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A bola continua com as usinas


Edição de Fev / Mar 2012 - 08 mar 2012 - 11:27 - Última atualização em: 19 mar 2012 - 11:49

O Programa Nacional de Produção e uso de Biodiesel (PNPB) pode ser visto como uma espécie de organismo vivo, em que a iniciativa evoluiu ao se adaptar às situações criadas pelos empresários e às dificuldades do ambiente.

Nem sempre a velocidade de adaptação é rápida como deveria, mas se o objetivo é o crescimento sustentado, as regras precisam passar por constantes ajustes. O exemplo mais claro é o Selo Combustível Social. Quando começou o debate sobre o aumento da mistura para além do B5, ficou evidente que as mudanças nesse aspecto nobre do PNPB não poderiam mais ser postergadas. Nos próximos meses as mudanças entram em vigor e devem tirar um peso que segura a evolução do programa. O mesmo deve ocorrer com a especificação do biodiesel.

Com essas mudanças, a implantação do novo marco regulatório deve ficar mais fácil. Mas mais fácil não quer dizer mais rápido. Outros dois grandes entraves ainda comprometem a agilidade de um novo PNPB, ou PNPB 2, como vem chamando o setor produtivo.

O primeiro grande problema está na etapa de compra e venda de biodiesel. Além do sistema utilizado pelo governo, o Comprasnet, ser ultrapassado, a falta de ofertas das usinas nos lotes com selo durante os leilões é incompreensível.

Na entrevista desta edição, uma resposta do coordenador da Casa Civil, Rodrigo Rodrigues, deve resumir bem o sentimento do governo com relação ao assunto: “Ou todos os livros de economia que descrevem as leis de oferta e procura estão errados, ou tem algum mecanismo de deturpação em operação no mercado do biodiesel.”

De que forma as usinas acham que vão conseguir a simpatia do governo para aumentar a mistura, se a Esplanada considera que um “mecanismo de deturpação” está afetando o mercado?

Outra situação problemática, que está relacionada com o problema acima, é a falta de interesse político. Desde que a presidente Dilma Rousseff assumiu o cargo, não ficou registrado qualquer menção dela à palavra biodiesel. Uma iniciativa como a criação da frente parlamentar em defesa do biodiesel ajuda, mas será preciso bastante esforço para conseguir a atenção da presidente.

O setor produtivo hoje está muito mais bem organizado e é capaz de resolver esses dois problemas com vontade e mobilização. A bola continua com as usinas.

Julio Cesar Simczak Vedana
Diretor de Redação