência dos antigos escravos, após o colapso da escravatura, poderá dar-nos algumas pistas. Quando o sistema ruiu, muitos dos antigos escravos sentiram grande ansiedade. Apesar de tudo, as plantações eram tudo quanto eles conheciam, tudo quanto os seus pais e avós tinham conhecido. Muitos questionavam-se nervosamente: o que iria substituír as plantações, como se alimentariam, para quem iriam trabalhar, se os seus conhecimentos seriam suficientes para uma nova vida, o que aconteceria às suas famílias?

Podemos dar por nós a fazer estas mesmas questões relativamente à vida depois da Quebra do Petróleo. O facto de nos encontrarmos numa situação análoga à dos escravos à beira da liberdade não é de todo surpreendente. Embora não estejamos presos por correntes de ferro, muitos de nós estão presos por dívidas, características desta sociedade alimentada a petróleo. O colapso desta civilização poderá dar-nos uma oportunidade para a verdadeira liberdade.

A este respeito, recomendo vivamente a leitura deste excerto de "Os Últimos Dias da Antiga Luz do Sol " por Thom Hartmann.

2. Que passos posso tomar nos próximos dias para começar a tratar desta situação?

A lista seguinte não pretende ser exaustiva. São apenas algumas medidas simples que é possível tomar imediatamente (e não segue nenhuma ordem em especial).

A. Informe-se sobre o "Peak Oil" e as suas ramificações. Considere a leitura de livros como "A Festa Acabou: Guerra, Petróleo e o Destino das Civilizações Industriais" de Richard Heinberg.

B. Informe outras pessoas. Se não sabe muito bem como o fazer, oriente-as para este sítio.

C. Procure pessoas que partilhem este interesse. Se não sabe por onde começar, junte-se ao grupo "Running on Empty 2" do Yahoo. Quando li pela primeira vez sobre o "Peak Oil", esse foi o primeiro lugar onde fui. Os membros dos grupo são muito amistosos, prestáveis e pacientes com os "novatos".

D. Sempre que tiver oportunidade, faça buscas no Google para o termo "Peak Oil". Quantas mais pessoas fizerem a busca, mais o pessoal do Google reparará. Isto pode resultar numa maior cobertura do tema pelos media principais.

E. Adopte uma dieta vegetariana/vegan ou, pelo menos, tente reduzir o consumo de carne ao mínimo.

F. Utilize uma bicicleta ou transportes públicos, em vez da sua viatura pessoal, sempre que possível.

G. Limite a compra de artigos de consumo àqueles que realmente necessita.

H. Reduza ao máximo o consumo de electricidade. Considere o investimento em lanternas solares, recarregadores de pilhas, rádios portáteis, aquecedores de água, recarregadores para computadores portáteis, geradores de corrente a partir de energias alternativas, etc..

I. Considere a conversão da sua viatura para biodiesel.

J. Considere a aprendizagem sobre como tratar de uma horta, ou juntar-se a uma cooperativa de alimentação na sua zona.

K. Aprenda procedimentos básicos de emergência médica.

L. Informe-se sobre formas alternativas de saúde, como cura bioenergética, auto-hipnose, etc..

M. Reduza ao máximo o seu endividamento.

N. Comece a pensar como irá sobreviver aos apagões, à escassez de alimentos e de água e às perturbações económicas.

O. Na sua própria casa, comece a pensar como irá instalar painéis solares e geradores eólicos.

3. Que passos podemos tomar, como sociedade, para lidar com o "Peak Oil"? Quais as medidas que, se implementadas pelo governo, nos ajudarão a gerir a Queda, em vez de nos deixarmos arrastar por ela?

O "Peak Oil" vai acontecer; vai morrer muita gente. Esperámos demasiado tempo para ter agora qualquer hipótese de inverter a situação.

Podemos talvez minimizar o sofrimento e maximizar as hipóteses de construir uma civilização bem sucedida no pós-petróleo, se implementarmos algumas medidas públicas apropriadas, como:

A. Medidas civilizadas para suportar a redução populacional

A causa principal da crise energética que está no horizonte, é o facto de o mundo ter mais pessoas do que as que é possível suportar num ambiente equilibrado com energias renováveis. A solução óbvia é reduzir a população mundial do modo mais civilizado possível.

Segundo Dale Alan Pfeifer:

... as condições deteriorar-se-ão de tal forma que a população humana sobrevivente será uma fracção insignificante da população actual. E esses sobreviventes sofrerão o trauma de ter passado pela morte da sua civilização, dos seus vizinhos, dos seus amigos e da sua família. Esses sobreviventes terão visto o seu mundo desfazer-se em pó.

Por outras palavras, se não reduzirmos a população de uma forma inteligente, a Mãe Natureza faz o trabalho por nós. Nós podemos fazê-lo, se tomarmos medidas para:

1. Deixar às mulheres o controlo da capacidade reprodutiva do seu corpo.

2. Informar as pessoas da verdadeira natureza e extensão da crise; muitas delas, abster-se-ão de ter filhos, se se aperceberem da situação.

3. Encontrar soluções práticas, humanas e justas para a imigração. Nos EUA, está previsto que a esmagadora maioria do crescimento populacional se deverá à imigração. Embora isto traga benefícios tanto do ponto de vista económico como humanitário, do ponto de vista ecológico será desastroso.

B. Medidas para promover a preservação

A preservação poderá não ser popular mas, sem ela, não temos esperança de enfrentar eficazmente a escassez de petróleo que se aproxima. As medidas de preservação devem tomar em atenção o seguinte:

1. Eliminar os benefícios fiscais que promovem o consumo.

2. Aprovar legislação para aumentar a eficiência no uso dos combustíveis.

3. Financiar um programa nacional para promover a compartilha de carros, os transportes públicos e a utilização da bicicleta.

4. Reduzir os subsídios à indústria agropecuária e, ao mesmo tempo, suportar programas comunitários de agricultura.

5. Apoiar o exército e dizer às pessoas que as nossas tropas morrem, sobretudo, para suportar o nosso estilo de vida baseado no petróleo. Slogans como "Salve as nossas tropas andando de bicicleta" ou "Conduzir sozinho é passear com o Osama" poderiam associar a preservação ao patriotismo.

6. Substituir os ineficazes programas de combate à droga por programas que promovam a preservação e o modo de vida sustentado.

C. Medidas para apoiar as Energias Alternativas e Renováveis

Se não tomarmos imediatamente iniciativas fortes e sustentadas visando a mudança para as energias renováveis, a civilização enfrentará a alteração mais brusca, e talvez mais violenta, da sua História recente.

Existem algumas formas de o conseguir:

1. Financiar um projecto do tipo "Manhattan" ou "Apollo", para acelerar o desenvolvimento da energia renovável.

2. Dar benefícios fiscais às famílias que instalem painéis solares, geradores eólicos, ou sistemas similares.

3. Aumentar consideravelmente o financiamento dos transportes públicos.

4. Acha que o governo vai instituir um plano de mobilização forte para enfrentar a crise que se aproxima?

A nível local, é possível. Algumas comunidades já começaram a instituir algumas medidas, em pequena escala, para assegurar a sustentabilidade.

A nível estatal ou nacional? Certamente que não. Como já foi explicado anteriormente, as indústrias que agora controlam o governo são as mesmas que seriam atingidas por essa mobilização.

Isto significa que teremos de o fazer nós-próprios.

Por isso, avalie o que poderá fazer, e mãos ao trabalho.