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Coluna: O governo deve agir


BiodieselBR - 10 dez 2008 - 14:38 - Última atualização em: 15 mar 2012 - 12:10

Enquanto o óleo de soja permanecer como principal insumo na produção de biodiesel, o setor continuará sendo alvo de críticas e acusações de estar provocando a alta do preço dos alimentos.

Para reverter esse quadro precisamos sair do discurso à prática. O próprio presidente Lula disse em um de seus pronunciamentos que “transformar em biocombustíveis grãos que servem para comer é um erro”. Ótimo. O governo também sabe que não se pode continuar produzindo biocombustíveis com grãos alimentícios. A pergunta é: o que o governo está fazendo para trocar essa matéria-prima? Onde estão as políticas públicas que vão orientar os produtores rurais, os investidores e usineiros de biodiesel para os próximos cinco, dez ou vinte anos?

Em janeiro de 2005 o governo estabeleceu a política pública sobre biodiesel, com objetivos, metas e prazos. Foi um sucesso. Saímos do zero para uma capacidade instalada superior a três bilhões de litros em apenas três anos. Esse é o resultado de uma política pública bem feita, planejada, onde as metas e objetivos ficaram claros em um horizonte de dez anos.

Esse exemplo de sucesso de política pública deverá ser usado agora para novas ações do governo voltadas para a produção agrícola com dois principais objetivos. Aumentar a produção de grãos para óleo e para ração animal. Se usarmos corretamente nossas terras, ou se deixarmos de subutilizar nossas imensas áreas agrícolas, a produção de biodiesel aumentará a oferta de alimentos. Esse deve ser o objetivo final.

As regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, carecem de políticas agrícolas públicas para culturas de safrinha e de inverno. O girassol e a canola já foram zoneados para algumas regiões. Foi o primeiro passo, mas não basta. O futuro do biodiesel precisa de ações concretas no incentivo à produção.

O Brasil importa mais da metade do trigo que precisa, importa óleo de girassol, de canola e de dendê. E esses óleos importados não são para fazer biodiesel, mas sim para consumo humano. É vergonhoso para um país com as condições de terras, clima e tecnologia importar esses produtos.

O desmatamento da Amazônia não pode e não poderá ser um dia debitado na conta dos biocombustíveis. Muito pelo contrário, devemos criar legislação e políticas que favoreçam o reflorestamento sustentável nas áreas degradadas da região com o objetivo de produzir mais alimentos, madeira e biocombustíveis e, obviamente, impedir que novas áreas sejam degradadas. O desmatamento da Amazônia existe desde antes do Proálcool há 35 anos. As ONGs ambientalistas que me desculpem, prefiro uma floresta de dendê, pinhãomanso, babaçu e macaúba a uma área de pastagem degradada onde até o capim ou a brachiaria crescem com dificuldade.

Univaldo Vedana - Analista do setor de biodiesel