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Releilão: R$ 71 milhões?


Edição de Ago / Set de 2011 - 15 ago 2011 - 12:33 - Última atualização em: 19 jan 2012 - 16:15
Em apenas um trimestre, releilão de biodiesel gerou um custo adicional quase inacreditável. Quem paga a conta é o consumidor

Fábio Rodrigues, de São Paulo

Até recentemente o mercado de biodiesel no Brasil era conhecido apenas pela metade. Enquanto as vendas das usinas para Petrobras e Refinaria Alberto Pasqualini (Refap) nos leilões organizados pela ANP eram bem conhecidas, não se sabia praticamente nada a respeito dos releilões – os pregões nos quais os volumes são repassados para as distribuidoras. Em julho, pela primeira vez, a agência divulgou os resultados do releilão, por determinação do Ministério de Minas e Energia.

Os dados revelaram uma enorme ineficiência no processo: a diferença entre os valores pagos pelas distribuidoras e o valor recebido pelas usinas pelo mesmíssimo combustível. O preço médio do litro de biodiesel no releilão ficou em R$ 2,32 – 12 centavos acima dos R$ 2,20 pagos por litro comercializado no 22º leilão. Com isso, a etapa proporcionou uma despesa extra de R$ 71,5 milhões na compra do biodiesel. Isso apenas em um trimestre.

Tal custo pode ser considerado muito alto em troca do trabalho realizado, já que Petrobras e Refap não produzem, não retiram e nem entregam o biodiesel. Até onde se sabe, esse valor serve apenas para pagar as despesas desse intermédio, como funcionários que cuidam do processo e a manutenção do sistema.

Com esse gasto adicional, o preço do diesel fica mais caro e contribui para aumentar a pressão inflacionária no Brasil. Interessante notar que enquanto o governo reluta em aumentar a mistura de biodiesel por conta do risco inflacionário, os releilões, estranhamente, ficam fora do radar.