Estudo aponta escassez de matéria-prima nos biocombustíveis
Falta de tecnologias podem prejudicar setor, dizem especialistas da Embrapa
Estudo feito pela Embrapa mostra que pode faltar matéria-prima para a produção mundial de biocombustíveis. Apesar da ampliação dos investimentos no setor da agroenergia, as apostas dos pesquisadores brasileiros são de que o consumo por esse tipo de combustível tende a crescer mais que a oferta. O estudo, feito com base nas informações do mercado e da bolsa de Chicago, mostra que os preços dos óleos vegetais e das gorduras animais aumentaram no mundo em até 60%, entre outubro do ano passado e abril desse ano. Somente a tonelada da canola passou de US$ 450 para US$ 780, no período.
- Isso mostra que se não houver articulação dos governos e investimentos em tecnologia, a oferta de biocombustíveis não vai conseguir acompanhar a demanda - disse o pesquisador da Embrapa Soja, Décio Luiz Gazzoni.
O assunto já preocupa a da Cadeia Produtiva de Oleaginosas e Biodiesel, que se reuniu nesta sexta-feira em Brasília para discutir o assunto. Segundo os representes do grupo, o consumo de biocombustíveis em 2020 deve chegar a 145 milhões de toneladas, bem abaixo do volume atual, de aproximadamente 6 milhões de toneladas.
- Vamos propor ao ministro que não só os governos, mas o setor privado invistam mais em pesquisa para aumentar a produtividade. É necessário investir em outras oleaginosas para aumentar as possibilidades de atender esse mercado nos médio e longo prazos - disse o presidente da Câmara Setorial de Biocombustíveis, Carlos Lovatelli.
A proposta do grupo, formado por representantes do setor de agroenergia, será encaminhada ao ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, e depois ao Palácio do Planalto para ser analisada.
GUSTAVO BERNARDES
